Cidade para quem?

Cidade para quem?

Anota aí: em 2049 haverá mais pessoas caminhando, andando de bicicleta, socializando, jogando e assistindo às pessoas passarem na rua. Assim como viviam os maias e os astecas. 

O motivo: como urbanista, tenho que ser otimista por natureza. Devaneios a parte, a verdade é que vivemos na era da Revolução da Comunicação. E essas interações têm mudado a forma como vivemos nosso meio físico. No plano físico e material atingimos o nível máximo de entrosamento. E como é a arquitetura na era da Revolução Digital? 

Como chegamos nisso? Você verá ao longo do artigo.

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Norman Foster, arquiteto inglês reconhecido mundialmente pela sua arquitetura e um olhar atento ao meio ambiente, foi palestrante na Conferência Internacional da RIBA, intitulada Change in the City, que teve como objetivo oferecer visões sobre a “Nova Agenda Urbana”. Foster cita uma importantíssima reflexão para uma sociedade cada vez mais global. 

“Em 2050, 75% da humanidade viverá nas cidades. O maior desafio para as cidades e seus habitantes são o aquecimento global. As causas disso, a geração de energia, indústria, agricultura, transportes e edifícios, é esse conjunto de fatores que precisa ser abordado.” 

A partir do momento que a tecnologia oferece acesso à informação por diversos pontos e maneiras de compartilhar, tornamo-nos mais instruídos na maneira de projetar e planejar o modo de viver nas cidades, isso é positivo, faz com que sejamos cidadãos mais inteligentes. (Lição perigosa disso: o acesso à informação desenfreada permite a interpretação pelo ponto de vista de diferentes interesses, podendo criar percepções erradas a respeito do tema, que se disseminadas por diversos públicos, todos os demais começarão a acreditar).

O problema é das pessoas começarem a repetir esse lema da cidade para as pessoas interpretando de forma equivocada o que de fato quer dizer. Como em uma brincadeira de criança de telefone sem fio “Uma cidade para as pessoas” começou a ser tratada de poucos ângulos, questões urbanísticas focadas em infraestrutura urbana, trânsito ou de desenvolvimento imobiliário. Você já deve ter ouvido falar como esse manifesto parece ser uma escolha mais cara quando, na verdade, muitas vezes ela é muito mais barata.

Mas o que significa isso? 

A cidade para as pessoas têm que ter uma visão completa, uma visão holística sobre as diferentes necessidades da sociedade contemporânea — sempre respeitando a sua história construída — promovendo oportunidades para que as atividades do cotidiano sejam experiências prazerosas. Essa é uma visão ideal. Nenhuma cidade consegue ser perfeita em todos os sentidos, assim como pessoas tem qualidades e defeitos, o desafio das cidades é fazer com que as qualidades superem os defeitos.

E o que vem pela frente? 

Está começando a se entender que o modelo focado no carro geram diversos impactos que são custosos para a cidade, como o problema da poluição e aquecimento global citado por Foster na Conferência internacional da RIBA. E essa mudança de modais pelas pessoas tem inúmeros impactos positivos. Sim, estudos falam que pessoas que vão de bicicleta para o trabalho são mais produtivas porque o corpo é oxigenado, aumenta a capacidade cognitiva. E falando por mim, há prazer no caminhar com olhar atento procurando perceber a grandeza dos detalhes que contam a história da vida e nela pessoas sempre se fazem presente. 

A mesma arquitetura que se projeta em nossos muros individuais também transborda para o urbanismo que responde pela mobilidade urbana e a maneira como nos relacionamos com nossas cidades. 

E se você se sentiu motivado ao ler este texto, é sexta-feira e temos a oportunidade de caminhar, andar de bicicleta (um ótimo motivador para isso é o preço da gasolina nas alturas) e vivenciar nossa cidade. Fica aqui o convite para que as pessoas se empoderem do design e transformem suas vidas, seus espaços e, porque não, o mundo?


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