Como a gestão do mando de campo afeta o Brasileirão 2023

Como a gestão do mando de campo afeta o Brasileirão 2023


Por João Kerr

A quatro rodadas do fim, o Brasileirão 2023 ainda tem seis postulantes ao título. Três dos principais candidatos, Palmeiras, Botafogo e Flamengo sofrem com um problema incômodo nessa reta final – o mando de campo

Impossibilitados de utilizar Allianz Parque e Nilton Santos, respectivamente, Palmeiras e Botafogo tiveram que mandar alguns jogos em estádios alternativos. Além do desgosto de alguns torcedores, isso trouxe prejuízo esportivo para ambos. 

O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, deixou bem claro que não se sente à vontade na Arena Barueri, onde o Verdão mandou seus últimos dois jogos em casa. “Eu quero jogar no Allianz Parque. É lá a nossa casa. Uma equipe que luta para ser campeã não pode ter um estádio assim. [...] Não é o banco onde eu me sento, às vezes até tropeço. Não é igual." - Disse o português após vitória por 3 a 0 sobre o Internacional, em Barueri.

Abel se incomoda ao jogar na Arena Barueri [Foto: Gazeta Press]

O Botafogo, considerado o grande favorito ao título por boa parte do campeonato, enfrenta uma sequência de resultados ruins e teve que enfrentar o Grêmio em São Januário, de seu rival Vasco da Gama, enquanto o Nilton Santos, seu estádio, não estava disponível por receber o show da banda RBD. Na ocasião, o time ainda comandado por Lúcio Flávio perdeu de virada por 4 a 3, após estar vencendo por 3 a 1.

Um detalhe é que Luis Suárez, autor de três dos quatro gols do Grêmio, não joga em gramados artificiais. Se a partida tivesse sido no Nilton Santos, que possui grama artificial, o uruguaio não teria entrado em campo e o resultado da partida poderia ter sido outro. O episódio revoltou torcedores botafoguenses.

Suárez comemora um dos três gols em virada contra o Botafogo [Foto: Alexandre Durão / Grêmio FBPA]

Outro postulante ao título, o Flamengo também sofreu com o mando de campo no jogo contra o Bragantino. Por conta da realização da final da Libertadores no Maracanã, estádio no qual o rubro-negro costuma receber seus jogos, seu jogo contra o Bragantino foi adiado para o dia 23 de novembro.

O estádio foi cedido à Conmebol e o Flamengo não quis desistir de jogar lá, tendo que adiar o jogo para a data FIFA. Para contar com o chileno Erick Pulgar e os uruguaios Varela e Arrascaeta, o clube fretará jatinhos para o transporte dos atletas, que atuaram por suas seleções na última terça-feira (21/11).

Menos torcida

Além do prejuízo financeiro e esportivo, os times costumam registrar públicos bem inferiores quando jogam longe do estádio com o qual estão acostumados.

O Botafogo, por exemplo, registrou apenas 17 mil pagantes em partida contra o Grêmio, adversário direto na briga pelo título. Nas últimas três partidas que disputou no Nilton Santos, o Fogão registrou mais de 30 mil presentes em cada uma. Só no jogo contra o Athletico-PR, em 21 de outubro, foram mais de 36 mil torcedores no estádio.

Torcida do Botafogo apoia o time no Nilton Santos [Vitor Silva/SSPress/Botafogo]

O Palmeiras sofre com o mesmo problema. O Verdão não conseguiu atingir 20 mil presentes em nenhum dos três jogos que disputou na Arena Barueri no Brasileirão 2023. Enquanto isso, nos últimos dois jogos no Allianz Parque, o público ultrapassou os 30 mil.

Como será em 2024?

Por ter a concessão para administração do Nilton Santos até 2051, o Botafogo pode escolher as datas em que irá receber shows em seu estádio e buscará outra casa para receber seus jogos. Serão levados em consideração os valores recebidos, o calendário do futebol etc. Depois do vexame contra o Grêmio, é possível que a diretoria pense duas vezes antes de organizar os eventos.

O Palmeiras, por sua vez, tem que respeitar o calendário estabelecido pela WTorre, conforme estabelecido em contrato quando o Allianz Parque foi construído. Os shows costumam fazer com que o Verdão perca seu estádio por cinco ou seis jogos por ano. 

A expectativa de muitos palmeirenses é que, com o fim das obras do Pacaembu (previsto para o início de 2024), o clube volte a receber jogos lá quando não tiver o Allianz à disposição. Porém, não se sabe ao certo se o alviverde irá deixar de jogar em Barueri.

[Reprodução/Pacaembu Oficial]

A Crefipar, uma das empresas da presidente Leila Pereira, recentemente adquiriu a concessão da Arena Barueri, podendo administrá-la por 35 anos. Isso trouxe desconfiança aos torcedores do alviverde, que temem um possível conflito de interesses de Leila como presidente e como empresária.

O Santos, que planeja uma reforma na Vila Belmiro, ainda pode disputar com o Verdão as datas para uso do Pacaembu. O Flamengo também estuda a construção um estádio próprio, mas terá que seguir atuando no Maracanã em 2024.

Essa “dança das cadeiras” dos estádios pode decidir o Brasileirão?

Paulo Arnaldo Lima

Narrador Esportivo na TV da FPF | Litoral News | Osasco Vôlei TV

1 a

Ótima análise! Essa convivência entre futebol e shows permanecerá por muito tempo. Os shows são bem mais lucrativos. No caso da capital paulista, quando o Pacaembu tiver pronto, esse problema tende a diminuir. Tanto para São Paulo, como para Palmeiras. O Pacaembu voltará a ser o estádio de todos!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de THE360

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos