Como será nossa relação com a alimentação (e a família) depois da Covid-19?

Li recentemente um artigo da Drª Angelika de Bree, nossa diretora global de Nutrição no Centro de Inovação de Alimentos da Unilever na Universidade de Wageningen (Holanda), sobre como ela espera que a pandemia mude nossa relação com a alimentação a longo prazo. E, de forma resumida, suas expectativas são de que as pessoas passem a dar mais valor à origem dos alimentos – desde onde até como eles são produzidos – e tenham mais prazer em cozinhar e comer juntos.

 Eu concordo inteiramente com a Drª Angelika, mas não pude deixar de pensar que muito do que ela espera para quando a pandemia acabar já está acontecendo agora, e com uma boa ajuda da própria Unilever e as transformações que a gente vem fazendo já há alguns anos na categoria de Foods. A origem das matérias-primas, por exemplo, sempre foi uma prioridade sendo que, em 2019, atingimos a marca de 62% do fornecimento sustentável e a expectativa agora é chegar a 100% ao final deste ano.

 Além disso, 56% do nosso portfólio por volume atingiu os mais altos padrões nutricionais internacionais em 2019. E tudo isso sem levar em consideração, é claro, os lançamentos deste ano, que incluem a linha Zero Sal de Knorr, sabores veganos de Kibon e Ben & Jerry’s, uma boa reformulação de Mãe Terra, que sempre foi conhecida por seu conceito orgânico e natural, mas muita coisa que ainda está por vir. Ou seja, a tendência é que esse número seja cada vez maior.

 A Drª Angelika também fala sobre o quão simplista e equivocado é classificar os alimentos processados como não saudáveis e, mais uma vez, eu concordo 100% com ela. Nem todo mundo sabe, mas processos como de secagem e pasteurização são fundamentais para tornar os alimentos seguros, acessíveis e disponíveis durante todo o ano, além de permitirem preços mais competitivos e acessíveis, fator fundamental num país como o nosso independentemente de uma recessão econômica global causada pelo coronavírus.  

 É preciso tirar esse estigma de que a indústria é do mal e explicar que produtos baratos e duráveis podem, sim, ser bons elementos para refeições nutritivas. Se não fossem por técnicas de processamento como secagem, enlatamento e congelamento, as pessoas teriam muito menos acesso a uma boa alimentação. E no caso específico da Unilever, em sua essência, ela é muito parecida com empresas B na maneira de tratar o colaborador, a comunidade e o meio ambiente, sem contar que Ben & Jerry’s e Mãe Terra têm essa certificação.

 Sobre o hábito de comer em casa, eu mesmo já comentei por aqui que também acredito que é algo voltou para ficar. Mesmo que inicialmente foi uma coisa importante por conta do isolamento, muita gente (re)descobriu o prazer não só de comer em família, mas de preparar a própria refeição. Eu mesmo nunca tive muita habilidade culinária, mas nesses últimos tempos descobri que consigo me virar bem no fogão e também me divertir enquanto dou uma de chef. Tudo com a aprovação da esposa e do meu filho Vittorio, de 4 anos 😉

 Com tudo isso, eu acredito, sim, que estamos desenvolvendo uma nova forma de relação com nossa alimentação, numa espécie de efeito colateral da pandemia para o bem. Essa aproximação aumenta a consciência sobre todo o processo de uma refeição e, consequentemente, pode resultar em melhores escolhas alimentares e, tão ou mais importante, numa maior conexão com quem se gosta.

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