A colaboração que garante a vitória

Quando falamos de clima organizacional ou entrosamento entre equipe, logo recorremos à ideia de um ambiente que evoca certos estigmas como a mais alta felicidade. No todo, esse tipo de pensamento não está errado, mas é preciso entender que a colaboração não se constrói da noite para o dia e que olhar para o clima interno é de extrema importância quando queremos alcançar os melhores resultados, assim como o desempenho de todos os membros.

Você deve estar pensando: mas o que isso tem a ver com Fórmula 1? A resposta é: tem tudo a ver. No último GP que ocorreu em Interlagos no dia 13/11 pudemos acompanhar a derrota e vitória de duas equipes que mostram pegadas diferentes na administração de seu time. O resultado? Uma das vitórias mais emocionantes e um desentendimento que deu o que falar entre dois competidores que tiveram grandes desempenhos na última temporada.

Falta de Colaboração

Quando falamos de falta de colaboração, precisamos entender que ela impacta uma equipe num todo. É comum que em grandes times tenham aqueles que se destacam, assim como no esporte temos o Michael Jordan no basquete ou com o Neymar, jogador de futebol na seleção brasileira. Mas é inevitável observar que quando existe uma desigualdade de tratamento de membros de uma equipe e apenas o destaque dela fica encarregado de entregar bom resultado, em algum momento não só o time se vira contra ele como também todas as suas jogadas se tornam previsíveis. Essa mesma situação pode acontecer em qualquer ambiente de trabalho e quando não nos atentamos a falta de colaboração o desgaste da equipe acaba sendo maior.

Essa situação ficou em grande evidência quando Verstappen deixou de abrir passagem para o seu companheiro de equipe Pérez. O desconforto gerado pela falta de ajuda entre os dois competidores causaram discussões difíceis de controlar pela equipe da Red Bull Racing, pois mesmo com as instruções dadas para Max de dar a passagem e ajudar o seu colega a pontuar para competir pelo pódio, o corredor decidiu ignorar e expôs a sua inflexibilidade demonstrando raiva. Tal atitude desencadeou uma série de pronunciamentos de Sérgio que deixou claro que foi a sua ajuda que impulsionou o jovem a alcançar suas duas vitórias.

Esse tipo de situação nos mostra o quanto a má administração de interesses, assim como a falta de colaboração podem ser nocivos para uma equipe. Com tantos holofotes focados em apenas um corredor e a falta de oportunidade que o outro sentiu, fizeram com que o desgaste viesse à tona para todos, sendo mais uma prova de que um time não se faz sozinho, mas sim com várias pessoas andando juntas em uma direção e com um objetivo em comum.

A competição saudável

Em contra partida, a disputa entre Lewis Hamilton e George Russell nos trazem uma lição valiosa do quanto à competição saudável, percepção de tempo e colaboração podem fazer uma equipe atingir os melhores resultados.

Sendo Russell um dos corredores mais jovens da competição, uma dúvida que pairava é se sua idade condizia com a capacidade de entregar bons resultados. Porém, com a sua conquista na competição, essa dúvida foi sanada e deixada de lado. Hamilton tinha o favoritismo na vitória da corrida, pois acabara de se tornar um cidadão brasileiro, já havia conquistado algumas vitórias em Interlagos e tem o corredor brasileiro Ayrton Senna como um herói esportivo. Motivos não faltavam para a sua ascensão em uma das competições mais acirradas e agressivas pela conquista do pódio. Mas diferente do que se esperava, vimos um Lewis que sabe competir e que entende que há tempo para todas as coisas.

Pudemos acompanhar a dobradinha que os dois fizeram, principalmente após a Mercedes liberar que ambos pudessem decidir entre si quem seria o primeiro no pódio. O que nos surpreende é que na F1 a competição entre membros da mesma equipe pode ser benéfica ou acarretar em perdas, como já foi o caso da Ferrari que teve dois competidores se chocando e sendo eliminados da corrida em competições passadas ou a Red Bull, que como já foi citada anteriormente, gerou desconforto pela decisão de seus competidores de não trabalharem em equipe.

Tais situações foram vencidas pela experiência e o bom relacionamento dos competidores, onde vimos que Russell atuando diretamente com Hamilton conseguiu ultrapassa-lo e consagrar-se o campeão do dia. Trazendo-nos a reflexão sobre como a competição saudável e bem gerida entre os membros da mesma equipe pode trazer resultados benéficos às partes envolvidas.

A conquista alcançada pela Mercedes traz a consciência de que gerir uma equipe de forma colaborativa é o caminho para o sucesso e o aumento de um clima organizacional saudável entre todos os colaboradores. Isso se torna real a partir do momento que vemos a comemoração de George e Lewis, onde um abraça o outro e em prantos ergue um troféu que representa não só o seu esforço de carreira, mas também o desempenho de uma equipe que sabe qual é a hora de deixar os seus membros brilharem individualmente. Dessa forma a Mercedes não mostra que tem um favorito, mas que sua equipe possui integrantes bem capacitados que sabem vencer, perder e colaborar entre si para conquistarem os troféus que não são apenas do vencedor, mas fazem parte de todos os que juntos dão as mãos para um resultado extraordinário.