“COISA DE PRETO” - DE SER HUMANO
Recentemente houve uma pesquisa sobre mortes violentas no Brasil, a qual revelou que a maior parte ocorre entre amigos, vizinhos ou entre membros da mesma família. Chegou-se a conclusão de que os homicídios ocorrem predominantemente dentro do campo das relações pessoais, em conflitos relacionados à vingança, retaliação ou outras formas de ódio, dirigidos a nossos semelhantes.
Foram contabilizadas as mortes por uso de armas de fogo como principal meio, mas há outras ferramentas que não foram consideradas, e que provocam mais mortes violentas no cotidiano que qualquer artefato bélico.
A respeito vejamos o que diz um provérbio chinês: “Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”, o qual se adéqua a todas as línguas devido ao fato de que é extremadamente plausível e real, como no episodio do teatro da vida, do jornalista Willian Waack, sendo flagrado em vídeo o ano passado, ao ficar irritado com um som de buzina vindo da rua, dizendo: “fazer isso é coisa de preto”. Pelo que se sabe esse comentário foi em tom de brincadeira, ao seu convidado no estúdio, o jornalista Paulo Sotero, portanto nesse momento, não tinha ninguém a quem ferir, mas quem fez o vídeo o guardou para si, querendo tirar proveito econômico da situação. Não conseguindo seus objetivos, tornou público o vídeo, um ano após esse triste acontecimento da vida particular desse jornalista. Mas as palavras de Waack, como diz o prof. de Filosofia e Sociologia Paulo Cruz, não fazem dele um racista; embora todo racista diga aquilo, nem todos que dizem aquilo são racistas.
As palavras proferidas, a flecha lançada, ou uma pedra jogada, tem como objetivo atingir um objeto presente; bem seja a uma pessoa, um alvo para medir a pontaria ou uma vidraça. Não estando presente nenhum deles, se for uma flecha ou uma pedra elas caem no chão, se forem palavras fica no imaginário como força de expressão, que foi o que aconteceu com Willian Waack.
Não se pode dizer o mesmo da pessoa que divulgou o vídeo, pois ao lançá-lo, como uma flecha, atingiu em cheio seu alvo com grande destreza. Se a intenção foi a “luta contra o racismo”, de acordo com o terceiro dizer do provérbio chinês, “a oportunidade foi perdida”, considerando que o coletivo não transforma ao individuo, e sim, o individuo ao reconhecer seus erros, pode transformar o coletivo.
Portanto em vez de apunhalar pelas costas, fazendo público um vídeo congelado no tempo, se procedesse gentilmente convidando a essa pessoa a refletir sobre o dito, e mostrando-lhe o vídeo com as consequências previsíveis de sua divulgação, talvez o jornalista se retratasse publicamente, contando aos telespectadores esse acontecimento com seu cunho racial nada louvável, sem necessidade de fazê-lo, porque no momento de proferir a frase ficou no imaginário. Fazer isso sim seria “uma coisa de preto” - de ser humano.
Encerro minha explanação parafraseando a Nietzsche: “Aquele que luta com o monstro do racismo, deve acautelar-se para não tornar-se um deles”.
Prof. José Ch. M. Romero
Advogado especialista em Tributario, Previdenciario e Sucessões
7 aQue infelicidade . Uma pessoa tão instruída fazendo esta discriminação de um ser humano. Isto não se faz. Parabéns a Globo por ter afastado este âncora do jornal . Devemos repudiar com veemência estas discriminações de raça .
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7 aBuen artículo Professor.