Como Preparar seu Cérebro para o Ano Novo
Ah, o Ano Novo! Tempo de renovação. A menos, é claro, que você seja como a Gabriela: "Eu nasci assim, eu vou ser sempre assim." O mundo mudou. As "Gabrielas" não tem chance de sucesso. Nem mesmo de sobrevivência neste mundo novo.
Mas, convenhamos, nem dá pra escapar. As mídias estão por aí, gritando em alto e bom som que é hora de mudar, de buscar felicidade. E, hoje, ser feliz não é suficiente; tem que parecer, tem que postar, tem que sorrir bonito na foto.
E não adianta apenas fazer apenas promessa. Tem estudo com 3000 pessoas que fizeram listas de promessas de fim de ano apenas 12% delas conseguem cumprir suas resoluções de Ano Novo.
O problema? Não é você, é o método! Nosso cérebro adora promessas, mas detesta mudanças. Criar uma lista de desejos no dia 31 de dezembro é lindo. Achar que ela vai se concretizar como mágica é, uma armadilha. Ganhar presente é no Natal que já passou. No Ano Novo é você quem tem que batalhar para conquistar o que deseja.
Alias, vamos lembrar. No ano passado você fez alguma promessa? Cumpriu quantas? Se cumpriu mais da metade parabéns. Se cumpriu todas quero te conhecer. Você é um fenômeno de disciplina. Por menores que tenham sido suas vitorias, aproveite ao máximo as lições que 2024 lhe ensinou.
Vou te contar um segredo para suas promessas de ano novo.
Renovação no Ano Novo
Ano novo pede mudança, pede um “novo você”. Ou digamos, sua melhor versão. Sempre foi assim, mas agora, em 2025, é ainda mais importante, porque o mundo mudou radicalmente. Aliás, tem mudado cada vez mais a cada ano. Atualmente, as mudanças são maiores de um ano para o outro do que durante décadas no século passado. Ousamos dizer que mudamos mais em um ano do que em um século nos séculos passados.
Mudança é sinal de motivação. Se você começar o ano novo se sentindo desmotivado, a vida vai ficar mais pesada, difícil.
Algumas pessoas mudam se propondo a atingir metas. Outras se propõem a mudar hábitos. Grandes metas e grandes objetivos são mais brilhantes e vistosos. No entanto, esses grandes objetivos tendem a ser ofuscantes. Você pode ficar tão focado no que pode acontecer nos próximos anos que perde de vista o que está acontecendo ao seu redor. Sua cabeça fica cheia de imagens de grandeza que fazem você ter medo de dar o primeiro passo.
E o que acontece no final? Você fica com tanto medo de tudo que pode dar errado no seu grande plano que se protege do fracasso não dando o primeiro passo.
Se isso lhe parece familiar, então seja bem-vindo ao clube.
Prefira não focar em grandes objetivos, mas sim em criar pequenos hábitos que sejam sustentáveis, escaláveis e que deixem um grande impacto daqui a cinco anos.
Grandes promessas ou pequenos hábitos?
Listas de grandes resoluções de Ano Novo são empolgantes no papel, mas irreais na prática. Prometemos mudanças radicais — "vou correr 10 km todo dia" — sem levar em consideração que o cérebro detesta mudanças bruscas. Em vez de apostar em transformações grandiosas e de curto prazo, James Clear propõe em seu livro Hábitos Atômicos fazer pequenas mudanças, quase invisíveis, mas de forma constante.
Em vez de prometer "correr 10 km todo dia", comece acordando cedo e calçando o tênis. Não é sobre mudar sua vida em 2025, mas sobre melhorar 1% a cada dia. Se você melhorar 1% ao dia, no final do ano será 37 vezes melhor, ou seja, 3.678% melhor. Um bom número para quem queria melhorar apenas 100%.
A neurociência está do lado disso: pequenas ações repetidas criam conexões neurais duradouras, enquanto metas grandiosas muitas vezes só levam à frustração.
O cérebro é um mestre na adaptação graças à sua plasticidade. É uma verdadeira máquina adaptativa. Imagine que formar um novo hábito é como construir um caminho, uma estrada. No começo, é preciso esforço consciente para abrir a trilha, mas, com o tempo, o caminho se torna automático. No cérebro, isso ocorre porque as conexões entre o córtex pré-frontal (decisões) e os gânglios da base (hábitos) começam a trabalhar em conjunto.
Repetição é a palavra mágica aqui — mas atenção! Isso vale tanto para os bons hábitos quanto para os ruins. Portanto, cuidado ao deixar aquele pote de Nutella no armário mais acessível. Em geral você precisa prática diária do novo hábito por pelo menos 4 semanas.
