Como deixar o PIX mais seguro.

Como deixar o PIX mais seguro.

Como cliente, vi com muito bons olhos quando o PIX foi implantado no Brasil, como uma forma instantânea de pagamento ou transferência de dinheiro entre contas de bancos diferentes, pois o TED, que era a forma mais rápida na época, poderia levar de horas ou até dois dias, e o DOC, a forma mais demorada, eu não o utilizava mais há anos.

Pelo jeito, não só eu gostei do Pix, segundo os números do Banco Central do Brasil (BACEN), em 31/07/2021, havia quase 103 milhões de usuários cadastrados para usar o Pix. Desses, 96,3 milhões são pessoas físicas.

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Da mesma forma que o número de usuários cresceu mês a mês, o número de transações cresceu também, mas numa proporção muito maior. Curiosamente, pensei que o número de TEDs fosse diminuir na mesma proporção que o PIX cresceu, mas não. Houve uma queda nos TEDs, mas ao que tudo indica, com o PIX, o brasileiro passou a fazer mais transações, talvez diminuindo ainda mais as transações em dinheiro e passando a usar essa forma eletrônica, que é instantânea, e em plena pandemia de COVID, é mais saudável, desde que o celular seja sempre higienizado, é claro.

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Agora como profissional que tem trabalhado na área de prevenção a fraude, fiquei preocupado quando do surgimento do PIX, se isso iria aumentar o número fraudes ou golpes. Não via a solução como um problema ou com brechas tecnicamente falando, mas sabia que essa velocidade poderia ser utilizada pelos criminosos afim de aprimorarem seus crimes, o que infelizmente vem se confirmando mês a mês, com o número crescente de sequestros relâmpagos, que só no estado de São Paulo, houve um crescimento de 39,1% no número desse crime, onde o sequestrador obriga a pessoa a transferir o seu dinheiro para contas bancárias de terceiros ou dele mesmo (vide reportagem).

Então o que fazer agora? Com certeza a solução não é acabar com o PIX, e sim melhorar o sistema, criar controles, prevenir o crime.

Hoje cedo, dia 28/08/2021, enquanto eu fazia a minha caminha, esse tema veio a minha mente, e comecei a pensar em como podemos deixar o sistema de transferência interbancário mais seguro. Rapidamente peguei o meu celular e comecei a gravar em voz essas ideias, que abaixo descrevo:

  • Após feita a transferência interbancário, bloquear o saque desse dinheiro, na conta de destino, no período de algumas horas, para dar tempo do cliente reclamar caso tenha sido forçado a fazer a transferência por criminosos.
  • Toda transferência interbancária deve passar por uma conta transitória no BACEN, que registrará todas as subsequentes transferências feitas para outras contas com esse dinheiro, criando rastro, e sendo possível registrar as triangulações entre contas. Caso houver reclamação do cliente ter sofrido crime, esse valor seria devolvido pelo Bacen ao cliente, e não pelos bancos, que hoje, cada um tem uma forma de fazer esse processo de devolução/recuperação, mas existem falhas e é moroso.
  • Uma vez uma conta sendo identificada como conta fraudulenta, ela ficará marcada no BACEN e não receberá mais transações de nenhum banco. Poderá ser consultada pelos bancos, caso desejem. Isso resolve um problema existente hoje, onde o Banco A, identifica que uma conta X, no Banco B, está sendo utilizada por um fraudador, porém até avisar o Banco B disso, o valor é sacado ou transferido para o Banco C, D ou E, na conta Y ou Z, que podem ser também contas de fraudadores, mas esses bancos não sabem disso, e ficam todos trabalhando de forma “isoladas”.
  • Na transferência, o banco remetente envia flag indicando se para a conta de destino já houve transações num determinado período, com isso validando que essa conta seria uma conta conhecida e segura. Logo não precisaria ter essa trava do saque. O criminoso pode querer fazer a primeira transferência para criar histórico, e na sequência fazer uma outra, na expectativa de que essa segunda passe a ser contabilizada como conta conhecida. Essa situação deve ser contemplada na solução, só sendo considerada conta conhecida aquela que não houve identificação de ser uma conta fraudulenta ou que o cliente confirmou posteriormente, e não no mesmo dia, como sendo confiável.
  • Permitir fazer a transferência interbancária para corretoras de criptomoedas ou para remessas no exterior, apena de contas já conhecidas pelo cliente. Para novas contas de destino, criar um processo de credenciamento que garanta que realmente seja o cliente a fazer o cadastro da conta, e sem nenhuma coação. Criando intervalo de um dia entre cadastro e transferência, ou utilizando confirmação por vídeo chamada.

No parágrafo anterior, escrevi o verbo podemos, no plural e em itálico, pois acredito que uma solução mais robusta deve ser feita por muitas pessoas e empresas que atuam nessa área. Dessa forma, te pergunto:

-Quais vão ser as suas sugestões?

-BACEN, que tal incluir essas ideias na pauta de discussão?

Leandro Garcia

Prevenção a Fraude, Meios de Pagamento, Navegador, Mentor

3 a

Excelente reflexão!

Débora Sousa

Gestora de Produtos | Projetos

3 a

Aos poucos o PIX vai perdendo as características que fizeram com que ele tivesse uma adesão tão rápida e massiva.

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