Como a Selic afeta o seu dia a dia?

Como a Selic afeta o seu dia a dia?

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela afeta diretamente outros indicadores, como por exemplo o IPCA, índice que mede a inflação no país, e o CDI, importante taxa do mercado financeiro, a qual vários produtos estão atrelados.

O Copom, comitê composto pelo presidente do Banco Central e outros diretores da autoridade monetária, se reúne a cada 45 dias e define qual será a Selic para o período.

Embora o órgão já estivesse diminuindo a taxa em 0,50 pontos percentuais por 6 reuniões consecutivas, optaram por reduzi-la em apenas 0,25% em seu último encontro, saindo de 10,75% para 10,50% ao ano, desacelerando a política adotada desde agosto de 2023.

Muitos fatores podem estar por trás desse receio no corte da Selic. Um deles, que pesa consideravelmente na balança, é o cenário internacional, já que o ambiente externo incerto, especificamente nos Estados Unidos, pode gerar cautela e influenciar a economia mundial.

A taxa de juros norte-americana está em patamares bastante elevados para o que geralmente é praticado por lá, entre 5,25 a 5,50% ao ano.

Quem determina a manutenção, queda ou aumento dos juros nos EUA é o Fed (Federal Reserve) que, assim como o Copom, analisa vários elementos da economia, desde números de consumo, desemprego, inflação, dentre outros, para chegar a uma decisão.

Mas quanto mais tempo o Fed posterga o ciclo de corte de juros nos EUA (o que já vem fazendo há algum tempo), mais pressionada fica a moeda brasileira, limitando a atuação do Banco Central sobre a Selic.

Isso se deve ao fato de que, se o Brasil cortar sua taxa e os Estados Unidos mantiver a sua no mesmo patamar, o diferencial de juros entre as duas economias diminui, tornando menos atrativos os títulos brasileiros, pelo seu maior risco atrelado, conhecido como Risco Brasil, uma métrica que reflete a percepção do mercado internacional sobre a estabilidade econômica e política do nosso país.

Já os títulos do Tesouro americano, conhecidos como Treasury bonds, são considerados os mais seguros do mundo, até pela moeda forte atrelada a eles: o dólar.

Mas você pode estar se perguntando: o percentual da taxa Selic realmente afeta no meu cotidiano? A resposta é um retumbante sim.

Vamos entender através de alguns aspectos como a Selic influencia diretamente a vida financeira dos brasileiros:

- Empréstimos e Financiamentos: a Selic impacta as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras ao emprestar dinheiro, pois ela é utilizada como um norte no momento da definição dos juros sobre empréstimos e financiamentos.

Com isso, uma Selic elevada faz com que os juros sobre operações de crédito sejam maiores. Já com a Selic em patamares baixos, o dinheiro fica mais barato para ser emprestado aos consumidores e empresas junto aos bancos.

As taxas de financiamento imobiliário, que estão totalmente atreladas à Selic, são uma boa forma de ilustrar esse ponto: em momentos onde a Selic está na casa dos dois dígitos, como atualmente, as prestações para novos contratos imobiliários tendem a ser maiores, tornando a compra de uma casa ou apartamento mais cara para a população brasileira.

- Cartão de crédito e Cheque especial: muitas modalidades de crédito de curto prazo, como o cartão de crédito e o cheque especial, o conhecido "limite da conta", têm seus juros influenciados pela Selic.

Com a Selic alta, os juros dessas modalidades - que já são demasiado elevados - costumam ser ainda maiores, o que pode acabar endividando consumidores que utilizam esses recursos sem parcimônia, ou que acabam ficando sem fluxo para arcar com seus compromissos.

- Poupança e Investimentos: a rentabilidade de vários produtos, como a poupança, CDBs, LCIs/LCAs e outras aplicações de renda fixa, como os próprios títulos do Tesouro Nacional, são totalmente afetadas pela taxa Selic presente.

Quando a taxa sobe, esses investimentos tendem a pagar mais juros aos investidores, incentivando as pessoas a pouparem em detrimento do consumo imediato de seus recursos.

É imperativo observar que até os ativos de renda variável são influenciados pela Selic, pois enquanto uma taxa elevada torna investimentos de renda fixa atrativos, a Selic baixa pode incentivar o investimento em Bolsa na busca por mais retorno, valorizando o mercado acionário.

Um ponto interessante a se ressaltar, é que em países com histórico de juros baixos, como Estados Unidos, Japão e Reino Unido, o investimento em renda variável é muito mais comum por boa parte da população, pelo fato da renda fixa geralmente entregar rendimentos pouco atrativos por estar atrelada a taxa de juros do país.

Isso faz com que a aplicação de recursos na Bolsas de Valores seja muito mais fomentada, contribuindo inclusive para o crescimento das empresas listadas, o que traz inúmeros benefícios para a economia destes países.

- Inflação: A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços em uma economia, diminuindo o poder de compra do consumidor.

O Banco Central tem como um de suas principais funções manter a inflação sob controle, e o poder sobre o curso da taxa Selic é uma das principais ferramentas que ele dispõe para atingir esse objetivo.

Quando a inflação está alta, a autoridade monetária pode aumentar a Selic para conter o aumento dos preços. Menos consumo desacelera a economia, ajudando a reduzir a inflação.

Já com uma inflação baixa, o Banco Central pode diminuir a Selic para estimular o consumo e o investimento, promovendo crescimento econômico enquanto ainda mantém a inflação em níveis controlados.

- Câmbio: a taxa de câmbio, que corresponde ao valor do real em relação ao dólar e a outras moedas internacionais, também é influenciada pela Selic.

Altas na taxa básica da economia podem atrair investimentos estrangeiros que buscam maiores retornos, fortalecendo nossa moeda. Um real mais forte pode reduzir o preço de produtos importados, impactando a inflação.

Dadas essas informações, fica evidente que a Selic é um instrumento chave na política econômica do Brasil, e variações na taxa afetam diretamente no crédito, nas poupanças que os brasileiros fazem, no poder de compra e no crescimento econômico, afetando o dia a dia da população como um todo.

Entendendo melhor a Selic e seus impactos no nosso bolso, podemos refletir sobre uma importante questão: de que maneira você pode se preparar melhor para as variações da Selic em sua vida cotidiana?

Um ponto vital para ponderarmos e atuarmos de forma consciente em meio a nossas decisões financeiras!

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