Como assim todo mundo sabe o que significa EPI?

Como assim todo mundo sabe o que significa EPI?

 Pois é, deu até no New York Times o que são EPI, a falta que fazem, o tempo gasto para se equipar e a convocação para o uso.

Antes de mais nada, cabe pontuar que não há nada que possa ser visto como sendo um ponto positivo dessa pandemia. Não há nada de bom na perda de vidas humanas.

Dito isso, queria propor algumas reflexões, talvez sejam mais provocações, sobre a massificação do termo EPI e a ainda mais surpreendente adoção do uso pelas ruas das cidades brasileiras. Minha amostragem não é nada científica e falo mais de observações pessoais aqui pelas ruas do Bairro Flamengo na cidade do Rio de Janeiro. Estou com a impressão que o uso de máscara está próximo de 80% e diria que o uso correto por volta de 70%, mesmo que vez ou outra haja algum deslize de manuseio.

Como poderíamos comparar esse percentual de adesão ao que temos em ambiente ocupacional. Depois de quase 30 anos de militância da área de saúde e segurança do trabalhador já vi e tentei de tudo para motivar o uso, mudar a cultura e fazer com que a adoção do EPI atinja níveis altos. Lá se vão muitas SIPATs, concurso de paródias, brindes, cartazes, palestras e treinamentos. E tem ainda a fiscalização no campo, auditorias, punições e premiações relacionadas ao uso.

E como é que de repente a sigla EPI fica tão popular na mídia e na boca de todos e o uso de máscara tão difundido? E pasmem, protetores faciais estão à venda em camelôs pelas calçadas do Rio. O que foi feito diferente? Qual contexto social que o uso dessa vez ‘pegou’ antes mesmo das leis que o obrigassem? Se não antes, mas certamente não há nem houve fiscalização o uso. Tenho certeza que precisamos estudar esse case para tirar boas lições para aplicarmos no ambiente ocupacional.

Além dos EPIs, vemos também detalhados protocolos de segurança sendo atendidos: faixas, distanciamento entre pessoas, medição de temperatura etc. E tudo na ‘ponta da língua’ de toda a população. E afinal por que tivemos uma resposta assim? Foi pelo medo que nos foi bombardeado pela grande mídia ou aprendemos e mudamos culturalmente? Lembro das lições aprendidas da época do racionamento de energia elétrica que passamos a saber até o consumo médio do led indicador de stand by dos aparelhos eletrônicos. E se hoje não lembramos mais deste detalhe ainda mantemos vários costumes que economizam energia elétrica. Um aprendizado que ficou.

Seria otimista demais achar que partiremos de um novo paradigma quando tivermos que trabalhar a segurança ocupacional? Teríamos trabalhadores mais conscientes e abertos para entender de verdade a importância dos EPIs?

Como avisei não tenho respostas, mas queria muito dividir essas reflexões e provocações com vocês.