A Coca-Cola também erra (mas poucos ficam sabendo).
Um dos maiores desafios no mundo acadêmico (especialmente em marketing e comunicação) é reunir e apresentar “cases” e exemplos de empresas que erraram em suas estratégias.
É fácil explicar: não são muitas as empresas e líderes dispostos a reconhecer, falar e registrar seus fracassos.
Quantos profissionais de marketing você conhece que lançaram livros com títulos como: “Eu errei” ou “Fiz minha empresa perder milhões”?
Portanto, é esclarecedor quando conhecemos novos exemplos.
Um deles foi descrito em detalhes nesta semana, quando o Centro de Comunicação e Letras do Mackenzie recebeu e pode ouvir o Prof. Dr. Elder Cuevas Calderón, da Universidade de Lima, Peru.
Elder revelou a estratégia comum que a Coca-Cola tem quando um concorrente é localmente muito forte: vai lá e compra (aqui fez o mesmo com o Guaraná Jesus).
A questão é que em vez de manter este concorrente (Inka Cola) onde era comercializado, a estratégia foi retirá-lo dos pontos de dose mais frequentes e comuns ao consumidor peruano (oferecendo a Coca-Cola no lugar).
Não dispostos a trocar a Inka pela Coca, o consumidor peruano então, passou a consumir uma bebida chamada “Chicha Morada” (ou Moradita), feita de forma artesanal (em casa e nos restaurantes) com água mineral, milho roxo, abacaxi com casca, maçãs verdes, canela em pau, cravos, açúcar mascavo e mel selvagem ou orgânico.
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Esta bebida é parte da vida do povo peruano e traz lembranças e memórias gustativas - que são lembranças no presente de prazeres gastronômicos do passado e prazeres gastronômicos do presente que remetem a lembranças do passado (se você tem mais de 40 anos, um similar nosso seria a Groselha _ em termos de lembrança afetiva de marca).
O que a Coca-Cola fez a seguir?
Produziu a toque de caixa, sem pesquisas ou testes, uma Moradita gaseificada, sabor caramelo com chiclete. Distribuiu em todos os pontos de dose e esperou as vendas começarem. Esperou dois meses e nada aconteceu. Resultado: retirou o produto do mercado e absorveu o prejuízo.
Moradita da história (não resisti): os peruanos não reconheceram a Moradita da Coca-Cola como sua bebida familiar; além do sabor diferente e de ser gaseificada, a original era feita artesanalmente e não distribuída em garrafas.
Fica, portanto, um aprendizado: quando o seu produto ou serviço pretender mudar comportamentos, hábitos e preferências enraizadas, toda e qualquer pressa será muito provavelmente inimiga do sucesso.
Entender o que cada produto representa na sua cultura local é fundamental; não tem campanha publicitária ou verba de marketing que faça alguém esquecer suas raízes ou apagar suas memórias afetivas.
Aprender isto em uma universidade diz muito sobre a importância do ensino de qualidade.
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10 mMuito legal o case, Professor Élder trouxe uma palestra excelente para os alunos do Mackenzie!
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10 mAdorei o case, o colóquio do Prof. Dr. Elder Cuevas Calderón, foi excelente e super edificante.
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10 mInteressante!