Carreira com Propósito: verdade ou balela?
Comecei a trabalhar em 1988. Um ano marcado pelas “Diretas Já”, no Brasil. Estava concluindo o ensino fundamental naquela época, tinha quatorze anos.
Você também vivenciou esse período? Mesmo que não, fica comigo. Temos muito a conversar.
Fui trabalhar em um escritório de contabilidade, onde meu pai já atuava há mais de vinte anos. Iniciei na área fiscal, fazendo a classificação de documentos. Com o tempo cresci, passei a atuar com a escrituração e apuração de impostos. Não demorou muito, fui promovido à liderança do setor.
Era minha primeira experiência de trabalho. À época da promoção eu já tinha concluído o ensino médio. O aprendizado, trago até hoje. Escritórios de contabilidade são, em geral, empresas pequenas, mas com um diferencial: proporcionam um aprendizado muito rico e abrangente.
No entanto, com o tempo algo passou a me incomodar. Eu sabia muito, entregava os resultados, gozava da confiança do diretor, mas não me sentia feliz! Sentia minha energia baixa, como se estivesse sendo drenada.
Percebi que aquele trabalho, o qual eu dominava, era muito rotineiro, e me entediava! Eu não tinha autoconhecimento, mas a cada dia era mais claro, para mim, que aquilo não era o que eu queria, não me trazia realização e felicidade.
Por ter que realizar algumas atividades nos clientes, mesmo sendo da área fiscal, eu aprendi a fazer registro de funcionários e algumas rotinas simples de administração de pessoal. Eu gostava, me empolgava, queria sempre aprender algo mais.
Você já se sentiu assim em alguma das suas experiências profissionais? Embora muito jovem, o incômodo me levou a buscar um trabalho que trouxesse felicidade.
Certo dia procurei meu diretor e pedi demissão. Expliquei que não estava feliz e queria mudar para o setor de pessoal. Para minha surpresa, ele compreendeu e me transferiu para aquele setor.
Nascia ali uma história de aprendizado, de dedicação, de amor incondicional, de brilho nos olhos e de entrega total.
Construí uma história de sucesso na área de pessoal. Em algum momento pedi demissão (de novo! rs). Fui atuar em outro escritório. Pouco tempo depois, surgiu a oportunidade de trabalhar em uma empresa nacional de grande porte. Não pensei duas vezes e fui.
Sou impetuoso, sempre gostei de protagonizar minha carreira.
Ingressei na área de pessoal, depois tive a oportunidade de atuar na divisão de remuneração. Passados dois anos apareceu uma oportunidade em uma de suas filiais, no Rio de Janeiro, para assumir o RH. Os amigos do setor me indicaram.
Lá fui eu me mudar para a cidade maravilhosa! Tinha vinte e dois anos, era noivo. Fui com a cara e a coragem, sem medo de ser feliz!
Fiquei lá por cinco anos. Foi uma experiência fantástica! Aprendi muito, me desenvolvi profissionalmente. Adquiri as habilidades de negociação, de gestão de contratos, de recrutamento e seleção, liderança de equipe, análise crítica, solução de problemas, relacionamento interpessoal. Tinha muito contato com as pessoas. Dava-me prazer!
O setor era pequeno. Então, fazíamos o DP, benefícios, processos seletivos, eventos corporativos de funcionários. A cada dia me entregava mais.
Encarei os desafios, com coragem e dedicação, porque aquele incômodo me gerou autoconhecimento. Hoje tenho total clareza quanto a isso.
Nem tudo foram flores. Cheguei ao Rio de Janeiro para substituir um colaborador que havia sido demitido. A equipe gostava muito dele. Tive que lidar com um time que, de início, me rejeitava. A dor deles era muito forte. E era minha primeira experiência em uma posição de liderança.
Busquei conhecimentos em liderança, e tive muita paciência, para conquistar a confiança do time. Minha gestora, única mentora que tive na minha carreira em empresas, contribuiu muito. Caminhou comigo e me orientou diversas vezes.
Fazendo cursos nas áreas de seleção e desenvolvimento humano, descobri que tinha uma habilidade nata: entender, perceber, lidar com pessoas. Muitas foram as vezes que algum instrutor me abordou, dizendo: “você é psicólogo”. Ao que eu sempre respondi: nunca cursei psicologia, sequer assisti a uma aula inaugural.
Cuidar das pessoas, fosse na integração, do seu pagamento, dos seus benefícios, entregar-lhes um kit de natal, ouvir suas dores, selecionar candidatos, enfim, me dava prazer e realização profissional. Com o tempo percebi que impactar positivamente a vida delas, ser luz, era um dos meus propósitos.
Após cinco anos retornei a São Paulo, fui atuar em uma consultoria. Outra grande experiência. Aprendi muito sobre auditoria trabalhista, mas cuidava do RH também. Conduzi diversos processos seletivos com êxito. Uma empresa pequena, onde um dos meus grandes desafios foi conciliar interesses conflitantes entre pessoas. Algo que me proporcionou desenvolver habilidades de empatia, escuta ativa, dentre outras.
Mas, mesmo na condução de auditorias, nunca fui distante. Não combinava e não combina comigo. Auditores, em geral, buscam manter certa distância do auditado, para não prejudicar a imparcialidade e a objetividade dos trabalhos. Contudo, eu atuava de modo diferente. Sempre tratei os auditados com humanidade e senso de colaboração e de construção de soluções. Após cada trabalho eu sentava com o auditado, mostrando os problemas e os possíveis caminhos para sua resolução.
Após quatro anos saí de lá. Tive outras experiências, inclusive performei cargos de alta gestão; jamais tirei a alma do RH. Sempre busquei desenvolver a habilidade de saber ouvir, de entender, de contribuir com as pessoas e irradiar luz em suas vidas.
Após a última experiência profissional eu fui empreender. Depois de algumas mentorias, muito estudo e ressignificação, tornei à profissão do meu coração, que amo, faz ele bater forte, me motiva a acordar cedo e a dormir tarde se necessário. Atuo com mentoria para recolocação e transição de carreira e, há pouco mais de um ano, presto serviços na área de RH. Não tem jeito. É a profissão que amo!
E quanto mais me conheço, mais me curo, me entrego a esse propósito e, a partir daí, me recrio, me renovo, amadureço, vejo novas perspectivas e pontos de vista, mais me dedico a ser uma versão melhor de mim mesmo, sempre com o objetivo de impactar suas vidas de maneira positiva, de irradiar luz, seja por meio do meu trabalho ou da amizade.
Uma carreira sem propósito não traz felicidade. Mesmo que o salário seja ótimo, faltará sentido - uma perguntinha que, no fim do dia, não sai da sua cabeça. Autoconhecimento é o caminho para encontrar sua melhor versão. E isso só depende de você.
Account Director | Conectando talentos à oportunidades
3 aJefferson Ribeiro hoje posso dizer que sim. Na verdade desde do meu primeiro MBA em 2013 que me despertou o meu real propósito. Antes eu corria em círculos. Qdo a gente realmente se encontra tudo faz mais sentido.
Analista de Gente e Gestão | Recrutamento e Seleção|
3 aExatamente! A minha "insistência" com o RH(treinamento e Desenvolvimento) é por conta do propósito e por ter certeza disso. Como você disse Jefferson, o autoconhecimento é importantíssimo pra esse alinhamento, por isso a busca profunda por ele.
Jornalista e redator freelancer especializado em esportes, social media, copywriter, ghostwriter e revisor de textos. Tenho ferramentas para fazer a sua empresa, principalmente do ramo esportivo, a crescer no digital.
3 aQue artigo sensacional, Jefferson Ribeiro. Muito bonito trabalhar com propósito e amor pelo que faz.
Founder @ Riverdata | PUC Angels Mentor | Data Science, Corporate Innovation | LinkedIn Top Voice
3 aTotal possível e o que dá sentido à vida!
Strategy Business Microset Tecnologia
3 aTotalmente!