Clube de Corrida de Rua e Gestão Empresarial – tudo a ver!
www.homebook.pl

Clube de Corrida de Rua e Gestão Empresarial – tudo a ver!

Sempre gostei de praticar esportes: futebol, basquete, voleibol, handebol.

Até os 50 anos jogava futebol regularmente. Mas chegou um momento que estava me lesionando muito, jogando mais verbalmente do que fisicamente e maior parte dos meus amigos haviam pendurado a chuteira. Decidi parar também. Não tinha mais aquela alegria de antigamente. O ciclo encerrou.

Comecei a correr. Inicialmente sozinho, sem orientação profissional. De maneira simplista e simplória pensava que um tênis - que não era apropriado para corridas, um calção, uma camiseta, com ruas e parques para serem percorridos e desbravados eram suficientes. Corria 2 a 3 vezes na semana.

Um certo dia, o clube do qual sou sócio, formou um Clube da Corrida. Num primeiro momento fiquei relutante em ingressar. Passou pela minha cabeça horários, regras, treinos, percursos pré-definidos, competição, tudo que eu não queria.

Mas optei por entrar. Decidi verificar no gemba (local verdadeiro onde as coisas ocorrem) como seria o desenrolar das atividades. E fui conhecer o novo. Não o novo esporte, mas o novo método, a nova equipe, o novo espaço. O diferente. Pensei – nem melhor nem pior, mas diferente. Como saber sem tentar!

Para minha grata surpresa, foi uma decisão muito acertada que tomei, assim como fazer aulas de dança, e sair para dançar com minha mulher, e praticar medição. Literalmente saindo da caixa para aumentar a criatividade.

Estas atividades ajudam-me demasiadamente na minha vida profissional, tanto na academia, como professor universitário, como nas empresas, como executivo e gerente de projetos. Este auxílio se faz presente não só na parte física, emocional e psicológica, mas principalmente na dimensão gerencial, tanto de planejamento estratégico e operacional, definição de objetivos e métodos, formação, motivação e retenção do time, acompanhamento, feedback, entre outros, que relatarei brevemente nos tópicos abaixo.

As correlações diretas entre clube da corrida (da qual faço parte) e gestão são explícitas. Convido-os a refletirem em vossas organizações os pontos citados abaixo:

  • Diversidade – o time é formado por pessoas heterogêneas - faixa etária, sexo, atuação profissional, disponibilidade de horários, entre outros aspectos, tendo em comum somente o amor pela corrida. Diversidade é um valor. Muitas empresas inserem essa palavra no conjunto de valores da companhia, mas aplicar e lidar cotidianamente com a diversidade é complexo.
  • Objetivos e Metas – os objetivos e as metas desses amigos corredores são totalmente distintos. Apesar de haver desdobramento de objetivos e metas, metas crucialmente importantes (MCI), entre outros conceitos. conflitos departamentais e interesses individuais, notadamente na alta gerência existem, além da comunicação não levar essas informações para os níveis inferiores do organograma.
  • Liderança – é importante que o treinador lidere positivamente a equipe, respeitando os objetivos, metas e limites de cada corredor amador, desafiando-os de forma paulatina no tempo e formando um ambiente organizacional alegre e motivador, de maneira muito profissional. Liderar não é fácil mas é extremamente necessário. No cenário atual, e nos clubes de corrida, o líder servidor, aquele que inspira a equipe, serve aos seus comandados, que conquista a confiança e o respeito do grupo, assume a responsabilidade, entre outros pontos, enquadra-se muito bem.
  • Técnica, Processo, Planejamento, Medição e Controle - eu achava que sabia correr, mas que nada. Não tinha técnica alguma. A forma de treinar, e a rotina de treinos que eu praticava era totalmente equivocada. Neste sentido, assim como nas empresas, é importante que haja um profissional qualificado para aplicar as técnicas corretas para cada tipo de corredor, definir formalmente os processos de negócio e planejamento dos treinamentos, além de promover a medição, monitoramento e controle desse processo. Valorize a formação. Nada mais prático do que uma boa teoria. É muito mais positivo, em todas as esferas e dimensões, ter profissionais de nível técnico adequado para executar as atividades. Saí melhor, mais bonito, mais barato e mais rápido.
  • Disciplina – Mesmo com todo o amadorismo presente, é necessário disciplina, para manter a regularidade, presença, frequência e cumprimento dos treinos estipulados, para evitar lesões, que ocasionarão interrupção da atividade – e isso é muito desalentador – assim como melhorar de forma incremental o resultado e estado físico de conclusão da prova (temos que terminar a prova bem, temos que retornar para casa bem). Não vale o mesmo para nosso trabalho?
  • Colaboração - somos seres humanos, e sobrevivemos porque somos uma espécie colaborativa. Nesse clube da corrida não ocorre competição. Os amigos se ajudam – quer seja nos treinos ou nas corridas, como por exemplos diminuindo o somos seres humanos, e sobrevivemos porque somos uma espécie colaborativa. Nesse clube da corrida não ocorre competição. Os amigos se ajudam – quer seja nos treinos ou nas corridas, como por exemplo, diminuindo passo para correr junto, ou abandonando a corrida quando um amigo sente-se mal e desiste da corrida. Não esta na hora de repensar o modelo e as crenças errôneas das empresas, de promover a competição, até internamente entre os departamentos com intuito de obter promoção ou PLR, para um modelo mais colaborativo, onde ao final todos ganham?
  • Comunicação – além da grande interação e comunicação direta existente nos treinos, existe um grupo de whatsapp exclusivo para tratar de assuntos de corrida – textos, eventos, treinos, fotos das provas, etc. Apesar de vivermos na era do conhecimento, com uma vasta gama de ferramentas computacionais, que empresa não tem problema de informação?
  • Celebração – todo último domingo do mês tem um café da manhã com o treinador (similar ao café com diretor ou presidente), após a corrida feita num parque com árvores, flores e lagos (de volta a origem – a natureza). É importante celebrar para promover integração e ganhar energia mental para as próximas atividades. Não requer dinheiro. Requer atitude. Requer compartilhamento.
  • Espírito de pertencimento – todos, indistintamente todos, sem haver a obrigação, comparecem aos treinos e corridas com a camiseta do clube da corrida, demonstrando senso de pertencimento e engajamento neste ambiente onde a missão e os valores estão em perfeita sintonia com que cada membro acredita. As empresas querem efetuar a retenção de talentos, dessa nova geração, não ligada tanto a dinheiro, mas a autonomia, liberdade para criar, etc. Pense neste tópico.

Que empresa não gostaria de ter corredores (profissionais) dedicados assim, num ambiente tão saudável. Fica a dica para pesquisa: por que isso ocorre? Modelo de Gestão? Alinhamento de Valores? Bem-estar? Engajamento?

Somos todos corredores. A diferença é que alguns correm mais rápido e outros mais devagar. Mas, acima de tudo, somos todos corredores, e já que começamos, vai ser difícil parar de correr num ambiente bacana assim!

Josadak Astorino Marçola

 

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Josadak Marçola

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos