Cidades Sustentáveis
Em entrevista publicada em www.planetasustentável.com.br, o premiadíssimo arquiteto Jaime Lerner, conceituou cidade sustentável ,como aquela que resolve três quesitos essenciais para a qualidade de vida das pessoas: mobilidade, sustentabilidade e diversidade social, e, discorreu sobre os entraves para se construir, em até três anos uma metrópole assim.
Concordo com ele quando comenta que, as lideranças devem ter visão estratégica, trazendo todas as forças da comunidade para atuar a favor deste vetor,definindo de maneira clara, para o cidadão comum, o que é sustentabilidade, fazendo-o entender que, a falta dela dificultará sua vida. Por exemplo, tendo de morar longe do trabalho, e gerar a dependência excessiva do automóvel, além de tomar decisões caras, somente por conta do veículo.
Uma cidade cada vez melhor, é uma responsabilidade coletiva, por isso dá pena ver se gastar tanto dinheiro só para atender uma elite, quando se multiplicam pontes e viadutos que sequer tem passagem para bicicletas – utilizada, e muito, por trabalhadores que se deslocam diariamente. Qual o custo de uma ciclovia associada a corredores de ônibus, como em Paris? O pensador Lerner foi quem inventou o sistema BRT(Bus Rapid Transit- sistema de transporte coletivo em corredores exclusivos, com pagamento antecipado de passagem)implantado hoje em mais de 80 cidades do mundo,inclusive em Uberlândia, aplicado pioneiramente em 1974 na cidade de Curitiba, que acaba de ganhou o prêmio “Globe Award Sustainable City 2010”.
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Há 30 anos entre 60 e 70% dos habitantes desta cidade, separam seus rejeitos para reciclagem e este é o mais alto índice do planeta, isto porque líderes como Lerner ,quando a governaram, tomaram a decisão política de torná-la sustentável, e para isso promoveram - com ajuda de ações coletivas da comunidade, mudanças culturais cruciais para o futuro da cidade e do planeta. Como entender que, com o tamanho de seu orçamento, Uberlândia ainda não tenha um serviço de coleta seletiva de lixo exemplar, seguindo todas as normas internacionais pertinentes? E como deixar para depois decisões envolvendo a gestão: resíduos perigosos classe 1? Eles colocam em risco a saúde e a vida de milhares de pessoas, uma vez que somos um centro logístico que por sua função,faz transitar estes materiais e ,muitas vezes estocá-los sem um código municipal à altura.
Por fim discorro sobre o terceiro pé do tripé: a diversidade social. E nele vejo algumas ações louváveis na gestão atual de Uberlândia, notadamente nas reformas de escolas e creches, e nos programas institucionais para idosos as duas pontas mais frágeis da sociedade, além da construção do hospital municipal que desafogou o Hospital da UFU atendendo pessoas de qualquer cor ou credo provenientes de até 300 Km no entorno.Lembro todavia ao gestor que, apesar disso, falta inovação e sustentabilidade nestas operações: aplicação de ideias simples e baratas, que se colocadas em prática provocam mudanças, que segundo Lerner, no caso da criatividade, corta um zero do orçamento, e quando se estabelece a sustentabilidade, dois zeros. O que ele quis dizer é que não importa o tamanho da cidade para se alcançar a sustentabilidade. Existem cidades de 100 mil piores que cidades de 6 milhões de habitantes. Tudo depende de nós, habitantes da pólis, e de seus administradores.
Pós- doutor e sócio da Debatef Consultoria