Como manter a empregabilidade alta em tempos incertos

Desde que o mundo é mundo a demanda por profissionais de perfil especialista pauta o mercado de trabalho. 

Mesmo no período renascentista do Leonardo Da Vinci, o espaço para atuação multidisciplinar era destinado aos gênios - a maior parte dos profissionais tinha uma profissão rígida, definida pela sua filiação às associações profissionais chamadas de guildas. 

Mas algo está mudando na dinâmica laboral. Há alguns anos a demanda por profissionais multidisciplinares está em ascensão. 

A razão disso é a conjugação de 3 fatores: 

Catástrofes naturais e humanas (infelizmente cada vez mais comuns) geram problemas complexos, que pedem soluções inovadoras e criativas. 

Por ter uma bagagem ampla e diversa, o profissional multidisciplinar tem repertório próprio para explorar e (re)combinar, conseguindo propor abordagens que estão totalmente fora do radar de quem se especializa em um único campo do saber.  

As evoluções tecnológicas têm aumentado a sofisticação e complexidade dos produtos e serviços de quase todos os setores. É cada vez mais difícil que uma solução seja desenvolvida por um único profissional. Estamos na era do trabalho em equipe. 

E, nesse contexto, o profissional multidisciplinar tem um papel fundamental de integrar e conectar os diferentes saberes do grupo, além da óbvia vantagem de poder atuar em diferentes papéis em cada projeto. 

As já citadas catástrofes, somadas às  mudanças rápidas no perfil de consumo geram oscilações drásticas na demanda e oferta de produtos e serviços, que, por sua vez, tornam os layoffs parte da rotina. 

Neste contexto, o profissional com perfil “coringa”, que consegue transitar facilmente entre diferentes funções técnicas, se mantém empregado por mais tempo e se recoloca mais facilmente. 

Se você trilhou uma carreira de especialista e deseja se tornar mais multidisciplinar, seguem algumas sugestões:

1.Exerça a curiosidade. O desejo de conhecer mais, e experimentar mais é o combustível que move o profissional multidisciplinar. 

Um primeiro passo nesse sentido pode ser procurar se envolver mais com as atividades das áreas com quem tem interface no dia a dia, seja através de conversas ou cavando oportunidades para colocar a mão na massa junto de pessoas dessas áreas. 

2. Não diga que “não gosta” antes de experimentar (mais de uma vez). Você pode se surpreender. 

A ideia que temos sobre o que gostamos e o que não gostamos muitas vezes difere muito da realidade. Mesmo quando já experimentamos algo, detalhes do contexto interno (humor, expectativas, preocupações) e externo (equipe,cultura da empresa, ferramentas de trabalho) influenciam a percepção de prazer geral com a atividade. 

3.Abrace erros, frustrações e desapegue! Aprender a aprender e fechar ciclos é fundamental para seguir ampliando o seu repertório.

Uma pessoa que siga à risca a sugestão #2, naturalmente não vai curtir tudo que provar, mas isso é ótimo! Experimentar o gosto do contraste (gosto/não gosto; fácil/difícil, etc) acelera muito o processo de auto-aprendizagem, desde que a pessoa não fique com ideia fixa de que “precisa fazer dar certo” (neste caso, a aprendizagem fica estagnada e não há espaços para novas experiências). 

4.Ser multidisciplinar não é ser multitask! Adquira um novo conhecimento por vez. 

Mesmo quem tem uma rotina super diversa, com atribuições de diferentes áreas, costuma ir somando uma competência nova por vez. Seu tempo e o tempo que o cérebro sustenta o esforço cognitivo são limitados. 

Gostou do que leu e quer saber mais? 

O livro Porque os Generalistas Vencem em um Mundo de Especialistas, do David Epstein é um dos 3 livros de carreira que mais indico. O autor derruba o mito da especialização precoce como diferencial competitivo para o mercado de trabalho atual, fala do papel dos profissionais generalistas (outro nome para os multidisciplinares ;)) neste mercado e ensina como se tornar mais generalista a partir de estudos científicos e histórias de diversas pessoas.  

E você também pode contar comigo! Ajudo profissionais a identificarem os seus “ativos de carreira” (bagagem que serve de diferencial competitivo) e aumentarem a consciência sobre os seus padrões de aprendizagem, utilizando ambos como base para uma jornada de desenvolvimento de novas aptidões profissionais. 

E ajudo profissionais multidisciplinares a identificarem fios condutores de sua carreira e a comunicarem a sua jornada de forma a transmitir coesão entre as diferentes experiências e alinhamento entre o passado e as oportunidades que deseja atrair.