ChatGPT x Ensino: como avaliar o desempenho dos alunos? Confira dicas e métodos

Quem imaginaria que erros de português, de pontuação, de concordância verbal, falta de coesão e coerência e outros, de vilões da Língua Portuguesa, passarão a serem valorizados e contribuirão para identificar as produções textuais autorais?

Aquela frase “o mundo dá voltas” faz muito sentido diante do que estamos vivendo no presente com a introdução da inteligência artificial ChatGPT no cotidiano das pessoas.

Isso porque no momento estamos falando só de textos. Mas o que mais ele será capaz de fazer?

O ChatGPT possui uma capacidade de conectar informações de forma muito rápida e transcrever em forma de texto.

Seres humanos não conseguem acompanhar essa velocidade, pelo menos ainda, mas a capacidade de conexão de informações é possível, desde que haja treino.

Se as pessoas não treinarem, continuarão sem desenvolver sua percepção e correlacionar diferentes informações. E aí terão sempre que buscar a inteligência artificial por não desenvolverem também a capacidade conectiva do cérebro.

A inteligência humana é muito maior do que a inteligência artificial. Nem a Ciência ainda é capaz de afirmar qual a real capacidade da mente humana.

Portanto, o ser humano só permanece limitado em seu saber quando não busca aprendizado e desenvolvimento contínuo dessas grandes capacidades que temos: percepção e conexão.

E é isso o que o ChatGPT faz: capta e conecta. As informações que ele retém em seu banco de dados são como as percepções que captamos através de estímulos sensoriais e dos nossos cinco sentidos.

A partir do momento que essas informações prévias são absorvidas pelos neurônios e trabalhadas de forma que se fixem na memória, fazer conexões sobre assuntos semelhantes ou até mesmo divergentes, encontrando liames entre eles, passa a ser algo mais simples.

Isso quer dizer que sua capacidade de conectar informações é limitada porque sua percepção é limitada.

Não espere chegar ao nível do ChatGPT, mas também não se acomode.

Posso dizer que o que me instiga a me autoeducar, além das dúvidas, é a capacidade de aprender cada vez mais. Quem acompanha meus artigos sabe que sou autodidata. E cada vez que percebo minha evolução em processar informações e fazer conexões com maior rapidez, fico maravilhada em descobrir do que o cérebro humano é capaz.

Faço uso diário da minha metodologia de ensino-aprendizagem com base na percepção para aprimorar cada vez mais meus sentidos e aumentar essa capacidade e velocidade de correlacionar tudo o que absorvo e que acontece a minha volta.

E parece que uma boa capacidade perceptiva será cada vez mais necessária para que o ser humano se perceba humano diante de um mundo virtualizado. E não demorou para a tecnologia causar furor nos meios educacionais.

E um dos pontos principais é: como ficarão as formas de avaliação dos alunos nas instituições de ensino diante da ameaça ao que é autoral com a chegada do ChatGPT?

Percebe-se que as formas tradicionais de avaliação na educação sofrerão transformações rápidas.

Contudo, penso: foi necessária a chegada repentina dessa plataforma de inteligência artificial para provocar uma certa instabilidade na área educacional e, finalmente, se fazerem mudanças nas formas ultrapassadas de avaliação de alunos?

Mais uma bolha que estoura!

E também mais trabalho para as mentes pensantes do Ministério da Educação, pois penso que algumas normas e diretrizes terão que ser adaptadas na forma de avaliação dos discentes.

Vamos ver a seguir como professores poderão avaliar seus alunos?

ChatGPT e as mudanças nas formas de avaliação no processo de ensino e aprendizagem

Em recente entrevista ao programa jornalístico Bom Dia Brasil, Marcos Facó, diretor de comunicação da FGV, comentou sobre os desafios que os educadores terão para avaliar os alunos diante do uso da inteligência artificial. Ele menciona que o professor deve arguir o aluno por intermédio de uma prova oral ou uma prova escrita em sala de aula.

Já Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), sugeriu a construção do pensamento do estudante, que leva à redação, à expressão e à comunicação de forma a questionar o aluno sobre sentimentos em relação ao tema que está sendo estudado.

Essa última é interessante, mas, na prática, para os professores isso é muito vago!

Há tempos se discute mudanças nas formas de avaliação, mas não há ação. E o ChatGPT, na minha opinião, chegou no momento oportuno para que isso acontecesse.

