Ciência da Computação não é algo sobre computadores
Uma lembrança do Facebook, foto na capa desse artigo, trouxe à tona um momento de descoberta que tive quase no fim do curso de graduação em Ciência da Computação em meados de 2008 (certamente essa foto veio migrada do falecido Orkut).
Pode parecer meio óbvio, mas demorei alguns anos na faculdade para ter esse entendimento, de que não estávamos ali por causa dos computadores. Sério... foram anos estudando cálculos, lógicas, algorítimos e teoremas para enfim compreender que o problema a ser estudado não era o computador, não era a máquina.
Muito bem... feita a introdução... saiba, caro(a) colega, que esse texto não vai falar sobre a ciência e os computadores.
Apenas quis usar essa abstração para propor uma outra usando o mesmo princípio: Gestão de projetos de TI tem muito menos de tecnologia e muito mais de pessoas!
Antes que o leitor pense que estou desmerecendo a tecnologia quero reforçar que o bom conhecimento técnico é imprescindível para o sucesso de qualquer projeto. Sem que haja um bom embasamento de programação, arquitetura de sistemas, segurança e qualidade as lambanças que temos visto hoje em dia continuarão mais frequentes (vide vazamentos de dados em grandes bancos e telecoms).
O objetivo aqui é refletir o quanto "pessoas" impactam os nossos projetos, seja positiva, seja negativamente. Assim como tive a percepção no fim do curso de Computação, à medida que me aprofundo mais na gestão de projetos vejo como meu objeto de estudo são pessoas. Como extrair o melhor de cada indivíduo? Como fazer o time ter a melhor performance? Esses são de verdade os meus desafios diários.
Falando de performance, durante a reciclagem do treinamento de líderes conduzido pelo Fábio di Giacomo, foi apresentada uma fórmula bastante simples, mas que nos diz muito:
Performance = Potencial - Interferência
No dia-a-dia nosso anseio é sempre em aumentar a performance. Mas olhando para a fórmula fica claro que performance é um resultado, e nada podemos fazer para mudá-lo; a não ser que atuemos para alterar as duas variáveis, seja aumentando o potencial, seja diminuindo a interferência.
Entendo que toda pessoa tem um Potencial, que é incrementado com cursos, treinamentos, experiência vivida em projetos, etc.
Como papel de líder fica claro que minha principal atuação em prol de elevar a Performance do time é sobretudo reduzir a Interferência.
Mas como assim?
Quase sempre a interferência vem "de dentro"! Quando nós duvidamos da nossa própria capacidade, ou quando casos de fracasso passados interferem na nossa confiança para executar uma tarefa, etc... Como diz Timothy Gallwey, "O maior adversário é aquele que está dentro de nós mesmos".
Listo aqui alguns exemplos em que o líder pode atuar para essa redução de interferência:
- Ter um nível de competição saudável, e também onde exista ambiente de confiança, para que as pessoas possam arriscar e inovar sabendo que falhas são parte do aprendizado.
- Criar um ambiente onde exista o engajamento pelo propósito, em vez de apenas cobrança. A cobrança só gera resultado pela dor. Quando não existir mais dor não haverá ação. Ou seja, no dia em que o líder não estiver presente não haverá ação por parte do time.
- Apoiar o time na gestão do tempo, cuidando para que todos tenham plena consciência do que é prioridade. Dosando a cobrança em relação aos prazos, para que as entregas ocorram com agilidade e de forma que a pressão não iniba a proatividade nem a criatividade do time. Abrindo um parênteses: pior ainda quando a urgência por metas/resultados é desmedida, fazendo com que ignorem regras de qualidade e segurança. Um dos casos mais famosos pode ser exemplificado pelo desastre de Chernobyl, muito bem apresentado pela série de TV (quem assistiu vai lembrar do capítulo final mostrando a sequência de negligências e abusos de autoridade que culminaram no desastre).
Enfim, são inúmeros os exemplos que poderia citar mas deixo para que vocês leitores complementem nos comentários desse artigo. Sei que muitas vezes é difícil para nós mesmos identificarmos as "nossas próprias interferências", imagina o quanto não é complexo fazer isso em relação ao time! O processo de evolução como líder é contínuo, e por isso temos que investir tempo em ações que geram aprendizados (dica: não deixe de fazer as suas cerimônias de retrospectiva).
Caro(a) leitor(a), nesse ponto você deve estar se perguntando: O que o Gil está querendo falar com esse texto? Eu te digo: Ainda não sei! Essa é a segunda vez que escrevo artigos no LinkedIn. Apenas achei um paralelo da computação tem muito mais de ciência e bem menos de computadores, assim como a gestão tem bem menos de processos e muito mais de pessoas... e que esse está sendo meu foco de estudos atualmente.
Estranho como a gente acha que uma formação irá definir nossa atuação pelo resto da vida profissional! Ledo engano.
Se fez sentido para você, caro(a) leitor(a), fique à vontade para comentar e acrescentar exemplos vividos.
*Créditos da foto: colega Mariangela Simedo, diretamente da tela do seu ultra mega power Dell Inspiron de 17 polegadas, a máquina sensação do momento em 2007!
Product Manager / Product Owner
5 aEngana-se quem faz computação pensando em trabalhar só com a "máquina". A essência de projetos de TI está nas relações humanas, como uma boa comunicação (interna e com cliente). Boa lembrança (antiga, porém atual) Gil Victor Teixeira Pinto
UI Designer | Web Design | MBA in Project Management and Agile Methodologies | Graphic Design
5 aSen-sa-ci-o-nal!!!
Squad Leader na Luizalabs
5 aMuito bom, parabéns!
Product Owner Especialist |PSPO I |KSD (KMP I) |Agile (PACC - AIB) |CSPO |Green Belt| Digital| Projetos
5 aShow de bola Gil Victor Teixeira Pinto 👍👏👏👏 excelente artigo!
IT Manager - Integration & Software
5 aExcelente Gil!!