Como equilibrar os avanços da IA sem esgotar nossas fontes de energia?
A inteligência artificial (IA) é uma força poderosa de transformação com o potencial de levar a produtividade e a eficiência a níveis nunca antes vistos em praticamente todos os setores. No entanto, essa tecnologia traz consigo um desafio urgente que não podemos ignorar: o consumo de energia exorbitante.
Alimentar essa revolução digital está exigindo cada vez mais recursos energéticos, colocando o mundo em alerta sobre o impacto ambiental e a necessidade de soluções sustentáveis. Esse debate é especialmente relevante agora, com a COP29 no horizonte e as discussões sobre redução de emissões de carbono ganhando ainda mais espaço.
Com a IA ficando mais sofisticada e os algoritmos cada vez mais complexos, cresce também a demanda por poder computacional — e, com isso, a pressão sobre as fontes de energia globais. Hoje, os data centers que processam os dados de IA consomem muito mais energia que os centros de dados convencionais. Sem alternativas energéticas e estratégias mais eficientes, o risco de um esgotamento energético é real, e isso ameaça não só o avanço da tecnologia, mas também o equilíbrio ambiental que tanto precisamos preservar.
Empresas de tecnologia já perceberam o problema e estão agindo. O Google , por exemplo, fechou uma parceria com a Kairos Power para construir reatores nucleares modulares pequenos (SMRs), que deverão fornecer a energia necessária para seus sistemas de IA até 2035. Esse movimento é uma resposta direta à demanda crescente por eletricidade, especialmente em empresas que dependem de processamento intenso, como é o caso das gigantes da tecnologia.
Rene Haas , CEO da Arm Holdings, já disse em entrevistas que o consumo energético dos data centers pode, em 2030, superar o consumo da Índia. Estima-se que, até 2027, a IA consuma cerca de 0,5% da eletricidade global, algo próximo do que a Argentina usa em um ano.
Nos EUA, analistas da Wells Fargo preveem que a demanda por eletricidade aumente em 20% até 2030, impulsionada em grande parte pelo avanço da IA. Isso significa que os data centers, hoje responsáveis por cerca de 3% do consumo de energia dos EUA, podem chegar a 8% até o final da década.
Para grandes empresas como Microsoft , Google, Amazon e Meta , que estão expandindo seus data centers, o desafio é ainda maior. E não é apenas uma questão de consumo — as emissões dessas empresas aumentaram significativamente com a expansão da IA.
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Desde 2019, as emissões do Google cresceram 50% devido aos data centers. Microsoft e Meta enfrentam números similares, com aumentos de 30% e 38%, respectivamente, em comparação com 2029. Isso nos mostra que, por mais que se busque a sustentabilidade, o ritmo de avanço da IA está colocando essa narrativa à prova.
Para equilibrar o avanço da IA com as metas climáticas, algumas estratégias já começam a surgir e podem servir como referência para construir caminhos mais sustentáveis:
Uma oportunidade única com a COP29
Diante desse cenário, fica evidente a necessidade de um equilíbrio sustentável para que o avanço da IA possa, de fato, beneficiar a sociedade. A tecnologia promete mais eficiência e inovação, mas seu desenvolvimento precisa ser conduzido com responsabilidade ambiental, buscando fontes alternativas e estratégias inovadoras para usar melhor os recursos disponíveis. A IA pode, sim, ser uma força de transformação positiva para o mundo, mas é vital que esse progresso venha acompanhado de uma abordagem consciente, que leve em conta o bem-estar do planeta.
Há razões para otimismo, mas também para vigilância. A COP29 Azerbaijan oferece uma oportunidade única para governos, empresas e sociedade se unirem em torno de um compromisso comum: garantir que o progresso tecnológico não sacrifique o equilíbrio ambiental. Um caminho que una inovação com responsabilidade ambiental não apenas permitirá que a IA continue a evoluir, mas também assegurará que ela faça isso de forma positiva e sustentável para o planeta.
Conselheira em Governança Corporativa | Assessora em Planejamento Estratégico | Assessora em Escritório de Gestão de Projetos | Gerente de Projetos | Docente em Ensino Superior.
1 mExcelentes considerações!
Professor na Universidade Federal de Santa Catarina
1 mCom certeza, a inteligência artificial (IA) é uma força poderosa!