Como o ESG tem aquecido o mercado no agro
Traduzida do inglês como melhores práticas Ambientais, Sociais e de Governança, a sigla ESG está revolucionando o mercado financeiro. O estudo EY 2018 Global Climate Change and Sustainability Services mostrou que para 96% dos investidores ouvidos, o ESG ocasionalmente ou frequentemente desempenhou um papel fundamental na tomada de decisões.
De acordo com a pesquisa, o risco ou histórico de más práticas de direitos humanos ou de mudanças climáticas também fariam com que quase metade deles descartassem imediatamente um investimento. E o Agro não escapa disso.
Uma das maneiras pelas quais produtores agrícolas têm aderido às medidas de ESG são os financiamentos sustentáveis. Tratam-se de operações de crédito nas quais o uso dos recursos é especificamente destinado a projetos ambientais e/ou sociais. Podem ser também transações que atrelam o valor dos juros ao desempenho socioambiental das empresas. Vamos entender melhor.
Os principais tipos de financiamentos sustentáveis
Esse tipo de financiamento pode se dar por meio de empréstimos bancários bilaterais, em que há apenas um banco envolvido na operação, ou não-bilaterais, chamados de sindicalizados. Para além deles, há a emissão de títulos no mercado local (como CRA, CRI e Debêntures) e, principalmente, no internacional, por meio dos bonds.
As modalidades de financiamento sustentável que estão mais em alta são os green bonds e sustainability linked bonds ou loans:
Recomendados pelo LinkedIn
O cenário positivo dos investimentos sustentáveis
Se a mentalidade dos investidores já vinha mudando nos últimos anos, como apontei no início deste artigo, a pandemia de Covid-19 foi a virada de chave necessária para que eles compreendessem que o futuro dos investimentos andará de mãos dadas com o desenvolvimento sustentável.
De acordo com um relatório do time global de Capital Markets do Rabobank, em 2021, a emissão mundial de títulos atrelados a projetos e iniciativas sustentáveis atingiu o recorde histórico de €93,8 bilhões, representando 45% de todos os títulos ESG emitidos até agora. Os green bonds também alcançaram a marca de quase €60 bilhões, um crescimento de 71% em relação a 2020.
Além disso, em termos financeiros, temos a novidade de que, tanto no mercado primário como no secundário, os papéis vinculados à sustentabilidade estão operando melhor que os não vinculados. Nos Estados Unidos, por exemplo, os fundos de investimentos sustentáveis superaram os pares tradicionais no ano passado, segundo o Instituto Morgan Stanley para Investimentos Sustentáveis.
Esse cenário não está sendo construído apenas por causa de legislações e regulamentações ambientais, mas também devido à demanda dos próprios investidores e dos consumidores em encontrar empresas alinhadas com o ESG. Junto com a necessidade de combater as mudanças climáticas e injustiças sociais, surgem cada vez mais evidências de que esse tipo investimento leva a melhores resultados financeiros.
Para construir estratégias de investimento ESG, é necessário ter tecnologias capazes de dar suporte aos empresários, especialmente em um momento de volatilidade como o que estamos vivendo. No Rabobank Brasil, temos uma parceria com a Agrotools para monitorar via satélite as áreas financiadas/dadas em garantia. O Carbon Bank, criado em 2020, é mais um exemplo de investimento e inovação nessa área e que está já em fase piloto com diferentes projetos em diferentes regiões do mundo, incluindo uma iniciativa no Centro-Oeste brasileiro.
Essa é uma tendência global, e podemos ver cada vez mais empresas brasileiras incluindo essas iniciativas em suas estratégias. Mais do que isso, vemos a importância e o impacto positivo que elas têm para os negócios e, principalmente, para o mundo.