COMO A POLARIZAÇÃO AFETA SUA VIDA E SUAS RELAÇÕES
Em primeiro lugar vamos entender a origem da palavra polarização. Como qualquer outro animal, o ser humano, no início dos tempos, com um objetivo claro, apesar de inconsciente, buscou adaptar-se às circunstâncias e ao meio ambiente para sobreviver o maior tempo possível e passar seus genes a seus descendentes. Para alcançar esse objetivo, precisamos criar atitudes, ações e comportamentos, alguns positivos e outros nem tanto.
A finalidade era de sobreviver o maior tempo possível, sem correr riscos desnecessários e assim passar para os descendentes as melhores práticas.
Uma das estratégias foi associar-se em grupos para enfrentar os animais selvagens e os adversários. No entanto para pertencer a um grupo sempre havia duas condições fundamentais: a) mostrar confiança e b) ter extrema lealdade.
Naqueles remotos tempos ser leal era primordial. Não havia espaço para análises dos fatos, novas ideias e pensamento crítico independente. Pertencer a um grupo e ser leal a ele foi questão de sobrevivência e os humanos de outros grupos adversários era considerados inimigos mortais.
“Estávamos sempre em polos opostos.”
A polarização na política.
Na política, o significado estrito de polarização é simplesmente a divisão de uma sociedade em dois polos a respeito de um determinado tema. Porém, essa palavra tem sido usada de um modo mais negativo: polarização é como chamamos a disputa entre dois grupos que se fecham em suas convicções e não estão dispostos ao diálogo.
No entanto ao longo dos séculos fomos mudando a nossa forma de organização política e de poder, O mundo em que vivemos é totalmente diferente daqueles onde os nossos adversários era inimigos mortais e precisavam ser literalmente eliminados. Uma das maneiras criadas é a democracia, atribuída aos gregos há mais de 2 mil anos
Na democracia, não seria necessário usar a força para chegar ao poder; não seria necessária a violência mas, seria pelo debate de ideias e a discussão de propostas para melhorar a vida de todos. Utilizaríamos o voto e quem convencesse mais cidadãos e conseguisse mais votos chegaria aos postos de comando. A democracia como apontam Steven Levitsky e Daniel Ziblatt”, requer *respeito às regras comuns, reconhecimento da legitimidade dos adversários (ou seja, tratá-los como competidores legítimos dentro de uma disputa igualitária), tolerância e diálogo.*
O excesso de polarização compromete definitivamente a democracia. O radicalismo incentiva que os grupos sejam tratados como inimigos mortais, dificulta o dialogo e proporciona a prática de não observar as regras, os regulamentos e as leis.
Chegamos ao final fazendo uma constatação: aqueles que procuram se manter fora desses dois grupos, apresentando outras visões e ideias, ou mesmo quem defende que ambos os lados têm suas falhas e virtudes, é tratado como “isentão” ou estão em “cima do muro”; Quaisquer alternativas apresentadas são imediatamente invalidadas.
A polarização afetando a vida e os relacionamentos
A polarização tem seu lado bom?
Sim, há diversas opiniões favoráveis a polarização.. Nelson Ferreira Marques Júnior, doutor em história política do Brasil, defendeu uma posição=favorável em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo.
Segundo ele, a divisão da sociedade em dois polos distintos faz parte do desenvolvimento da democracia. e não pode ser considerada um mal em si. Além disso, “a alternativa à polarização geralmente é a supressão”, de acordo com o jornalista. Isso vai ao encontro do que afirmou Nelson Ferreira Marques Júnior: “gerar consensos sem as polarizações é aceitar sempre o status quo”. Corremos o risco de colocar em prática a frase de Nelson Rodrigues: A unanimidade é burra.
É possível diminuir o excesso da polarização?
Sim, e embora estes comentários não sejam conclusivos e podem não abordar tudo que é necessário, algumas dicas podem ser utilizadas com relativo sucesso:
Educar a si mesmo
Nós somos falhos, antes de divulgar, opinar, debater ou postar nas redes sociais algo, lembre-se que há sempre uma chance de estarmos equivocados e que podem haver outros dados e informações que podem mudar nossa visão do mundo. Pensar para pensar, Pensar para falar, Pensar para agir.*Lembre-se que o mundo não se divide apenas entre direita e esquerda.*
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Conhecer as falhas em nossos raciocínios e visões de mundo nos torna mais abertos a argumentos discordantes, que podem inclusive nos fazer rever certos pontos e evoluir intelectualmente, emocionalmente e espiritualmente. Estude mais como funciona seu cérebro, leia mais, conheça mais tipos de pensamentos. .
Como estou pensando?
Tão importante quanto estar atento às falhas em nossas visões e argumentos é entender como eles são construídos. Chegamos às conclusões por meio da análise de fatos e evidências? Demos pesos iguais (ou pelo menos parecidos) às opiniões divergentes sobre o assunto?
Vale lembrar de uma regra simples. Primeiro, deve-se analisar as informações, fatos e evidências, para depois formar uma opinião. É pensar como um cientista, que formula hipóteses a partir da análise do conhecimento disponível e coloca essas hipóteses à prova.
Também é importante ter em mente uma frase do jornalista e escritor Christopher Hitchens: “não importa o que você pensa, mas como você pensa”.
Como conversar com os outros
As pessoas podem mudar de opinião. As pessoas quando recebem evidências e fatos científicos tem a tendência de raciocinar e podem criar novas opiniões ou novas visões a respeito do nosso mundo. As ofensas pessoais, sarcasmos, piadas de duplo sentido, mentiras e fakenews, dificultam a relação e aumentam o desejo de manter as visões polarizadas e o tratamento dos outros como inimigos.
Os valores importam.
Toda vez que temos opiniões discordantes e utilizamos o confronto o dialogo fica prejudicado. Use os valores da própria pessoa. O site politize.com dá um exemplo: um conservador tem maiores chances de aceitar uma proposta progressista, desde que ela venha “embalada” em um discurso que usa os valores conservadores – e vice-versa.
Empatia é essencial
Coloque-se no lugar do outro Isso aumenta as chances de convencer respeitando os pontos de vistas, as opiniões e os pontos positivos com visões diferentes.
Ninguém deve ser considerado inimigo só por pensar diferentemente de nós. Afinal, o mundo é complexo e aqui não é uma briga entre bem e mal.
Se quiserem envio todas as referências que utilizei para escrever estas breves linhas. Há muito mais que pode ser explorado. Afinal estamos todos no mesmo barco.
Estou aberto ao diálogo.
Fim
Armando Pastore Mendes Ribeiro
Master Trainer em PNL
Referências: