Ciclos de melhoria contínua e os 4 estágios de competências profissionais
Prezados colegas e estudantes da área jurídica,
Em tempos de IA, se você está com saudades de um texto humano, lá vai:
Com entusiasmo, quero compartilhar com vocês uma breve reflexão sobre os ciclos de melhoria contínua que precisamos desenvolver em nossas carreiras profissionais. Você também pode chamar esses ciclos de “saídas da zona de conforto” e ele é baseado nos “estágios de competências” de Noel Burch e Abraham Maslow.
Acredito que esse conhecimento possa ajudar tanto os estudantes que estão na fase de saída da faculdade para o mercado de trabalho, quanto aos colegas que todos os dias são conclamados a responder aos desafios acadêmicos com inovação.
Chamamos de “ciclo de melhoria contínua” o conjunto formado pelo ciclo dos seguintes 4 estágios de aprendizado. Tente identificar mentalmente em qual deles você atualmente se encontra:
1º Estágio de competência: incompetência inconsciente – Esse é o estágio no qual a pessoa não sabe que não sabe nada. É um estágio de felicidade e de confiança inebriantes porque, sem saber que não sabe nada, a pessoa acredita em si mesma, tem confiança, mas não sabe ler a situação em toda a sua complexidade, muito menos tomar uma decisão estratégica em meio às incertezas. É a fase mais perigosa para a organização, porque a pessoa demonstra confiança, mas não porque ela sabe das coisas e sim porque ela não faz a mínima ideia do que está fazendo. Justamente para retirar as pessoas desse estágio de incompetência inconsciente as grandes organizações criam universidades corporativas ou contratam cursos de desenvolvimento pessoal. Precisamos sempre ajudar nossos amigos a sair da zona de conforto da ignorância inconsciente.
2º Estágio de competência: incompetência consciente – Esse é o estágio no qual a pessoa sente dor. Dói sair da felicidade autoconfiante da ignorância inconsciente e reconhecer que não se sabe o suficiente para tomar as decisões corretas. Reconhecer que não sabemos dói, mas é a atitude necessária para começarmos a valorizar o esforço pelo desenvolvimento de novas habilidades. A consciência do erro gera sentimentos de frustração, insegurança e pode até chegar ao desespero rsrs. Muitos desistem aqui mesmo. Mas não desanime aqui. Este é apenas o mais dolorido percurso dos 4 que formam o ciclo de aprendizado. Os profissionais de sucesso não só passaram por essa fase uma vez na vida: eles passam por ela várias vezes... por semana rsrs.
3º Estágio de competência: competência consciente – Nesse estágio a gente sabe que aprendeu alguma coisa relevante. Aqui temos já consciência das nossas competências. A dor e a insegurança do 2º Estágio abrem espaço para a confiança e felicidade de saber que estamos tomando boas decisões para a organização e para nós mesmos. O profissional, quando chega nessa fase, começa a melhorar inclusive como pessoa, porque ele sente confiança e passa a ajudar sua equipe com assertividade, inteligência e resiliência.
4º Estágio de competência: competência inconsciente – encontra-se neste último estágio o profissional que já domina as habilidades necessárias para solucionar os problemas da sua equipe. O domínio das habilidades é tão pleno que ele nem se dá conta do esforço que foi desenvolvê-las. Ele sabe que sabe das coisas e sabe também que possui a experiência necessária para lidar bem com todos os desafios do dia a dia de sua equipe. A confiança aqui é plena, porque o profissional, nessa fase, sabe tudo sem se preocupar. Sua competência se torna inconsciente, quer dizer, ele nem sabe o tanto que sabe.
O que acontece depois que o profissional chega nesse 4º estágio de competência?
Duas coisas são possíveis: a) ele permanece lá, em sua “zona de conforto”, continuando a fazer o que sabe fazer bem; ou b) ele inicia um novo ciclo de melhoria contínua, recomeçando os 4 estágios novamente, para desenvolver novas habilidades, assumir novos desafios, produzir algo significativamente novo para a organização e para a sociedade em que vive.
Que tipo de profissional você gostaria no seu time?
Com essa pergunta, convido a todos meus alunos e colegas a refletirmos juntos sobre o quão dolorido pode ser sair das zonas de conforto dos estágios 1 e 4 de competências, mas como é importante assumirmos o ciclo como algo constante em nossas vidas profissionais.
Atenciosamente,
Rafael Lazzarotto Simioni