Como gerir equipes em home office sem a "Fadiga do Zoom"

Na minha carreira profissional, como executivo em uma empresa de Software, pude perceber que uma grande parcela dos gestores e líderes em geral acredita que os seus subordinados terão um baixo desempenho caso não sejam monitorados incessantemente. Antes mesmo da pandemia já havia diversos instrumentos de monitoramento, tais como câmeras de segurança, relatórios diários e reuniões – muitas vezes sem proposito – visando impedir a procrastinação ou o desperdício de tempo pelos funcionários.

A pandemia da COVID-19, enfrentada no biênio 2020-2021 e sem data prevista para terminar, de certa forma, contribuiu para aumentar esse controle gerencial sobre os funcionários das empresas, tendo em vista a adesão maciça ao home office como forma de continuar operando em meio à evidente necessidade de isolamento social.

Nesse contexto, a contínua exigência de participação em reuniões virtuais por meio de plataformas como o Zoom, muitas vezes, acarreta em grande desgaste das pessoas, caracterizando uma espécie de fadiga mental, pois a (falsa) “facilidade” de reunir todos em vídeo aumenta o número de reuniões agendadas, mesmo aquelas em que os problemas poderiam ser resolvidos por outros meios mais eficazes e menos exigentes em relação ao tempo.

A constante disponibilidade do profissional e a incerteza da possibilidade de reunião marcada de forma imediata provocam um (desgastante) estado de alerta dos trabalhadores, que devem sempre estar preparados e com dados à disposição para a participação nesses encontros virtuais. Ou seja, a tentativa de controlar os profissionais para garantir maior aproveitamento pode, muito pelo contrário, sobrecarregar os funcionários e até mesmo esgotá-los, agravando o problema da queda de produtividade.

Quanto a isso, existem diversas práticas de gestão para liderar uma equipe altamente produtiva sem a necessidade de acompanhamento contínuo ou de monitoramento constante por reuniões em vídeo. Embora ainda haja reuniões virtuais nessas práticas, elas são utilizadas em hipóteses específicas, com temas bem definidos e dentro de um calendário organizado para as suas sessões. Um exemplo que pode ser mencionado é o uso da ferramenta SCRUM, na área de desenvolvimento de software, mas utilizada também em diversos outros contextos profissionais, onde curtas reuniões diárias são suficientes para entregar o resultado esperado de uma equipe – em vez de encontros intermináveis e sem pautas específicas.

Portanto, é importante compreender que o trabalho precisa continuar e que a sua produtividade é importante, mas a “forma” desse controle social e profissional precisa levar em conta, especialmente, a saúde mental e física das pessoas envolvidas no processo produtivo. Como apontado, existem instrumentos que podem servir de controle dos resultados, mas respeitando o contexto do trabalho em home office e garantindo aos funcionários uma rotina mais saudável, que além do trabalho, fortalece um melhor desenvolvimento das relações familiares. Para concluir, as ferramentas para reuniões virtuais são úteis, mas devem ser utilizadas de forma restrita e moderada, especialmente levando em conta a situação extraordinária pela qual passamos e o bem-estar dos trabalhadores e da sociedade em geral – qualquer ambiente, social ou profissional, ainda que virtual, precisa ser saudável, agradável e estimulante.