China: uma imersão em inovação, tecnologia e varejo (parte 1)
Esse ano tive o privilégio de fazer uma imersão na Ásia, foram 30 dias que me permitiu ter uma visão bem ampla sobre modelos de negócio, tecnologia e varejo no continente. A China é a protagonista dessa revolução que está ocorrendo por lá.
Quando se visita a China, parece que estamos em 2 mundos diferentes no mesmo lugar: o antigo convive com o novo, tradição forte com inovação de ponta, contrastes por vários ângulos que analisamos. As próprias bases do seu desenvolvimento são assim: politicamente é um país super fechado e controlador (o Estado monitora toda mídia, informações, dados dos cidadãos) e economicamente aberto para exportações, importações e desenvolvimento do empreendedorismo.
Números: para começarmos a entender a China é essencial termos noção da dimensão daquela nação. Possui 1,3 bilhões de habitantes, ou seja, 20% da população mundial. Interessante notar que, além de ser muita gente, grande parcela dessa população tem poder de compra e consome, graças aos últimos anos de desenvolvimento da economia. Estimativas do Fórum Econômico Mundial apontam que até 2020 a China terá 600 milhões de pessoas na classe média, ou seja 2x a população total americana e 3x a brasileira, detalhe: com poder de compra.
Um fator essencial para o desenvolvimento e inclusão dessa grande camada da população no mercado consumidor é o Digital. Há mais de 20 anos temos visto o crescimento da China em manufatura, agricultura, construção civil... mas o desenvolvimento da tecnologia é fator chave na mudança de papel da China no cenário econômico mundial.
Falando desse impacto no varejo, hoje o e-commerce na China representa 23% do total das vendas, como comparação nos EUA essa taxa é de aproximadamente 10% e no Brasil 3,7% (fonte: relatório BTG fechamento 2017). Alguns motivos para isso:
· O povo chinês tem uma cultura de rápida adoção de novas tecnologias;
· Dessa nova classe média chinesa, a grande maioria são jovens;
· O varejo “tradicional” na China era ainda muito incipiente e pulverizado em pequenos comércios, portanto a digitalização foi ferramenta essencial para o desenvolvimento do setor (atualmente o maior grupo varejista chinês iniciou no online e hoje tem diversas lojas físicas);
· Atuação do Estado com altos investimentos em infra-estrutura.
E a China não para. Foi anunciado o plano Made in China 2025, que um dos principais objetivos é tirar o país da estigma de cópia para ser referência em inovação. 3 grandes pilares desse plano gostaria de destacar:
1. Empreendedorismo: hoje a China é o segundo país no mundo com maior número de unicórnios, ficando atrás apenas dos EUA. Vejam o ranking: (fonte: StartSe)
· EUA: 262 empresas
· China: 89 empresas
· Brasil: 2 empresas (sendo que o primeiro unicórnio brasileiro foi a 99 após ser comprada pela Didi Chuxing, empresa chinesa)
O incentivo é tão alto para o desenvolvimento do empreendedorismo que a cidade de Hangzhou, que fica a aproximadamente 1 hora de Shanghai, ganhou um distrito chamado de Dream Town. Nesse local foi construída toda uma estrutura para abrigar start ups e aceleradoras desde prédios comerciais e residenciais, transporte e serviços, para fomentar o desenvolvimento dessas empresas na região.
2. Work hard: a China quer ganhar a liderança na inovação através do trabalho duro. Lá existe uma cultura do 9/9/6, ou seja as pessoas trabalham das 9:00 às 21:00, 6 dias por semana. O primeiro sábado que eu estava lá, reparei no metrô várias pessoas com roupa social, crianças de uniforme escolar e só depois fui entender o porquê: sábado é dia útil para todos.
3. China New Retail: esse termo foi batizado pelo Jack Ma, fundador do Alibaba, estipulando as diretrizes para o desenvolvimento do varejo nesse cenário.
Esse ponto e outras curiosidades vou abordar no próximo artigo... até la!!
Coordenador Jurídico Contencioso
6 aExcelente Carol !! Parabéns!
Consultoria, Pesquisa e Ensino em Administração
6 aArtigo excelente, Carol! Parabéns! Que venham os outros! Beijos