Cidades Sustentáveis para pessoas
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Cidades Sustentáveis para pessoas

Nos últimos anos eu tenho dedicado parte do meu tempo há compreender como as cidades pelo Brasil e mundo afora estão se adaptando às questões de sustentabilidade e inovação. Eu tenho percebido que essas duas palavrinhas caminham juntas, mas podem ter visões totalmente opostas. Uma (sustentabilidade) pode ser confundida muito facilmente com aspectos ambientais. A outra (inovação) pode ser vista como o emprego da tecnologia digital em soluções de eficiência para a gestão da cidade. Essas compreensões por exemplo, podem simplificar muito a complexidade das necessidades evolutivas que as cidades demandam. Um olhar e um plano para estabelecer mudanças que impactem o presente, mas também o futuro é crucial.

Edward Glaeser, professor de economia da Universidade de Harvard tem desenvolvido vários estudos sobre as economias das cidades. Em uma de suas publicações ele afirma que as economias de aglomeração são os benefícios que surgem quando empresas e pessoas se localizam próximas umas das outras em cidades e aglomerados industriais. A sustentabilidade urbana proporcionará uma variedade muito maior de serviços aos residentes urbanos do que a maioria das cidades de hoje. De uma biodiversidade enriquecida à resiliência das mudanças climáticas, as cidades servirão como concentradores de recursos e sistemas sustentáveis, que melhorarão a variável de serviços na equação “Utilidade das cidades = renda + serviços – moradia e transporte”. Em outras palavras ele nos mostra que uma cidade que possui diversidade em suas ofertas de infraestrutura e serviços, gera inúmeros benefícios para os seus moradores como comodidade e bem-estar social.

Foto de Annie Spratt na Unsplash

Desde 2015, tenho participado de diversos eventos relacionados ao tema "Smart Cities" e notado que grande parte das discussões tem sido predominantemente impulsionada pela tecnologia. Contudo, tenho buscado levar em minhas contribuições como palestrante ou facilitador de workshops nestes eventos, reflexões sobre a importância do "people centric design". A meu ver, as cidades são o grande palco da vida das pessoas e é nele que apresentamos o nosso "espetáculo". Dessa forma, as soluções enviesadas puramente pela tecnologia podem eliminar a essência, a alma das cidades e a necessidade futura dos seus moradores.

Uma cidade sustentável demanda um olhar estratégico e sistêmico que leva em conta a complexidade de suas necessidades. Vou destacar alguns pontos importantes que tenho observado e que se conecta com a agenda de desenvolvimento sustentável.

Riscos Climáticos: lidar com os riscos climáticos como inundações, ondas de calor e secas, tendo planos de ações e parcerias eficientes. Em um contexto que precisamos focar nosso olhar para a descarbonização, ainda temos muitos desafios básicos que precisam ser combatidos. Um plano inteligente de resposta às características locais é desafiador, mas extremamente necessário.

Cultura, Esporte e Lazer: será que estamos oferecendo atrações e serviços que atendem as necessidades e mudam de forma benéfica o comportamento dos moradores? Estamos motivando-os a serem mais ativos por exemplo? Por outro lado, como manter seguros os esportistas que praticam corrida em calçadas e ciclovias? Estamos promovendo eventos e atividades com representatividade cultural e diversidade?

Mobilidade: em todas as esferas, do pedestre, ao ciclista, ao motociclista e demais motoristas de veículos de todos os portes. Como garantir o respeito, a segurança e a educação no trânsito? Como promover calçadas acessíveis e ciclovias para o trânsito de ciclistas?

Empreendedorismo: a cidade muda, as necessidades também e muitos perfis de comércio ainda se mantém em seu status-quo. Será que falta plano? Incentivo para o investimento ou falta de visão de negócio? Como atravessar essa fronteira e inovar no serviço, no negócio e na experiência do cliente?

Para promover a sustentabilidade nas cidades é importante pensar sob a perspectiva da inovação centrada nas pessoas. Quais são as necessidades, desafios e desejos das pessoas? Como podemos gerar uma relação saudável entre o cidadão, a cidade e os demais atores que ocupam o espaço público? Como oferecer a população residente nos centros urbanos, mais do que um transporte e proximidade ao comércio local?

Sei que são muitas perguntas e vale dizer que a complexidade desse tema é muito vasta e pretendo explorar esse assunto ao longo de outros artigos.

Espero que você comente e contribua com a sua visão sobre estes e outros aspectos do tema.

Até mais!

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