CEO Business Insights - Por que bancos perderão o jogo contra as startups emergentes?

CEO Business Insights - Por que bancos perderão o jogo contra as startups emergentes?

'"O Caminho mais fácil nem sempre é o melhor caminho, pois é o que a maioria adota e por isso gera maior concorrência".

Como todos sabem, a mudança impulsionada pela tecnologia afetou muito o comportamento dos clientes e tem impactado drasticamente na operação das empresas. Como conseguir ajudar o cliente a evoluir oferecendo um produto que proporcione: maior rapidez, mais previsibilidade, melhor qualidade, e ou um preço mais barato. A problemática parece ser lógica e racional, mas a solução não é, basta alterar o propósito que a conclusão já é diferente.

O ponto é que para endereçar essa situação, teremos que ir muito além da inovação, do pensar fora da caixa ou mesmo da habilidade em dominar a tecnologia digital ou carência de recursos e investimentos financeiros.  

Na nossa visão alicerçada nas experiências em mais de 20 anos convivendo com grandes bancos e fintechs, concluímos que para se alcançar o sucesso, será necessária uma reconstrução total, um novo business design, que adequa um ambiente complexo e faminto por respostas rápidas.

Os bancos tradicionais tendem a usar as mesmas armas para enfrentar problemas distintos e assim os resultados não estão sendo satisfatórios. Como diz Mark Twain, “se o único instrumento que você tem é um martelo, todo problema você pensa que é prego.” De qualquer modo, acreditamos que ainda haja tempo para recuperação, desde que sejam adotadas medidas importantes. A chave está no pensar de dentro para fora, e não de fora para dentro, essa é a grande diferença entre os incumbentes e insurgentes.

Abaixo os principais pontos que consideramos preponderantes para transformação dos grandes bancos.

 1.  Criar uma Mudança Cultural para ser ágil, colaborativo e constantemente inovador. A questão não é lotar a empresa de squads , fazer MVPS, mas criar um ambiente de “mutal trust and respect”,  uma atmosfera para ouvir as opiniões de modo convergente, onde empregados tenham a visão de dono.  Para isso, precisamos primeiro cortar níveis hierárquicos, reduzir aprovações, dar autonomia e estimular as oportunidades de criar e tolerar erros.

Há uns meses atrás, uma de nossas investidas ofereceu uma solução de RPA de automação de um processo trivial para um dos maiores bancos do país. A proposta demorou 6 meses e foi rejeitada no final, depois de inúmeras reuniões por vídeo conferência com mais de 20 pessoas em cada uma. Isso definitivamente não é ser ágil!

Adicionalmente, é necessário atualizar o modelo de remuneração, ele tem que ser repensado. Esse é um ponto difícil para os incumbentes, pois em uma startup os colaboradores podem virar sócios e iniciam com um valuation da empresa menor. Como fazer isso em um banco que vale bilhões, e sem fazer isso, como conseguir pleno comprometimento das pessoas?

Além disso, é necessário aumentar a diversidade. Muitas das nossas soluções do VC onde ajudamos os nossos clientes e investidores vem do mix de conhecimento de várias indústrias, é assim que agregamos valor. O mercado financeiro tem a tendência de sempre contratar gente do segmento, gerando produtos muito parecidos e sem diferenciação.

Investimos em uma empresa de Pet que usa a mesma lógica de leilão reverso para conseguir o melhor preço para os clientes que uma seguradora para conseguir peças de autos. A soluções de uma indústria específica pode gerar ganhos em outras áreas de modo significativo e nunca pensado antes.

Em suma, acreditamos que a renovação da cultural é o ponto crucial, a base para que bancos incumbentes definam a regra do jogo e guiem os seus colaboradores. Do contrário, teremos somente seguidores e não líderes geradores de novas ideias.

 2.      Desenvolver Novos Modelos de Negócios aderentes ao novo consumidor – O maior acesso à informação trouxe um consumidor mais preparado e exigente. Consumidor não paga pelo Google, mas a empresa ganha dinheiro cobrando com propaganda de terceiros.

Os bancos não vão ganhar mais dinheiro com depósitos esquecidos na conta por clientes desavisados, taxas administrativas e altos custos. Então, temos que repensar o modelo de negócio, apesar do sucesso obtido até agora com o modelo atual.

O novo mindset deveria focar na ajuda constante para melhorar a vida do cliente, abrindo mão das taxas convencionais com intuito de descobrir formas de substitui-las por novos produtos e serviços

 3.     Domínio da Tecnologia Digital . A tecnologia deve ser colocada como parte estratégica da organização, segmentando os negócios para que tenham mais autonomia e permitido utilizar o que há de mais avançado para cada setor. A centralização de TI não faz mais sentido nesse ambiente, não existe uma bala de prata para produtos distintos.

Eminentemente, os bancos tem usado a tecnologia para melhoria operacional e corte de despesas, mas não aproveitam totalmente os benefícios para gerar novas oportunidades, fomentar crescimento dos negócios e melhorar o engajamento do cliente.

Tive uma experiência recente para realizar um aviso de sinistro de roubo do produto bolsa protegida na internet. Perdi mais de 20 minutos para descobrir como fazer. Depois liguei para a central do banco que me atendeu como Centro de Cuidado do Cliente dizendo que demoraria cerca de 30 dias para analisar o sinistro. Já há seguradoras que liquidam o seguro no mesmo momento do aviso. Isso é cuidar do cliente!

Resumidamente , os novos canais demandam novos produtos e configurações diferentes, amigáveis e mais rápidas.

4.     Acelerar o Desenvolvimento de Produtos com Aquisições. A estratégia de obter empresas, seja para a obtenção de conhecimento específico ou para gerar novas oportunidades de negócios deve ser intensificada. Contudo, é primordial determinar o objetivo correto e não investir um inúmeras empresas na esperança de alguma ser bem sucedida. Nós não gostamos da tese de spray em pray e focamos em cases que realmente acreditamos. São poucos investimentos, mas com um estudo profundo de mercado e potencias de sucesso para se tornarem realmente importantes.

 5.     Repensar o Modelo de Avaliação da Empresa. A avaliação dos negócios tem que considerar os aspectos mais intangíveis e de longo prazo, do que somente os indicadores tradicionais.

Por exemplo, pensar em avaliar o nível de satisfação de um modo mais simples, como grau de inovação, número de sugestões de funcionários implantadas, etc.. e não se ater somente as pesquisas de clima e satisfação de clientes, que em muitos casos não representam o cenário real. Há empresas com pesquisa de clima excelente, mas com número de turnover altíssimo e satisfação de clientes altas com vendas baixas.

A implantação do modelo NPS é fundamental , principalmente ser for descentralizada em várias áreas, O método aprimora a organização de um modo simples e eficaz.

Finalmente, indo para nossa história, os Hunos derrubaram o império Romano através de ataques relâmpagos, enfatizando a mobilidade e a surpresa (velocidade e capacidade de execução). Ou seja, não é só nos negócios onde o poder financeiro e estrutural são suficientes para se manter no topo.



 

 

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos