Como namorar pela internet?

Como namorar pela internet?

Quando falo de namoro pela internet a primeira coisa que penso é no filme emblemático Mens@gem para Você, de Nora Ephron e com um belo elenco, como Tom Hanks, Meg Ryan e Parker Posey. A trama evidenciou os relacionamentos à distância, onde a dona de uma pequena livraria, Kathleen Kelly, odeia Joe Fox, o proprietário da gigantesca rede de livrarias Fox Books. MAS, no momento em que os dois se conhecem, através da internet, iniciam um romance online muito intenso e anônimo.

Eu sei, agora você deve estar se perguntando: Qual a relação da história do filme com as marcas?

De forma geral, a pandemia trouxe um fator novo para muitas marcas, que foi a necessidade da presença digital se sobrepor aos famosos PDV’s (ponto de venda) e revelou, fortemente, que o fato de uma marca ter ou não um PDV, não é mais um fator decisivo na hora do consumidor realizar uma compra.

Lembro quando fui à uma loja imensa da Apple, com experiências para todos os lados, poderia usar, testar, conhecer todos os aparelhos ali na hora. Olhei para o lado direito da loja e tinha uma turma pequena tendo aula de como tirar boas fotos no Iphone, olhei para o fundo da loja e tinha uma banda tocando para crianças, uma loucura, mas que me fazia não querer sair dali. Eu, como bom fã da marca que sou, e como alguém que queria ter seus produtos, estar ali era um entretenimento, não apenas uma simples visita em uma loja para comprar um produto. Ok, eu sei, a Apple sempre deu aula disso! Mas, logo mais à frente da loja da Apple, entrei na loja da Adidas pois eles estavam lançando um tênis que tinha aderência espacial (ou algo tipo isso) e tinha no meio da loja uma máquina gigantes, que simulava o espaço, você colocava o tênis, entrava na máquina e caminhava virtualmente em marte. Fiquei na fila para viver a experiência da máquina, e foi algo surreal e depois desse momento, o valor do tênis nem parece tão alto.

Nos últimos anos estamos vivendo, quase que diariamente, a busca por espaços instagramáveis! Exemplos disso são as cidades que estão mudando suas estruturas para fazer parte das redes sociais dos seus visitantes, ou os restaurantes que cada vez mais estão caprichando na apresentação dos pratos, que antes de serem devorados vão parar no stories de algum perfil no Instagram. E o motivo de tudo isso? A Big Experience!

Mas aí veio a pandemia, né...

Sem loja física, sem contato humano e com um clima aterrorizante que nos assola, o namoro entre marcas e consumidores esfriou muito. A marca mandou um "oi sumido" para o cliente, que agora tem diversos outros pretendentes no seu WhatsApp e aquele amor que estava sendo construído, limitou-se a poucas mensagens trocadas pelo celular, algo frio, pouco impactante e nada sedutor. Por isso, o desafio de muitas marcas hoje, é como levar toda essa experiência física e sedutora para o mundo digital? E para o consumidor, a pergunta que fica é: Quem está flertando com ele no WhatsApp? É apenas um perfil que fala o que ele quer ouvir com objetivo específico de uma venda ou é um perfil que gostaria de construir uma relação sólida com um possível cliente? Que grande desafio!

O que ficou muito claro, ao longo da pandemia, é que não tem outro caminho para as marcas, elas precisam parecer ou de fato ser bons cidadãos de negócio para sociedade, elevando o nível de confiança das pessoas com a marca, de forma mais institucional e coletando todos os dados possíveis dessa relação, para entender quando, como e por qual motivo irão falar com os clientes. O foco em relacionamento é um grande desafio para a cultura empresarial, já que, para muitas empresas, investir 1 milhão de reais para montar uma loja em algum shopping, sempre fez mais sentido, pois é naquele espaço que a relação com as pessoas e o elevado fluxo de público que o shopping garantia, fazia a conta fechar. Porém, para muitos gestores, investir metade disso para criar um ambiente digital que traga opções para se relacionar com os clientes de forma próxima - mesmo que digital - e levar pessoas para estes canais de relacionamento para aí gerar vendas, ainda não faz muito sentido. Sabemos que para muitos ainda existe a falsa impressão que a internet não tem dono e a loja do shopping é minha! Ora, a loja pode até ser sua, mas a estrutura não é, nem fisicamente, nem na internet.

O que eu quis trazer nesse texto é que os consumidores agora estão cada vez mais conectados, ligados e atentos em todas as iniciativas digitais das marcas. Lembro que em 2019 ouvi uma fala do Dominique Delport, da Vice, onde ele dizia: "Estamos lidando com pessoas que a cada dia mais entendem como funciona a mídia, como usamos as ferramentas e como impactamos seu espaço." Creio que ele esteja cada vez mais certo!

Por isso, não basta para as marcas apenas conhecer e saber usar as ferramentas, é preciso algo mais profundo, se relacionar é uma arte e as marcas precisam aprender, cada dia mais, como fazer isso na internet.

Mas, como eu sempre falo nos meus artigos, tudo isso é muito novo! Para 95% das pessoas e empresas, não podemos exigir que todos entendam a usabilidade de uma ferramenta ou que entendam como namorar pela internet. O mundo atual segue sendo um desafio quando o assunto é negócios e relacionamentos (seja entre marcas x pessoas ou pessoas x pessoas), é preciso muito estudo, muito teste, é preciso também, muito investimento e uma real consciência da necessidade da empresa em se transformar digitalmente levando o seu foco no relacionamento com os clientes. Pois, o que eu vejo, é que mesmo após a pandemia, quando as lojas físicas voltarem, os consumidores já terão entendido como usar a internet para consumo e principalmente para se relacionar com as marcas.

No meio de tudo isso, conseguimos perceber uma oportunidade ímpar para as marcas criarem um legado digital e digo isso do ponto de vista relacionado à estrutura, equipe, verba e pensamento. E para pensar: Se todos não podem abrir suas lojas, pode-se, então, usar isso para acelerar o processo de digitalização do negócio, e principalmente, para criar uma nova forma de relacionamento com os clientes, não digital, não física, mas duradoura e usando tudo que estiver à disposição.

Curiosamente, no filme Mens@gem Para Você, os dois webnamorados descobrem que são concorrentes de negócio. A arte imita a vida!

Seguimos acompanhando!

Jessiane Cunha

Processos | Customer Success | Aceleração | CRM

8 m

Rafael, obrigada por compartilhar .. 🙂

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