Essa mudança beneficiará os discentes, pois penso que a partir de agora eles poderão ser melhor avaliados, de acordo com o que efetivamente absorveram de conhecimento.

E de que forma?

Além das sugestões desses educadores, vou indicar o caminho que vai auxiliar professores a criarem novas formas de avaliarem os alunos.

Procure ver o ChatGPT como se fosse o buscador Google

Se no século XX nós utilizávamos grandes enciclopédias como a Barsa e a Miradouro para fazer pesquisas, com a chegada da internet e de buscadores, passamos a obter informações em maior velocidade. Afinal, a web é alimentada de informações continuamente.

O buscador Google oferece aos alunos inúmeras opções de pesquisa sobre o tema de interesse, por imagens e textos. Já o ChatGPT passa a oferecer informações resumidas e compiladas sobre o assunto, mas de forma textual e com uma excelente gramática. Ambos possuem sua utilidade. E ambos possuem conteúdos que podem ser copiados pelos alunos.

Portanto, se você consegue dar aulas e aplicar avaliações diante da existência do Google, por que não conseguiria com a chegada do ChatGPT?

Procure avaliar os alunos fazendo uso de metodologias ativas e outras atividades práticas

Aquela história de só aplicar avaliação textual através de redações, questões dissertativas, perguntas e respostas, questões com alternativas, já está ultrapassado, pois o ChatGPT está a todo vapor, o ano letivo já começou e as avaliações vão acontecer ou já estão acontecendo!

Então, o que os professores poderão fazer?

Desconfie da gramática perfeita e procure apurar sua observação sobre seus alunos.

Crie formas de avaliação que envolvam metodologias práticas de ensino e aprendizagem que possam aguçar a curiosidade dos alunos e o interesse em aprender através da realização do trabalho autoral.

Ao invés de solicitar trabalhos e projetos textuais feitos em casa, procurem solicitar aqueles que envolvam habilidades manuais, por exemplo:

• colagens
• desenhos
• maquetes
• experimentos
• e outros;

de acordo com a matéria que cada um leciona.

Dessa forma, mesmo que o aluno consulte o ChatGPT para obter informações sobre o tema da pesquisa, assim como já faz com o Google, ele terá que trabalhar o raciocínio para desenvolver projetos e atividades que exigirão maiores habilidades.

Para isso, os professores deverão colocar a criatividade em jogo!

É importante frisar que a utilização na prática desses projetos contribuirão para substituir algumas formas de avaliações textuais ou complementarem as notas da avaliação geral, a depender das normas e diretrizes do ensino.

Quais os benefícios e transformações que isso trará no processo de ensino e aprendizagem?

• Desenvolvimento das habilidades socioemocionais através de descobertas pelos discentes de suas capacidades
• Desenvolvimento da coordenação motora a depender da idade dos alunos
• Interação com outros discentes e o docente, se o trabalho for em grupo, podendo até contribuir com uma interação familiar se o trabalho for individual e a ser realizado em casa
• Aprimoramento da percepção através dos estímulos sensoriais trabalhados na execução desses projetos e aumento da capacidade de conexão, à medida que o aluno relacionar os conteúdos estudados e pesquisados para transformá-los em algo palpável, palatável e de fácil compreensão, o que não é tão simples e requererá do aluno persistência, disciplina, consistência para apresentação de um trabalho que produza uma storytelling de forma não textual.

Isso só para citar alguns!

E esses benefícios também abarcam o professor, fazendo com que aprimore a percepção à medida que interage com os alunos. Assim, também começa a aperfeiçoar outras habilidades para identificar dificuldades e singularidades de cada um.

Vamos recapitular algumas informações para uma melhor compreensão?

O ChatGPT é uma inteligência artificial que retém informações e as conecta, para só então, transformá-las em linguagem textual.

Ao trabalhar habilidades manuais e outras atividades similares com alunos, o professor proporcionará a eles, através dessas práticas, o aprimoramento da percepção (captação para retenção da informação) e da conexão (juntar as informações) durante a realização dos projetos (a prática auxilia na memorização das informações captadas).

Esses projetos serão expressados em linguagem não textual por meio daquilo que foi produzido materialmente e que, poderá ser explanado em sala de aula através de diferentes linguagens, que pode ser verbal ou outra forma de comunicação.

Espero que essas dicas possam contribuir para que professores consigam superar os desafios da inteligência artificial e apliquem avaliações criativas, justas e que respeitem a diversidade de aprender.