Como crescer em tempos de crise (parte 1)

Como crescer em tempos de crise (parte 1)

Crescer em tempos de crise exige coragem, inovação, resiliência, além de muita bagagem, seja sua ou de quem está junto de você nesse barco.

Você também está com esse desafio no colo?

Escrevi um material gigantesco tentando dar luz à todos que precisam crescer com menos recursos. Ficou tão grande que vou ter que postar por partes. Eis a primeira, uma introdução à crise econômica. Você sabe porque ela acontece? Segue o raciocínio abaixo.

Uma pequena introdução ao cenário atual de mercado

Os tempos estão diferentes, alguns já sentiram a crise chegando e afetando suas vendas, outras ainda não, mas com certeza já estão bastante receosos de fazer maiores investimentos ou assumir maiores riscos. 

De fato encerramos um ciclo de aproximadamente uma década de dinheiro fácil e abundante no mercado, financiando a aceleração de crescimento de diversos negócios. 

De um lado da mesa temos as empresas da nova economia e startups que tinham acesso à esse capital e esses aportes eram focados apenas em acelerar o crescimento da empresa, a qualquer custo, sem preocupar-se com geração de lucro.

De outro, empresas de serviço ou da economia tradicional, como o varejo. Esses não tinham amplo acesso à esse capital de investidores, praticam crescimentos de 1 ou 2 dígitos por ano e tem um olhar cuidadoso para a lucratividade do negócio e geração de caixa. Além disso, sofreram com o efeito colateral do capital abundante que era a inflação de recursos. 

Tecnologias e profissionais das áreas de TI, marketing e outras, que são recursos disputados entre startups e empresas tradicionais, tiveram seus custos inflados nos últimos anos pela ampla demanda do mercado de startups e pouca oferta de profissionais qualificados no mercado. 

As startups com capital alavancado por investidores puderam fazer ofertas maiores aos profissionais, enquanto as outras empresas não alavancadas tiveram que cobrir as ofertas para não ficar sem recursos. Assim se inicia um leilão de profissionais.

O custo aumentou para todos os negócios. Fora das empresas, todas essas pessoas empregadas e com salários maiores passam a consumir mais, e com isso as empresas em geral estavam vendendo mais. Vendendo mais, elas investem mais também. Esse giro de dinheiro no mercado acaba gerando inflação nos preços, pois tem mais gente comprando os mesmos bens, que automaticamente ficam mais caros.

Lei básica da economia: Demanda > Oferta = aumento de preços.

Aumento dos preços = inflação

O instrumento que os governos têm para controlar essa inflação dos preços é a taxa de juros. Ela é usada como uma alavanca: quando a inflação aumenta, aumenta-se a taxa de juros. Com juros mais altos, as pessoas e empresas tomam menos empréstimos ou financiam menos suas compras como carro, moradia ou capital de giro ou de investimento nas empresas. 

Esse efeito gera uma desaceleração econômica nos mercados, pois se tem menos dinheiro circulando, o consumo diminui. Com isso as empresas vendem menos, vendendo menos elas precisam cortar custos para manter sua lucratividade, quando cortam custos elas demitem pessoas, reduzem investimentos em marketing e publicidade, renegociam aluguéis, entre diversos outros esforços.

Quando as pessoas perdem emprego, ou os fornecedores de tecnologia e as empresas de mídia vendem menos, ou os proprietários de imóveis perdem seus inquilinos, todos esses têm menos dinheiro nas mãos e também reduzem seu consumo e investimentos. Todo esse ciclo contribui para a recessão econômica.

Aqui temos a equação oposta da mesma lei econômica: Demanda < Oferta = redução nos preços.

Outro efeito da alta de juros é a migração do dinheiro de grandes investidores. Ora, se alguém toma dinheiro emprestado, é porque tem alguém emprestando. Aí você pensa: “sim, os bancos emprestam dinheiro”, mas de onde o banco tira esse dinheiro? De pessoas e empresas que sabem acumular capital e investem esse capital para multiplicá-lo. É daí que vem o dinheiro do mercado, dos investidores.

Quando os juros são altos, os investidores aplicam seu capital em produtos como renda fixa, que expõe o investimento a baixos riscos, ou seja, não tem muita chance de perder dinheiro, enquanto remunera bem o capital aplicado porque a taxa de rendimento das aplicações são baseadas nas taxas de juros ou de inflação, em geral.

Quando a economia esfria, o governo aciona novamente a alavanca, desta vez reduzindo a taxa de juros, para estimular a circulação de dinheiro no mercado e acelerar a economia.

Quando os juros são baixos os investidores precisam migrar seu capital para o mercado de renda variável, que remunera melhor mas apresenta risco mais alto, ou seja, pode dar errado e render pouco ou até retornar menos do que o que foi investido. Produtos financeiros desta classe são investimento em ações ou em fundos de investimento em startups, por exemplo, entre diversos outros.

Conclusão

Como você já deve ter entendido, esse movimento de estimular e desestimular a economia através da taxa de juros é cíclico, de tempos em tempos aumenta e diminui. Claro que a economia é uma ciência muito mais complexa do que isso, mas tentei trazer aqui uma explicação simplificada para a compreensão de todos. Para conteúdos mais profundos da área de economia, ninguém melhor do que o grande Ricardo Amorim para você acompanhar.

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Gráfico da média de crescimento do Brasil nos últimos 100 anos. Artigo da InfoMoney

Voltando para o contexto de negócios, neste momento econômico as empresas precisam fazer mais com menos. Precisam manter seu crescimento, porém gastando menos para manter alguma lucratividade e não entregar prejuízos nos seus resultados. E isso é bastante desafiador.

Algumas premissas básicas precisam ser consideradas nesse cenário. (1) é preciso mensurar bem suas ações e saúde financeira para saber quando pode dar um passo maior ou quando precisa apertar o cinto, e (2) para fazer mais com menos é preciso encontrar canais menos explorados, consequentemente mais baratos, e obter a maior eficiência das pessoas e das ações em geral.

Ah, e por fim, muitos se perguntam por que as empresas têm que dar lucro. Aqui voltamos para a perspectiva dos investidores. Investir nas empresas é uma excelente forma de multiplicar capital, porque elas geram muito mais valor que qualquer aplicação bancária.

Mas para isso elas tem que dar lucro, ou seja, ganhar mais do que gastam. E voltando novamente ao momento atual, com a redução do consumo e tendência é que as empresas vendam menos, e para entregar os lucros que os investidores esperam, precisam gastar ainda menos.

Então, a pergunta da vez é: Como crescer gastando menos? Esse é o tema tratado no Como crescer em tempos de crise (parte 2).

Anderson Fagundes

Diretor de CS @ Web Estratégica após a fusão com a Lume | Growth Advisor

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Cristian Magalhães

COO na Web Estratégica - Growth Partner

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sensacional, esperando a parte 2!

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