Motivação e recompensa: uma piada interna do cérebro
O sistema de recompensa do cérebro é comandado pela dopamina, que age como o “like” interno para nossas ações. A questão é que o cérebro prefere recompensas imediatas. Quer perder peso? O cérebro vai priorizar a pizza na sua frente. Quer correr de manhã? A cama quentinha é mais convincente. O segredo? Engane o sistema: associe recompensas pequenas e rápidas às etapas do processo. Por exemplo, ouça sua música favorita durante o treino — e reserve a pizza para depois do exercício.
Sono: o sabotador oculto das resoluções
Sem dormir direito, seu córtex pré-frontal, responsável pelo controle executivo, opera como um Wi-Fi de cafeteria lotada: lento e pouco confiável. Não é à toa que decisões como “vou à academia” se tornam “só mais cinco minutinhos” após uma noite de insônia. Estudos mostram que dormir bem não só melhora o humor como também fortalece a memória de trabalho, essencial para gerenciar mudanças.
Tomada de decisão: seu cérebro no comando (ou não)
O córtex pré-frontal, o CEO das decisões, é o que nos ajuda a traçar metas e segui-las. Mas ele cansa, sabia? Depois de um dia cheio, tendemos a optar pelo mais fácil. É por isso que, no final do dia, aquela promessa de “comer saudável” vira uma pizza grande com borda recheada. O truque? Reduza as decisões: planeje suas ações de forma automática, como preparar marmitas saudáveis ou definir um horário fixo para exercícios.
Regulação emocional: calmaria no caos das festividades
Ah, o estresse do fim de ano! Presentes, família, trânsito — é o ambiente perfeito para o cortisol subir e a paciência desaparecer. Técnicas de regulação emocional, como respiração consciente e mindfulness, ajudam a manter o foco no que realmente importa. Além disso, entender que emoções intensas podem sabotar mudanças ajuda a manter a calma e, quem sabe, até a evitar aquela terceira fatia de panettone.
A ciência da gratidão: um pequeno truque poderoso
Praticar gratidão não é apenas "um comportamento fofo", é neurociência. Estudos mostram que expressar gratidão ativa áreas cerebrais ligadas à felicidade, como o córtex pré-frontal e o sistema límbico. Escrever três coisas pelas quais você é grato todos os dias pode parecer clichê, mas é como um treino para o bem-estar mental. Além disso, cria um ciclo de retroalimentação positiva — afinal, quem não quer um cérebro mais feliz?
Resiliência e adaptação: o segredo para não desistir
Resiliência é como um músculo: quanto mais usamos, mais forte ela fica. No cérebro, isso envolve áreas como o córtex cingulado anterior, que ajuda na adaptação a mudanças. Quando enfrentamos adversidades e seguimos em frente, criamos conexões que tornam o cérebro mais eficiente em lidar com estresse futuro. Em outras palavras, cada vez que você supera um tropeço em sua meta, está ficando melhor nisso.
O tempo e o cérebro: o relógio interno das metas
Nosso cérebro percebe o tempo de forma subjetiva. É por isso que o Ano Novo parece ter chegado rápido demais. Planejar com realismo ajuda a alinhar expectativas. Em vez de querer “mudar tudo agora”, pense em metas menores e progressivas. dividir as tarefas em partes menores. Conclusão: Bem-estar e saúde mental devem ser seu maior objetivo.
Metas saudáveis começam com uma mente equilibrada. Não adianta querer transformar sua vida se você não cuida do básico: sua saúde mental. Exercício físico, boa alimentação e momentos de lazer criam um ambiente neural favorável para o sucesso.
Lembre-se: é a jornada, e não apenas o destino, que molda quem somos. Crie metas realistas, celebre pequenas vitórias e não se culpe pelos deslizes. Afinal, se até o cérebro demora para formar um hábito, por que você deveria ter pressa? Se quiser fazer como eu, tente ser 1% melhor todos os dias. Deite-se cedo e durma bem.
Feliz Ano Novo!
Consultora. Palestrante. Psicóloga Clínica e Organizacional. Desenvolvimento de Líderes nos Serviços de Saúde. Elevando a Experiência do Cuidado para pacientes, familiares e equipes de saúde. Cuidados Paliativos
5 dMuito interessante!!
Advogado em Direito Médico e da Saúde
2 semFeliz 2025. Abraços
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2 semMuito bom!!! Aproveitando, um excelente 2025!!!!
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2 semParabéns Ricardo Guimarães, obrigado por compartilhar.