Como a padronização da competitividade afeta o seu dia
Por viver uma enriquecedora, mas complexa rotina - com a missão de trabalhar alocado em um cliente - hoje fica claro o impacto que uma gestão buscando a harmonia entre pessoas, demandas e entregas, pode causar no quadro geral de qualquer empresa.
Em uma realidade onde ser workaholic, mesmo acabando com a nossa saúde, é visto como motivo para se gabar com colegas e amigos (além de render bons stories), não se perder no pensamento coletivo de que precisamos viver para nossos empregos é cada vez mais difícil, principalmente em áreas como tecnologia e publicidade, tão desejadas e glamourizadas por grande parte da nova geração e movidas por um alto nível de competitividade, café e pizzas em hora extra.
Essa rotina inspirada por ambientes de coworking e agências sem ponto, normatiza o estresse, as jornadas prolongadas e o sentimento de que sempre deveríamos estar fazendo mais, em um ciclo que se retroalimenta, fomentado por frases motivacionais e incentivando um senso de disputa, por vezes implícito e por outras aplaudido.
Como resultado dessa equação, temos uma ambição desenfreada, onde esse ecossistema acaba não sendo mais o meio para um fim, mas sim o meio como um estilo de vida.
Voltando ao meu dia a dia como gerente de operações em uma agência digital, minha principal e mais delicada tarefa é a supervisão de dois projetos de longa duração (mais de um ano cada), tendo como objetivo o equilíbrio entre estar junto ao cliente para ouvir - e entender - suas necessidades e transcreve-las de maneira eficiente, porém empática, para um time remoto. É preciso ser a voz do cliente para a equipe e a cara da equipe para o cliente, seja para o bem ou não.
Pela experiência que acumulei em quase uma década de mercado publicitário, ao encarar situações que exigem grandes esforços das equipes, hora extra ou qualquer outro sacrifício (daqueles vistos como motivo pra se "gabar"), me desafio hoje a sentar com cada um dos que foram impactados, entender as razões que levaram a esses cenários e planejar meios de que eles não virem regra.
O artigo em destaque no boletim do LinkedIn do dia 18/02, escrito por Lilian Sanches, mostra números alarmantes de afastamentos de funcionários por motivos psicológicos, causados pelas rotinas incessantes e pelo senso de competição no trabalho. Outros artigos, como o escrito por Eberson Terra em 11/03, destacam o efeito cascata causado pela cultura do "cada um por si" e como isso atrapalha o senso de pertencimento e unidade, fundamental para o crescimento e satisfação de qualquer um.
Tendo visão clara do panorama geral, seria injusto culpar os jogadores, quando tudo é percebido e ignorado por diretores e gestores que poderiam estar mudando as regras do jogo.
São comportamentos que facilmente se padronizam e acabam virando cultura em empresas que apenas observam, sem a menor intervenção.
Se você convive com essa realidade ou consegue perceber os padrões se formando ao seu redor, reserve um momento do dia para pisar no freio e refletir como isso tem afetado tanto você, quanto a relação com seus colegas e equipes. Tente lembrar que a longo prazo, é insustentável a competitividade consigo mesmo - sempre subestimando o próprio esforço - e principalmente a competitividade com os que o cercam, pois nenhum emprego é definitivo, mas a imagem com a qual será lembrado, é reflexo direto da maneira que você age a cada dia, de como você trata os outros e também a si mesmo.
Estratégia | Marketing | Tráfego Pago | AI
5 aÓtimo artigo, adorei. No meu antigo emprego cheguei a ficar doente (febre e tudo!) por não saber lidar com os abusos que aconteciam em cima de mim, exigências demasiadas, mensagens às 22hr e etc. Eu queria me dedicar ao máximo e fazer um bom trabalho e demorei a me dar conta do quanto aquilo afetava na minha vida pessoal. Pedi demissão e fiz um 'trato' comigo mesma, de não deixar isso acontecer de novo. É importante a gente se preservar e estar sempre bem, pois trabalhamos com a criatividade e, principalmente, com o desejo e sonhos das pessoas.