Como lidar com um Instragram sem curtidas?

Como lidar com um Instragram sem curtidas?

Desde o dia 17 de julho, o Brasil e mais cinco países (Irlanda, Itália, Japão, Austrália e Nova Zelândia) se juntaram ao Canadá em um teste que o Instagram está realizando. O aplicativo está agora ocultando o número de curtidas das fotos e vídeos de outros usuários. Cada pessoa continua tendo acesso à contagem de likes de seu próprio perfil, mas não é possível ver esse dado em outros.

De acordo com a empresa, a intenção é que "os seguidores se concentrem mais nas fotos e vídeos que são compartilhados do que na quantidade de curtidas que recebem". No Canadá, onde a medida vem sendo implantada desde maio, o Instagram afirmou que os resultados estão sendo “positivos”.

Essa declaração do Instragram sobre a atualização, entretanto, não parece ser completamente verdade. Isso porque, em testes que fiz, em publicações de perfis que sigo e que também me seguem, logo abaixo do post, aparece o texto “Curtido por fulano de tal e outras pessoas”. Ao clicar nessa informação, vi uma lista de curtidores que supus ser o número total. Portanto, seria possível acessar a contagem geral de likes se aderíssemos à questionável prática do “me segue que eu te sigo”. Isso, definitivamente, não vai gerar interações mais verdadeiras e conteúdos mais relevantes. Além disso, a versão em desktop do aplicativo ainda mostra as contagens de curtidas de qualquer perfil. 

A meu ver, o ocultamento das curtidas é, antes de um incentivo à publicação de bom conteúdo, uma estratégia da empresa de Mark Zuckergerg para concentrar poder, impondo barreiras a quem quer consultar dados na plataforma. Isso quer dizer que o Instagram está fechando o cerco sobre a venda de engajamento digital, dificultando que outros tenham acesso a essas informações e, portanto, estabelecendo-se como a único capaz de negociar essa influência.

Com o corte na visualização pública das curtidas, o Instragram diz que está preocupado com o conteúdo postado, mas, na verdade, está declarando guerra aos influenciadores que compram likes e que, ao falsearem dados sobre engajamento, tiram investimentos do aplicativo. É claro que isso pode melhorar a qualidade das publicações, mas não é por isso que foi feito. Entretanto, a ação também complica a vida de influenciadores honestos. Empresas, salvo raras exceções, não tomam decisões porque são boas, mas porque querem fazer mais negócios.

Uma outra consequência dessa atualização será a consolidação de uma tendência que, há muito tempo, vinha se desenhando: a migração dos conteúdos pagos para os Stories. Sem acesso às taxas de engajamento provenientes das curtidas, a métrica mais confiável será a conversão feita a partir de ferramentas dos Stories, a exemplo do “arraste para cima”. Essa opção oferece à marca ou à agência dados sobre alcance e o retorno de investimentos de maneira mais direta e transparente.

O feed, coitadinho, já tão preterido em detrimento dos Stories, terá que se contentar em ser avaliado pelo número de comentários. Mas isso, como bem apontou um perspicaz analista, pode fazer com ele fique ainda mais desinteressante por estimular mensagens do tipo: "Deixe um 'oi' ou 'eu quero' nos comentários para eu te enviar o link, o material, a planilha, etc."

Frederico Franz

Conduzo pessoas e empresas pelo mar da comunicação e do jornalismo.

5 a

Obrigado Andrea Mazilão e Tobias Ferraz pelas gentis palavras.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos