Como a neuroplasticidade contribui para o aprendizado?

Como a neuroplasticidade contribui para o aprendizado?

Durante muito tempo ao longo da história, o cérebro era um órgão em que se quer sabiam da sua existência, pois o coração é que era atrelado ao saber e a inteligência. Somente no século V a.C é que houve o primeiro ponto de partida para a neurociência. Os gregos acreditavam que a mente estava situada no coração, enquanto o cérebro era utilizado somente para resfriamento do sangue.

Após isso, houveram os primeiros avanços: Alcmeão de Crotona, um médico, discípulo de Pitágoras, foi o primeiro a considerar que a mente estava localizada no cérebro mas ainda assim, não era capaz de entender toda a potência desse órgão. Hipócrates, além de afirmar essa teoria, também falou sobre a lateralização do cérebro, um avanço tão revolucionário que não foi absorvido pelas pessoas da época, vindo à tona somente dois mil anos depois.

Com o nascimento de Jesus Cristo e a disseminação do Cristianismo, os estudos na área da neurociência foi prejudicado, pois era proibido a abertura do corpo humano e a dissecação de cadáveres.

Somente durante o Renascimento, entre os séculos XIV e XVI, onde surge o movimento Naturalista, que norteia a diminuição da influência da religião combinada uma crescente valorização da racionalidade.

Tudo que sabemos sobre o funcionamento do cérebro é relativamente novo, pois essa é uma ciência em desenvolvimento. Até pouco tempo atrás, achavam que o cérebro não mudava mais de forma positiva após a infância e que a partir a vida adulta, todas as mudanças eram negativas ou até mesmo, ao absurdo de acreditar que o cérebro não funcionava enquanto não estávamos fazendo nada.

Porém, os estudos mais recentes apontam que todas as vezes que aprendemos algo, o cérebro muda e o nome dado a esse fenômeno é neuroplasticidade. Há um alto nível de reorganização cerebral na fase adulta e as mudanças não são limitadas pela idade.

Existem três formas básicas de mudar o cérebro: Quimicamente, com alteração da estrutura ou funcionalmente.

De forma química, através de transferências de sinais químicos entre os neurônios, que desencadeiam uma série de ações e reações que estão ligadas a memória de curto prazo.

A alteração de estrutura pode mudar as ligações entre os neurônios e está ligada a memória de longo prazo. Com a repetição e aprendizagem, podemos ver mudanças de redes inteiras de atividade cerebral.

De forma funcional, existe uma adaptação por parte do próprio organismo. Por exemplo, cegos tem as partes do cérebro relacionadas a sensorialidade da mão, mais desenvolvida.

Para estimular a neuroplasticidade, deve haver um número alto de práticas para estabelecer as conexões neurais. Ter a dificuldade ou esforço aumentados durante a prática, leva a mais aprendizagem e maior mudança estrutural no cérebro.

Por isso, devemos ter bastante cuidado com os hábitos e comportamentos, pois esse fenômeno também pode ter efeitos negativos, levando a vícios e dependências, de acordo com a atividade praticada. Tudo que fazemos e não fazemos, mudam o nosso cérebro.

Por exemplo, ao decidir mudar de hábitos, devemos repetir as ações de forma a criar uma rotina com determinados padrões de repetição. Existem conexões neurais que precisam de mais e outras, de menos tempo para se estabelecerem, a depender da complexidade e do envolvimento com a tarefa. Com o passar do tempo, um conjunto de padrões neurológicos, que representam os hábitos antigos, serão substituídos por novos, ativando e mudando novas partes do cérebro.

Toda a nossa vida é definida pelos hábitos que fortalecemos com as repetições. Por mais que a maioria das decisões que tomamos diariamente, pareçam que são tomadas com atenção e consideração, não são. São hábitos e ao longo do tempo, as nossas respostas as pessoas, escolhas de refeições, respostas a gastar ou economizar dinheiro assim como o modo como organizamos pensamentos e rotinas de trabalho tem impactos enormes sobre a saúde, produtividade, segurança financeira e felicidade.

Por tanto, devemos aproveitar do fenômeno da neuroplasticidade para que, com disciplina, possamos estabelecer sempre novos padrões e mais saudáveis padrões de comportamento e aprendizagem.


REFERÊNCIAS

TIEPPO, Carla. Uma viagem pelo cérebro. A via rápida para você entender a neurociência. 1ª Edição. Editora Conectomus, 2019.

DUHIGG, Charles. O poder do hábito. 1ª Edição. Editora Objetiva, 2012.

BOYD, Lara. After watching this, your brain will not be the same. Youtube, 2015. Disponível em: www.youtube.com/ watch?v=LNHBMFCzznE. Acesso em: 15/04/22.

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