Causas e Efeitos da Greve dos Caminhoneiros Autônomos
Alguns dias atrás escrevi um artigo falando sobre os riscos (Seguros) logísticos no país. Naquele momento não tinha noção que a greve era uma possibilidade real. Hoje vejo que os dois assuntos estão diretamente relacionados, pois existe nessa greve algumas coisas em comum com o que escrevi no último artigo: o Custo Brasil e a dependência de um modal ultrapassado.
Os caminhoneiros estão reivindicando a redução do preço do Diesel, algo que o governo está relutante em conceder por uma série de variáveis, entre elas: o medo de ceder e tornar o movimento legítimo criando uma padronização nas futuras reivindicações, o fato de terem que transferir essa arrecadação para outro setor da economia que pode causar uma manifestação ainda maior, mas ao meu ver a principal razão é a redução na arrecadação dos impostos. Todos sabemos que a melhor forma de aumentar a arrecadação de impostos é elevar o preço do combustível, pois 90% das mercadorias do país dependem do combustível para chegar até as cidades e aumentando o preço do combustível, aumenta também o preço dos produtos e consequentemente a arrecadação. Antes de destrinchar um pouco esse assunto, quero deixar claro que não sou contra a greve, entendo ser um direito de todos em vista do nosso governo comprovadamente corrupto.
Gostaria de propor uma análise dessa greve sob outra ótica. Até o momento estamos falando muito dos caminhoneiros e nos solidarizando com sua causa. No entanto temos o outro lado da moeda, a falta de abastecimento das cidades pode causar um grande dano a população, que muitas vezes fica refém da lei da oferta e da procura. Não foi raro nesses últimos dois dias, os relatos de postos de combustíveis elevando o preço do combustível para "Lucrar" em tempos de escassez. Onde está o senso de solidariedade das pessoas neste momento? Um movimento que foi totalmente esvaziado nesta última quinta feira, muito em função da greve, mas também por conta desses empresários que apenas pensaram em lucrar neste momento, foi o movimento da CDL Jovem. Que propõe um dia no ano vender os combustíveis sem os impostos, pasmem a gasolina chegaria a R$ 2,28 em algumas regiões do país.
Imaginemos que a greve dure mais uma semana, como será a lei da oferta e da procura em Supermercados? Farmácias? Hospitais? Escolas? Nesse sentido temos uma greve onde o principal prejudicado é o povo que sofre tanto quanto os caminhoneiros que estão reivindicando seus direitos. Não julgo se é certo ou errado, isso é apenas um fato. Da mesma forma que o povo como um todo poderia aderir ao movimento e criar um novo 2013, mas não me parece ser o caso, pois o governo está agindo para que não cheguemos nesse ponto. 2013 ficou marcado e creio que eles não querem um "repeteco". Aqui entramos em uma outra questão a transferência da arrecadação, tudo que o governo vai “perder” com a redução do Diesel provavelmente será repassado em outras alíquotas, ou seja, o Custo disso deve voltar ao povo.
O planalto no entanto me parece preocupado em manter as aparências e não ceder facilmente, pois se assim o fizer, como serão as manifestações futuras? Com todo o receio possível, digo que o governo pode ter razão nesse ponto. Pensando como o povo será o maior prejudicado, ceder 100% não é a solução, por mais que tenhamos simpatia à causa.
Falando um pouco sobre os riscos, os clientes devem procurar profissionais que os auxiliem nesse momento para que seus negócios não sejam prejudicados. Existe a possibilidade de cobrir os riscos de Greve no seguro de Transporte Nacional para embarcadores. Infelizmente o mesmo não é possível para transportadores, por se tratar de um seguro de responsabilidade e não do produto em si.
Sobre os modais, deixo abaixo um link que exemplifica essa questão. O Brasil está há anos luz da Noruega nesse sentido, mas vale para mostrar que é possível sim investir em modais e acabar com a dependência.
Somente para concluir, creio que essa greve foi mal dimensionada pelo governo. Ninguém acreditava no movimento e agora vemos o estrago que uma paralisação como essa pode causar ao país. A única forma de mitigar esses riscos é investimento em infraestrutura e menos corrupção, mas parecemos estarmos longe disso.