Comentário Abril - Perspectivas Maio

Comentário Abril - Perspectivas Maio

O mês de abril foi marcado principalmente por um cenário marginalmente mais benigno vindo do exterior, com dissipação de alguns riscos políticos, mas ainda cheio de incertezas e por um cenário local focado em reformas e discussões políticas.

Nos EUA, o governo Trump já demonstra alguns sinais de falta de coordenação política no Congresso, o que resultou na mudança das expectativas dos agentes de mercado em relação ao pacote expansionista que vinha sendo esperado desde o começo de seu mandato. Os dados recentes de atividade e inflação decepcionaram, mas o próprio FED reconhece que esses efeitos são transitórios indo de encontro ao mercado que precifica que ainda ocorram duas altas da taxa de juros por lá esse ano. Em relação à Europa, boa parte do risco político passou após o primeiro turno das eleições francesas mostrarem a candidata de extrema direita e anti-euro Marine Le Pen sem grandes chances de vitória, mesmo avançando para o segundo turno. A manutenção da acomodação monetária apontada pelo Banco Central Europeu, também ajudou no sentimento positivo para os mercados. Na Ásia não houve grandes novidades, com o BoJ mantendo sua política de estímulos inalterada. Nesse cenário, ativos de maior risco como equities apresentaram bons retornos, enquanto taxas de juros em países desenvolvidos cederam em função de menor pressão de aperto monetário.

Em relação ao cenário local, os dados de inflação seguiram surpreendendo positivamente, enquanto dados de atividade começaram a mostrar alguns sinais de recuperação. Com isso, o BC decidiu por intensificar o ritmo de corte de juros para 100bps, trazendo a taxa de juros de 12,25% para 11,25%. No comunicado e posteriormente na Ata da reunião, os membros comentaram sobre esse cenário econômico e argumentaram que o ritmo de corte poderia novamente ser intensificado, mas que os riscos e incertezas em relação ao ambiente externo, recuperação econômica e aprovação de reformas fiscais tornam mais adequado, por ora, a manutenção do ritmo atual. Sobre as reformas fiscais o mês foi cheio de sinais mistos vindos da base governista. A reforma trabalhista e o regime de recuperação fiscal para estados em crise foram aprovados em plenário da câmara, enquanto o parecer do relator da reforma da previdência na comissão especial foi apresentado com cortes consideráveis em relação à proposta original.

Já olhando para o mês de maio, a votação da reforma previdenciária, tanto na comissão especial, como em plenário da câmara devem ser os principais pontos a serem monitorados no mercado local. Possíveis atrasos podem afetar o mercado com a leitura de que o governo ainda não tem votos suficientes para sua aprovação. Por outro lado, caso as votações ocorram como o esperado pode haver nova onda de otimismo para ativos de risco no país. A votação da reforma trabalhista no Senado também dará algum tipo de sinal sobre a força do governo nessa casa e manifestações populares devem ser monitoradas, apesar de não sinalizarem um risco no curto prazo. No cenário internacional, o mês conta com o segundo turno das eleições francesas que parecem praticamente definidas, voltando então o foco para as decisões dos bancos centrais, que estarão de olho nos dados econômicos a serem divulgados.

Pelo cenário quase binário que enfrentaremos no âmbito local nesse mês, os perfis de investidores mais conservadores devem manter seus investimentos em renda fixa pós fixados e em fundos multimercados de baixa volatilidade. Para perfis mais agressivos, pequenos investimentos direcionais podem ser oportunos. Caso o cronograma atual da reforma aconteça de fato e o cenário internacional siga benigno, posições a favor da bolsa, real, juros pré-fixados e ativos indexados à inflação devem apresentar bons retornos. No cenário inverso, os ativos de risco devem sofrer. Independente de qual seja a aposta do investidor, as posições a serem montadas devem trazer proteções caso sua tese não seja realizada, via exposição a ativos de baixa correlação entre si ou a instrumentos como opções e outros derivativos. Um portfólio verdadeiramente diversificado se mostra muito importante num mês como esse, pois retornos negativos podem ser mitigados caso o cenário seja adverso e a exposição em diferentes classes de ativos pode resultar em ganhos significativos caso as notícias sejam favoráveis.

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