Como a ocultação das curtidas no Instagram poderá afetar a saúde mental dos usuários?
Dois meses atrás, o Instagram revelou alguns testes para ocultar o número de curtidas de fotos e vídeos. O anúncio foi feito durante uma conferência de desenvolvedores do Facebook, a F8.
Mesmo com resultados positivos, a começar pelo Canadá, a expansão do teste será necessária. É importante compreender a aceitação das mudanças e o modo como elas afetam a usabilidade do aplicativo.
A alteração vale para as imagens na linha do tempo (timeline) e também para as fotos publicadas no perfil dos usuários. O objetivo dessa mudança é “ajudar a comunidade a se engajar ainda mais com as fotos e vídeos ao invés de estimular a interação apenas por meio do número de curtidas (likes).”
Em nota, a empresa afirmou:
“Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram.”
É o fim das curtidas no Instagram?
Calma! Não é o fim das curtidas. Elas não deixarão de existir. Porém não serão mais públicas. Somente os donos dos perfis poderão ter acesso.
Nos últimos tempos, o engajamento se tornou uma das métricas mais importantes para determinar a popularidade de uma publicação. Quanto mais likes e comentários, mais pessoas visualizavam a publicação no feed.
O problema é que essa medida possibilitou a compra de seguidores e de curtidas para aqueles usuários que não conseguiam resultados de maneira orgânica.
Ainda é muito comum a frustração de algumas empresas ao contratar influenciadores com muitos seguidores e curtidas, mas sem nenhum engajamento.
O caso da influenciadora com mais de 2,6 milhões de seguidores que não conseguiu vender nem 36 camisetas é um ótimo exemplo. Ele demonstrou que o que realmente importa é mesmo o engajamento, e real, além de uma boa estratégia de marketing.
As verdadeiras vítimas dos Likes
Algum tempo atrás, escrevi um artigo falando sobre como as expectativas em torno das publicações (número de curtidas e comentários) podem afetar o psicológico das pessoas.
“Quando o número de likes é inferior às expectativas criadas em torno das publicações, muitas pessoas acabam se sentindo desmotivadas.
Por conta disso, algumas pessoas acabam até desistindo de criar conteúdo e compartilhar seus pontos de vista sobre determinados assuntos.”
A psicologia por trás dos likes
Existe uma psicologia por trás das curtidas e, como explicou o psicólogo Larry Rosen, professor e pesquisador do Departamento de Psicologia da Universidade do Estado da Califórnia, as curtidas funcionam como
um exemplo de “empatia virtual” e nós sabemos o que significa ter empatia com alguém: ter a habilidade de compreender e compartilhar o estado emocional ou o contexto de outra pessoa."
Em outras palavras, quando clicamos no botão curtir, é como se estivéssemos nos comunicando e reconhecendo a outra pessoa.
Não significa, necessariamente, que estejamos curtindo – no sentido de gostar. Ao contrário, estamos reconhecendo. É como se disséssemos:
“Estou vendo. Eu compreendo. Estou aqui”.
Quando curtimos um status ou uma publicação com o qual concordamos, é como se admitíssemos publicamente a nossa concordância pelo simples clicar de um botão.
Porém, quando, do outro lado, ninguém “reconhece” o nosso trabalho clicando no botão curtir, é como se o nosso trabalho ou a nossa imagem não tivesse nenhum valor.
Alguns dos possíveis benefícios dessa mudança proposta pelo Instagram será o de evitar a cobrança em torno da própria imagem e amenizar a competitividade sem limites.
Essa cobrança por muitos seguidores torna a rede cada vez menos espontânea.
Uma tentativa genuína de mudar a ansiedade
A nova medida também demonstra, no fundo, uma preocupação com a saúde mental dos usuários. Sabemos que as curtidas representam uma espécie de legitimação social da imagem compartilhada e os efeitos colaterais podem ser devastadores.
É preciso trazer de volta a cultura da espontaneidade e com isso a extinção dos mundos perfeitos e sem defeitos. Essa mudança poderá funcionar como uma tentativa de melhorar a ansiedade e a necessidade de aceitação de muitos usuários.
E uma nova chance para os criativos e influenciadores
Como afirmou Beca Alexander, em entrevista ao Talking Influence,
“será necessário dedicar um tempo maior para analisar o engajamento em relação ao número de seguidores. Afinal, a interação com o público é a verdadeira fonte de vendas de um influenciador.”
Os comentários e as curtidas foram, por muito tempo, a única maneira de medir o engajamento de um influenciador. Hoje em dia, a importância se afastou lentamente de curtidas para outras métricas como alcance, impressões e cliques.
Com o fim dos likes, uma possibilidade é que os influenciadores entreguem relatórios à agência ou marca, já que apenas o dono do perfil terá acesso ao número de curtidas e visualizações.
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Referências:
Clips / Meio & Mensagem / Exame
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Sobre o autor:
Decidi escrever por aqui por achar que alcançaria pessoas dispostas a compartilhar informações com verdadeiros significados. Espero que minha escrita possa ajudar muitas pessoas em todos os sentidos possíveis. Vamos gerar relevância e transformar aquilo que está ao nosso alcance!
Vendedor na Via Zappa
5 aAchei maravilhoso
Supply Chain & Sporting Goods Industry
5 aSó vai colocar “luz” no problema.
CEO - Instituto de Desenho Instrucional
5 aSonho de consumo! Posto muitos artigos e confesso que achei a ideia genial! Necessária e inteligente. O ser humano precisa aprender a se comunicar na rede, se engajar. Nao apenas de forma muito "lazy" apertar um botao. Resta saber se a partir de agora o engajamento realmente surtirá efeito em tempos de preguica tecnologica. Pessoas desaprenderam a pensat e reagir! De olho...
Executive Manager at InfoBranding I Palestrante l Especialista em Branding l Coordenadora de Pós Graduação e MBA
5 aAcredito que agora o engajamento verdadeiro será melhor para todos. Parabéns pela analise realizada!
Consultora de Comércio Exterior
5 aParabéns! Gostei bastante da publicação.