Como responder: o que estamos buscando?
Semana passada um colega me perguntou: olhando os seus movimentos, não entendo o que você esta buscando. Esta pergunta me assombrou muito nos últimos anos e venho tentando achar uma resposta para ela. Afinal o que eu gosto de fazer? Onde quero chegar?
Nunca vi um cargo como algo que determina sucesso, na minha vida profissional, não vi uma correspondência direta entre um cargo e a senioridade das pessoas. Pode ser simplista, mas vejo que no final a pergunta que precisamos responder é qual a pessoa que pode me ajudar a ter um desempenho melhor? Ou uma maneira diferente de resolver um problema? Ou ajuda sobre uma decisão pessoal? Quem vem na sua mente? Se esta pessoa for o seu líder ou o seu gerente, ótimo! Mas quantas vezes isso é verdade?
Conversando com colegas que eram líderes, muitos falavam da limitação da quantidade de escolhas e decisões que eles realmente podiam fazer, e a quantidade de tempo que eles dispendiam com atividades burocráticas, a chance relativamente alta de ser conduzido a muitas escolhas comuns, ou a um leque muito pequeno de possibilidades que podem ser efetivamente escolhidas, mesmo sendo cobrados em alguns casos de "pensar fora da caixa".
Não quero aqui, reduzir a necessidade ou a importância de buscar cargos novos e de ambição é algo positivo para evoluirmos, mas vi (e vejo) muitas pessoas medindo o sucesso ou buscando uma posição e não a responsabilidade que ela implica. Na minha visão, o mais importante é garantir que as pessoas tenham liberdade (como falar em inovação se não tivermos liberdade?) e para isso é importante ter uma clareza do propósito e no que podemos ajudar, o quão longe podemos chegar sendo nós mesmos(?) e não uma versão de nós que precisa obter dinheiro para aí sim fazermos o que gostamos. E pensar em buscarmos uma causa/propósito e não só um trabalho. Se estivermos na hora certa no lugar certo e com as atribuições certas, podemos maximizar o resultado para todos, caso contrário, a tendência é uma busca de melhores salários e benefícios, ou de se acomodar pela conveniência de só "deixar a vida me levar"…
Quanto mais estivermos fazendo o que gostamos, mais leve será tratar as adversidades do dia-a-dia, e realmente teremos desafios e não fardos.
Realmente na minha vida profissional: tentei, troquei busquei novos lugares, conheci novas pessoas, descobri mais sobre o que não gosto do que o eu gosto… errei muito e acertei também, e olhando mais o que gosto de fazer: eu gosto de aprender, e com o tempo vi que uma boa maneira de aprender é ajudando as pessoas.
"Vivi, estudei, amei, e até cri" — Fernando Pessoa
Desde cedo, sempre tive facilidade para aprender, gosto muito de ler… o que leva a um pouco de solidão, porque alguns assuntos que me interessam, seriam demais ou um pouco "chato" para discutir em uma conversa de dia-a-dia na maior parte dos casos.
Apesar de não ter tantas habilidades para falar sobre coisas do dia-a-dia, a minha facilidade de aprender na escola me levou a conversar bastante nos dias de prova, repassando com meus colegas a matéria que iria "cair na prova", repassando resoluções de questões depois da prova e mais tarde a participar de grupos de estudo, onde pude me deparar com as maneiras bem diferentes das pessoas pensarem e as escolhas que elas fazem para definir uma linha de raciocínio.
Talvez uma pista de algo muito importante e que temos na escola, que vem dos filósofos antigos e de algumas religiões, de que devevemos praticar o conhecimento, e do exemplo, tentativas e erros, melhorarmos. Isso é algo que perdemos com o tempo, no modelo em sermos treinados a fazer algo de uma forma muito específica e não a adaptarmos o que sabemos e partirmos daí…
Muitas escolhas que fiz, tinham a ver com uma oportunidade de ajudar em algo, a poder levar algo de um estado para um novo estado. Este tipo de desafio, onde pelo menos na minha forma de pensar é uma oportunidade de fazer algo em que, invariavelmente, passará por um contato com as pessoas, de poder ajudar a mudar de alguma forma o pensamento, isso é o que mais me interessa, claro não mudar por mudar, mas mudar porque e para algo que as pessoas entendam que façam sentido para elas, e a partir daí o que deixamos com as pessoas (e o que levamos delas no processo) é algo que também nos faz uma pessoa melhor no final.
Bom, no final, talvez não possa dizer que troquei posições, e muito do que contribuí fez parte de uma parede, indistinguível de quem colocou os tijolos nela. Mas vejo que na maioria dos lugares que passei deixei algo de bom com meus colegas, o suficiente para receber um sorriso e um grande abraço, uma mensagem positiva no WhatsApp, para ter notícias de como algumas conversas evoluíram para coisas novas.
Na minha infância, meu pai costumava por para tocar uma música chamada "O mestre-sala dos mares", um dia ele explicando a canção ele disse que era a história de um marinheiro (Jão Cândido — Revolta da Chibata) que participou de uma revolta, uma história que teria se perdido no tempo (pelo menos para mim), mas foi imortalizada na canção (que faz lembrar do meu pai):
"Salve o navegante negro Que tem por monumento as pedras pisadas do cais" — Aldir Blanc / João Bosco
A resposta que cheguei até agora é de estou buscando formas diferentes de ser uma pessoa/profisional melhor, usando os meus talentos em benefício do que esta ao meu redor, aprendendo e compartilhando tudo o que sei.
Muitas vezes penso no que diria para minha filha ou depois para os netos, e sempre me vem à mente que as histórias que gosto mais é do que foi vivido com outras pessoas e não do que foi conquistado somente para mim.
E você? Sabe responder bem esta questão? Que histórias você constará sobre o que você viveu para contribuir com as próximas gerações?
Massoterapeuta | Autônomo
5 aBela Reflexão Jovem....... Bora nos encontrarmos novamente e te conto tudo Feliz ;-)