Como será a volta às aulas na escola?
Esse é um tema de preocupação grande para os brasileiros, ainda mais por não termos uma previsão sobre o retorno das aulas físicas.
Sabemos que muitos colégios, principalmente os particulares continuaram o período letivo de forma online, no entanto, esse movimento só acentua mais uma das grandes desigualdades que temos no Brasil. Enquanto alguns alunos conseguem ter os recursos necessários para continuar seus estudos, como um computador, internet, e muitas vezes um espaço adequado em casa, outros vivem uma realidade completamente distinta, sem acesso a internet, em ambientes precários, tendo que ajudar os pais na renda familiar, e enfrentando frio e fome.
Esse segundo grupo "parou" seus estudos em março. Enquanto o primeiro grupo continuou. Esta foi uma das discussões envolvidas para o adiamento do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que é uma das portas para o ensino superior. Após longas discussões, o Ministro da Educação Abraham Weintraub, voltou atrás e decidiu junto ao MEC e o Inep pelo adiamento da prova de 30 a 60 dias.
No entanto, essa medida feita de forma isolada, pouco vai mudar os resultados no final do ano. Para isso, é necessário que o brasileiro se atente aos seus direitos e deveres, para entender quais outros planos o Ministério da Educação tem para reverter tamanho caos na educação nos meses que ainda temos em 2020.
Como está a volta às aulas ao redor do mundo?
Alguns países europeus começaram o plano de reabertura das escolas, como Alemanha, França, Dinamarca, entre outros. No caso da França, por exemplo, a reabertura seguiu o seguinte plano, primeiramente a França foi dividida em áreas onde a epidemia está controlada, áreas verdes, e áreas vermelhas, onde a epidemia ainda se encontra em larga escala. O processo de reabertura será gradual, na zona verde, acompanhado de larga escala de testes, O Governo acredita que haverá como testar até 700.000 pessoas por semana, de acordo com o Ministro da Saúde, Olivier Véran. As aulas serão graduais e voluntárias, com baixa ocupação por sala de aula e medidas adequadas de saúde e segurança. Além disso, as medidas são minuciosas, e contam com possíveis retomadas, como a que aconteceu no dia 18 de maio, com o fechamento de 70 escolas após um caso positivo de COVID-19.
No Brasil, a realidade ainda é outra
No Brasil, a realidade é bem diferente, o Brasil hoje tem mais casos do que a França, ocupando hoje a sexta posição dos países com mais casos do mundo, o que adia as chances de reabertura segura das escolas. Afinal, as seguranças para a retomada, em tese, deveriam ser as mesmas, apenas em locais onde o vírus foi controlado, como o espaçamento entre alunos e reforços na higiene. No entanto, as escolas contam com uma lotação média de 30 alunos por sala, de acordo com dados do Censo Escolar 2018. E metade das escolas não conta com uma rede adequada de saneamento básico, sendo o Acre um dos estados com as piores taxas, onde apenas 23% das escolas conta com água potável.
Mais do que nunca, é hora de olhar para a educação do nosso país
Os problemas em torno da educação já deveriam ter sido olhados anteriormente. Mas talvez essa primeira vivência de pandemia, ressalte o quanto o país se encontra frágil para um combate tão grande. E seja o estopim para que as escolas sejam olhadas de outra forma.
Outras medidas que poderiam ser tomadas para retomar o tempo perdido seriam reforços aos finais de semana e contraturnos, aproveitando ao máximo as agendas para retomar o tempo perdido. E com atenção plena à evasão escolar, que já é um problema, segundo dados do Inep 2 milhões de brasileiros estão fora da escola. Índice que pode ser agravado em 2020, se esses jovens não virem propósito em concluir o ano letivo, ou tiverem que ajudar na renda familiar. Problema que deve ser olhado desde já. De qualquer forma, 2020 é um ano bastante complicado para os alunos, mas principalmente para os alunos da escola pública, infelizmente.