Como a paternidade me transformou em um profissional mais humano e assertivo
O que vou relatar aqui é uma experiência única, pessoal e intransferível. Não tem a pretensão de ser manual de nada nem de promover um FlaFlu entre quem é pai ou quem não tem nada a ver com isso. É um momento que resolvi compartilhar porque acredito que dividir coisas boas, especialmente em tempos tão bicudos como os atuais, nunca é demais. Pelo contrário, agrega.
Nesta quinta-feira, dia 28, minha filha Cora completa 2 anos. E, entre as muitas memórias que me vieram à mente nos últimos dias, resolvi me aprofundar em um aspecto que, ao meu ver, é pouco abordado na literatura de gestão: os ganhos trazidos pela paternidade no âmbito profissional.
Confesso que me surpreendi.
A paternidade me ensinou a comemorar cada vitória, por menor que ela pareça. O primeiro som, o primeiro sorriso, a primeira palavra dita, os primeiros passos. Testemunhar momentos como esses me fez lembrar que nem tudo na vida é volume de venda, contrato, meta, bônus ou audiência. A vida real é simples e linda e ser pai me fez resgatar esse conceito, talvez perdido no tempo, no meu tempo, mas que hoje aplico em minha rotina organizacional.
A paternidade me ensinou a extrair o melhor de cada pessoa. Sempre acreditei que um dos alicerces de uma empresa vitoriosa era a tolerância. Mas o que é tolerar? Suportar o outro? Substituí "tolerância" por "respeito". Ao ver minha filha, tão pequena, agir de forma tão incisiva, me convenci de que cada um de nós vem com um chip, que foi criado e age com base em seus instintos, cultura e valores. E isso muda tudo. Hoje me condiciono para extrair o melhor de cada um que atravessa o meu caminho. E o ganho está exatamente aí.
A paternidade me ensinou que o meu tempo é relativo. Na vida, assim como nos negócios, a ansiedade não acelera processos. Acontece que eu não me dava conta disso – ou não queria me dar. O relógio biológico de pais e filhos, para lamento e desespero dos primeiros, está quase sempre em descompasso. Trazendo isso para o campo profissional, tenho aprendido que, em certos casos, melhor até do que ditar o ritmo das coisas, é acompanhar a cadência natural do que está por vir. A vida tem um tempo que, normalmente, não é o meu.
A paternidade me obrigou a criar rotinas. Seja ela militar ou flexível, a rotina na vida de uma criança é essencial. Hora de comer é hora de comer, hora de brincar é de brincar, hora de dormir, bem... deveria ser de dormir. Essa reeducação dentro de casa, e fora, com idas ao pediatra e outros compromissos, me recolocou num eixo que andava distante. Criar uma rotina familiar, curiosamente, me fez encarar a agenda corporativa de outra forma. Voltei a delimitar dias para certas atividades e trabalho duro para segui-las à risca.
A paternidade reforçou minha busca pelo bom exemplo. Liderar pelo exemplo sempre foi a minha grande meta. A vida toda segui pessoas que admirei – e elas não precisavam ocupar cargo de chefia algum para isso. Eu as seguia e ainda sigo pelo que são, não pelo que têm. Sigo porque me identifico, porque gosto, para aprender algo de útil e, depois, para repassar esse algo de útil. Ser pai é dar o exemplo o tempo todo e ser cobrado pela vida por isso. É falhar também, claro, mas saber reconhecer e procurar não repetir o erro.
A paternidade me provou que a família é o berço de tudo. Não importa se você tem filhos, se é casado ou se mora com os pais. É dentro de casa que nascem as suas vitórias na carreira. É em meio aos seus que você ganha equilíbrio, se recompõe dos tombos e ouve conselhos daqueles que querem o seu bem incondicionalmente. Costumo brincar com minha mulher, Elisa, que o que mais gosto "é não fazer nada junto com a família", mesmo com um milhão de programas disponíveis. Ao me tornar pai, aprendi a dividir melhor o tempo e aproveitar casa e trabalho mais intensamente.
A paternidade me tornou mais assertivo. Ser pai me deixou mais seguro de minhas escolhas, firme nas minhas posições e coerente com as minhas posturas. Me deu mais objetividade, foco e argumentos para dialogar. Me trouxe mais presença de espírito e um profundo senso de respeito para com o outro. Me deixou menos reativo às críticas. Me tornou mais zeloso e responsável. Me ensinou a ouvir o que não é dito e a ler o que não está escrito.
A paternidade me tornou um ser humano melhor.
*****
Ficaria honrado em você seguir meu perfil e acompanhar meus textos semanais no Pulse.
Também te espero no meu Twitter e Instagram.
Obrigado e volte sempre @marctawil
Gerente de Produto Sênior | Estratégia de Produto | Comunicação | Inovação Digital | IA e Interoperabilidade de Dados de Saúde | FHIR | Certificado PM3 e HL7
8 aÉ Renan Mendes Morais, todo esforço agora tem direção sem a necessidade de planejamento, o sentido do eixo das prioridades simplesmente muda e vc é capaz de perceber pequenos detalhes que agora tem um grande significado. Muito bom texto! Parabéns Marc Tawil
Account Director at KANTAR
8 aMuito bom Jonathan Souza!!
Advisor | Board Member | Digital Entrepreneur
8 aexcelente, já entrei no mesmo caminho!!! felicidades.
Sócio Gerente na Henrique Pereira & Consultores Associados
8 aExperiência não esquece nunca : quando tal acontece é porque o Curso ou Mestrado foi tirado por correspondência.
Supervisor de Processos / Marketing Digital / Engenharia Mecânica / Informática / Auditor Interno de SGI
8 aEstou terminando um que foi da infância o que aprendi com ela, quando estiver finalizado deixo aqui o link para você dar uma conferida, falando do seu material, muito bom, ter essa visão e de outras coisas nos fazem ser não só um melhor profissional mas também mais ser humano. Parabéns.