CIBERNÉTICA, CIBORGUES E CIBERESPAÇO: NOTAS SOBRE AS ORIGENS DA CIBERNÉTICA E SUA REINVENÇÃO CULTURAL de Joo Ho Kim
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CIBERNÉTICA, CIBORGUES E CIBERESPAÇO: NOTAS SOBRE AS ORIGENS DA CIBERNÉTICA E SUA REINVENÇÃO CULTURAL de Joo Ho Kim


O artigo de Joo Ho Kim faz um apanhado das pesquisas realizadas após a teoria cibernética de Wiener, na década de 40. Apesar da cibernética ter sido esquecida como ciência, ela deixou rastros culturais que acabaram por resignificar os conceitos preexistentes. O ciborgue e o ciberespaço se tornaram sujeitos da nova ordem do real, projetando o sistema antigo de interpretação da realidade a partir de novas formas.Na medida que a cibernética não se consolida no campo científico, acaba por influenciar a cultura moderna, que se juntou a outros resíduos tecnológicos e ciência, chamada posteriormente de cibercultura. O maior aprendizado que a cibernética trouxe à cibercultura foi de que os seres vivos e as máquinas são similares. Exemplo disso é a tecnologia robótica, biônica, entre outras. Conforme o autor Joo Ho Kim, “o que comumente tem se chamado de cibercultura é uma resposta positiva da cultura da criação de uma nova ordem do real frente aos novos contextos”.O ciborgue, o primeiro produto cultural da “nova ordem do real” baseado na cibernética, tem o intuito de reproduzir artefatos substitutos para o corpo humano. A biônica é uma ciência que tem o objetivo de copiar uma função da natureza, ou que “represente características de sistemas naturais ou seus análogos” (Vincent, s.d), p.1). Divagando sobre o assunto, o autor menciona que os ciborgues seriam uma forma de reativar o sonho de Victor Frankstein, onde a criatura teria sido criada a partir de restos de cadáveres e animais esquartejados. Ao construir ciborgues, até mesmo nos filmes, desfazemos a concepção que temos sobre nós mesmos. O ciborgue, a partir da tecnologia, seria o homem com um desempenho superior, a imagem do pós-humano. O coração humano foi o primeiro órgão a ser copiado, em outro material, para ser transplantado. Em muitos aspectos, o coração artificial já superou o original. Daí surge a ideia de que algum dia, possa ser substituído.Da mesma forma, temos o desenvolvimento das próteses, ligados também à um melhor desempenho do corpo humano. Exemplo disso são os atletas das paraolimpíadas, cada vez mais capazes de ultrapassar os recordes obtidos pelos seres humanos ditos “normais”, com braços e pernas originais. As próteses não são mais meras substituições de partes do corpo humano. Elas oferecem design melhorados, com o intuito de aumentar o desempenho. A imagem desses atletas tem sido vendida na mídia, como sendo aspirações do pós-humano. Seria o culto à performance. O que é belo está muito mais relacionado ao desempenho almejado. Há uma cultura, em que parece ser errado comer frituras, mas é permitido tomar suplementos ou injetar hormônios. As próteses de silicone, as aplicações de botox, a lipoaspiração. Cada vez somos mais incentivados pela mídia e pela cultura social a nos render a esses artifícios.O autor retrata também a sociedade atual a partir da era da internet. O ciberespaço é um “lugar”, indefinido, mas que a grande maioria das pessoas passa grande parte do seu tempo. A web, as mensagens, as conversas pelos aplicativos, as comunidades virtuais, as redes sociais, a deep web. O virtual tornou-se maior do que o real. Daí surgem questionamentos quanto aos conceitos de real e virtual. Entretanto, o ciberespaço já ocupa um espaço muito consolidado na sociedade contemporânea. Os crimes virtuais estão aí para provar a existência do ciberespaço. Também temos nossos dados constando nos bancos de dados dos bancos e órgãos policiais e governamentais.Fazendo analogia à série Black Mirror, onde há uma forte crítica social ao modelo cultural que estamos vivendo. A humanidade está fragilizada na sua relação com a tecnologia, sendo consumida por ela. A privacidade está sendo questionada, a tecnologia afetando os relacionamentos, na medida em que diminui a interação social. A imagem virtual nunca foi tão valorizada, assim como o desempenho em todos os sentidos. Vivemos na busca incessante pelos “likes” nas redes sociais e a autoestima está sendo extremamente afetada num mundo onde somos constantemente avaliados e vigiados. Os celulares são facilmente rastreados. O google maps, o gps e a web cam usadas como ferramentas de controle social. As câmeras de vigilância são usadas com o intuito de trazer segurança e acabam por aprisionar. A era do “Big Data”, onde não sabemos onde nossos dados podem estar armazenados e o que poderá ser feito com eles. O texto do Joo Ho Kim faz uma crítica elucidativa às novas culturas e comportamentos que foram trazidos pelo desenvolvimento tecnológico e alerta sobre os impactos da cibercultura, ciberespaço e a era dos ciborgues na sociedade atual. Cris Trois

 


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