Como caminha a humanidade em tempos de Inteligência Artificial?

"Nenhum homem é melhor que uma máquina; e nenhuma máquina é melhor do que um homem com uma máquina."

Paul Tudor Jones

 Eu me sinto em casa no século 21, onde as grandes transformações digitais estão remodelando quase todos os aspectos da vida humana. Essa zona de conforto me motiva a continuar estudando para entender o novo mundo que se abre diante de nós, mas também me faz questionar quão rápido, seguro e íntegro pode ser o trabalho nesses novos tempos.

 Recentemente, li um estudo de David Autor, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT, e um dos maiores especialistas sobre mercado de trabalho, além de outros estudos e reflexões de especialistas, que fundamentam este artigo sobre como a Inteligência Artificial (IA) está moldando o futuro da humanidade. [Estudo completo]

 O empreendedorismo sempre foi um campo dinâmico e desafiador, caracterizado pela busca incessante por inovação e adaptação às mudanças do mercado. No século 21, a IA está revolucionando a maneira como os empreendedores criam, administram e expandem suas empresas. Ferramentas de IA permitem tomar decisões mais informadas e precisas, identificando oportunidades de mercado com maior precisão e otimizando operações de maneira eficiente.

 Existe uma IA para cada coisa: automatizar processos, personalizar a experiência do cliente, desenvolver novos produtos e serviços. A integração da IA no mundo dos negócios está gerando mudanças significativas no mercado de trabalho. O estudo de David Autor oferece uma análise detalhada dos impactos das novas tecnologias no emprego e nas desigualdades salariais, uma relação complexa e multifacetada.

 Desde os anos 1980, a falta de trabalhadores com ensino superior nos Estados Unidos levou a um grande aumento nos salários desses profissionais, enquanto os salários dos trabalhadores com apenas ensino médio caíram. As novas tecnologias, embora aumentem a produtividade e os salários dos mais qualificados, também têm um lado negativo. Nas últimas décadas, vimos uma queda acentuada nos salários reais dos trabalhadores sem ensino superior.

 Segundo o estudo de David Autor, a automação de tarefas rotineiras reduziu empregos e salários para trabalhadores com qualificação intermediária. Por outro lado, os trabalhadores com alta qualificação, que realizam tarefas criativas e não-rotineiras, tiveram aumentos em emprego e salários. Trabalhadores com baixa escolaridade, em empregos não-rotineiros como cuidadores de idosos, também viram um aumento nas oportunidades, mas seus salários permanecem baixos e muitas vezes sem proteção social.

 Se entre 1950 e 1987, automação e criação de novos empregos estavam equilibrados, esse cenário mudou entre 1987 e 2017, quando a automação predominou, reduzindo empregos. A IA, especialmente com machine learning, pode substituir até mesmo atividades não-rotineiras, trazendo grande impacto ao mercado de trabalho.

Para enfrentar esses desafios, é fundamental compartilhar os ganhos de produtividade com toda a sociedade. É necessário educar e treinar a força de trabalho para as novas demandas tecnológicas, aumentar a proporção de trabalhadores com ensino superior e implementar programas de treinamento em colaboração com empresas.

 Uma outra pesquisa, conduzida pela Agência Virta e pelo Instituto QualiBest, revelou insights valiosos sobre a adoção da IA no setor de comunicação e marketing de grandes empresas, e isso chamou minha atenção. Os entrevistados destacaram que a eficácia da IA na comunicação depende fortemente da competência dos profissionais que a utilizam. Temos que nos posicionar além das máquinas, guiá-las. A capacidade técnica e o senso crítico humano são indispensáveis para analisar dados e informações geradas pela IA.

 Embora a maioria dos profissionais veja a IA de forma positiva, há receios sobre a utilização incorreta da tecnologia, a perda de criatividade e a padronização das entregas. Além disso, preocupações com a segurança de dados e a disseminação de fake news são comuns. A personalização do conteúdo e a preservação da propriedade intelectual são desafios atuais, mas vejo claramente que o impacto da IA nas empresas está apenas começando a ser sentido.

 A IA beneficia o empreendedorismo em tarefas como monitoramento, identificação de interesse, segmentação de mensagens, análise de dados, entre muitas outras. Tarefas que antigamente chamávamos de braçais devem ser destinadas às máquinas. As intelectuais ficam com a gente. Os desafios éticos são significativos e nenhuma máquina saberá avaliá-los. Garantir que a IA não perpetue preconceitos ou desinformação será vital para a integridade e a confiança na tecnologia.

 A IA está desempenhando um papel cada vez mais central na evolução da sociedade contemporânea. Seus impactos são profundos e abrangentes, transformando o empreendedorismo, o mercado de trabalho e a comunicação corporativa. À medida que continuamos a explorar as possibilidades oferecidas pela IA, é vital que abordemos os desafios éticos e sociais associados a essa tecnologia.

 Educar e treinar a força de trabalho, implementar políticas públicas inclusivas e desenvolver soluções tecnológicas responsáveis são passos essenciais para garantir que a IA contribua positivamente para o progresso humano.

 Walter Longo, pensador da era pós-digital e especialista no impacto da inovação na vida das pessoas, disse que a grande mudança pela qual estamos passando não é tecnológica, mas humana.

 Eu penso que nossa nova forma de pensar, empreender, criar negócios e saídas criativas, de elaborar os prompts é que está em jogo. A humanidade não caminha atrás, tampouco ao lado da Inteligência Artificial, mas sim à sua frente.

 Inocência Manoel