Coluna do SIMPI
A Coluna do SIMPI é produzida pelo Sindicato da Micro e da Pequena Indústria de São Paulo e distribuída semanalmente pela Diferencial Assessoria & Comunicação para o Interior do Estado e Grande São Paulo.
Indústria nacional perde espaço
Em sua participação no programa de TV do SIMPI “A Hora e a Vez da Pequena Empresa”, o professor e economista Luiz Gonzaga Belluzzo é categórico ao afirmar que, no primeiro mandato do governo Dilma, os responsáveis pela condução da política econômica não consultaram os setores que, atualmente, são os que mais sofrem os efeitos da crise, como os trabalhadores e empresários, adotando uma visão excessivamente tecnocrata. “O Brasil enfrentou muitos sacrifícios para se tornar uma nação industrializada. Ela é um sistema de relações onde, sobretudo, o progresso técnico e a produtividade são constituídos”, diz ele, avaliando que é muito difícil medir o resultado daquilo que é produzido em outros setores como, por exemplo, o de serviços. “Na indústria é muito claro: é produto por hora trabalhada” ensina o professor.
Segundo Belluzzo, um dos principais motivos para o enfraquecimento da indústria brasileira foi o Real extremamente valorizado nos últimos 20 anos. “Em relação ao produto Interno Bruto, o setor regrediu ao mesmo patamar de 1947”, explica ele, analisando que, durante esse período de alta, deixaram de ser considerados fatores como a situação internacional, que mudou muito desde a década de 80. “Não foi levado em conta, por exemplo, o fortalecimento da economia chinesa, que se tornou dominante em diversos segmentos. Assim, manter o câmbio valorizado nessas circunstâncias foi prejudicial, porque deixou o mercado interno desprotegido e a indústria nacional acabou sofrendo um comprometimento muito sério”, esclarece ele, complementando que a desvalorização da moeda brasileira foi uma medida importante, a despeito de sua influência sobre a inflação. “Está estimulando as exportações, além de promover a substituição das importações”, conclui o economista.
Incentivo à produção contribui para superar crises
Realizando uma análise sobre os caminhos para a superação da crise econômica, podemos verificar que, em todos os países que enfrentaram situações semelhantes às que vivemos hoje, a saída se deu através do incentivo à produção, com a redução da burocracia e da carga tributária. “As atividades comerciais internas também podem ser favorecidas com essas providências, mas, na indústria, são fundamentais, já que a carga tributária é ainda mais elevada. Assim, quanto maior for a produção, teremos mais arrecadação, por meio do aumento das vendas”, afirma Marcos Tavares Leite, um dos especialistas jurídicos do SIMPI. “Também é preciso estimular as atividades exportadoras, derrubando os grandes entraves burocráticos ainda existentes”, complementa.
A atual crise econômica já é responsável pela redução de mais de 1,5 milhão de postos de trabalho. Por isso, segundo o advogado, é preciso incentivar a negociação, por relações específicas, sejam elas por categoria econômica ou mesmo por empresas ou grupos de empresas. “Hoje, o Brasil tem sindicatos amadurecidos para que essa relação aconteça de forma séria, honesta e correta, preocupada com o bem-estar do trabalhador e, principalmente, com a segurança de seu emprego. Por sua vez, as empresas querem gerar postos de trabalho”, explica Tavares Leite.
De acordo com ele, é necessário cuidar do incentivo via questão fiscal, reduzir a burocracia e buscar a racionalização na arrecadação tributária para superarmos a crise. “A criação de novos impostos eleva o preço dos produtos, reduz empregos, diminui a arrecadação e prejudica o faturamento das empresas”, conclui o especialista.