Como ser eficiente em entrevistas e CVs
Em um currículo, você tem de uma a duas páginas para transmitir que você é a pessoa certa para a posição que gostaria de ocupar. Em uma entrevista de emprego, você tem entre 30 minutos e uma hora para cumprir o mesmo objetivo.
Saber selecionar as informações certas para se destacar é fundamental! Demanda reflexão, experimentação, treino. Principalmente em torno da comunicação.
Acho que todo mundo que está procurando emprego deveria ter a mesma disciplina de um atleta em sua preparação para os processos seletivos. Consciente de que tem uma vantagem em relação ao mundo do esporte: aqui os seus atributos inatos não fazem muita diferença!
Aspectos biológicos, como estrutura muscular e a bioquímica, podem efetivamente limitar uma pessoa de tornar-se um atleta de elite. Já a comunicação é muito democrática: qualquer pessoa consegue evoluir rapidamente nessa competência com um pouco de disciplina e foco!
E para os que se sentem mais travados, vou contar um segredo: talvez vocês até tenham uma vantagem competitiva! Quem tem facilidade de se comunicar tende a achar que não precisa se preocupar com preparação, e na hora H, não tem atenção a pequenos detalhes que fazem toda diferença em processos seletivos. E, assim, uma pessoa que nasceu com o “dom da palavra” pode ficar para trás, facilmente, de outra que aprendeu a aplicar as técnicas certas.
A seguir, irei compartilhar algumas técnicas simples, mas super eficazes!
CV
· Seja específico
É comum as pessoas optarem por descreverem as suas experiências utilizando termos macro e/ ou genéricos. Uma pessoa da área de treinamento & desenvolvimento, por exemplo, muitas vezes diz que era “responsável pelo ciclo de desenvolvimento dos colaboradores”, descrição que se encaixa para 95% das pessoas que atuam nessa área!
Normalmente, as pessoas escolhem essa abordagem genérica por uma das duas razões:
1. Querem ampliar as possibilidades e acessar vagas mais variadas – Saiba que o recrutador quase sempre vai priorizar a pessoa que tem maior aderência com a vaga. Em uma pilha com 200 CVs, você não acha que deve haver pelo menos 5 ou 6 pessoas que trarão no texto exatamente as experiencias / competências que ele está buscando? Se você fosse o recrutador, correria o risco de convocar para entrevista pessoas que você não tem certeza se têm o conhecimento que você busca, quando você já tem em suas mãos CVs alinhados?
Portanto, melhor ter aderência com poucas vagas do que com nenhuma! 😉
2. Querem economizar espaço – Em um CV de uma ou duas páginas não dá para ir muito além do nome do cargo com mais 3 ou 4 linhas de texto por experiência. Mas esse espaço é mais do que suficiente para apresentar muito dado rico, como o nome dos processos e metodologias com os quais lidou e números que transmitam os resultados e/ou complexidade do escopo. O que você precisa é trabalhar bem o texto!
Dica de jornalista: Escreva tudo que achar relevante e depois edite o texto, identificando onde há espaço para enxugar conteúdo (cortar adjetivos, dados genéricos, trocar expressões longas por menores, tirar explicações, etc). 😉
· Ofereça contexto e narrativa
Tenho me surpreendido com a quantidade de currículos que tenho visto sem nome de cargos e/ou com informações compartimentadas – por exemplo, com um campo cheio de nomes de empresas, e outro só com descrição de atividades.
Por favor, não faça isso!
O ser humano aprende muito melhor por meio de histórias, já que transmitidos conhecimento dessa forma desde que desenvolvemos a capacidade de usar a fala para nos comunicarmos. Dados soltos são produto do século 21!
Quando o cérebro vê um conjunto de dados (que é o que acontece em um CV “desmembrado”), ele vai buscar preencher as lacunas para construir alguma história. O cérebro gasta mais energia e a mente não lê o conteúdo com a mesma profundidade por conta desse “trabalho paralelo”. Além disso, demorar mais tempo para ler o currículo, porque a pessoa tem que ficar indo e vindo entre os blocos para entender como eles se encaixam.
Ao oferecer uma experiência de leitura pior para o recrutador, você está facilitando o subconsciente dele a associar você com algo pouco agradável. Ou então, deixando a neurociência de lado, tem também o risco de ele simplesmente preferir ler algo mais fácil e colocar o seu currículo no fundo da pilha.
A melhor coisa é construir pequenos blocos de texto em que está tudo junto: empresa, cargo, responsabilidades, resultados. Mas não é junto de qualquer jeito...
· Formatação é ouro!
Uma das funções com mais crescimento na área da tecnologia é o UX/ UI designer. Esse profissional planeja a formatação de todo conteúdo que você vê em um site ou tela de aplicativo. Ele é responsável pelo que se chama “experiência do usuário”, e sua missão é fazer da navegação no site ou app algo tão confortável que as pessoas ficam no site, sentem vontade de explorar mais e então... compram o produto ou serviço!
Veja que os recursos visuais são mais relevantes do que o conteúdo, porque se o visual não atrair, a pessoa nem vai se dar ao trabalho de ler o conteúdo!
Voltando para o mundo do CV, isso não quer dizer que você deve contratar um designer gráfico para deixar o seu CV todo bonito. Algumas coisas simples já são o suficiente, como dar um espaçamento adequado entre as palavras e utilizar CAIXA ALTA, negrito, itálico e/ou sublinhado para destacar palavras chave ou campos de uma mesma categoria. Por exemplo, todos os nomes de empresa podem ficar em caixa alta, todos os títulos de cargo podem ficar em itálico e as palavras chave (nomes de metodologias ou ferramentas, resultados) ficam em negrito.
A essência dessas mesmas dicas servem para as entrevistas:
· Seja específico, mas não detalhista
Algumas pessoas são genéricas e superficiais, como no exemplo do CV, enquanto outras entram no detalhe do detalhe e ocupam boa parte do tempo disponível em uma única resposta. Uma resposta deve durar, em média, algo entre 2 e 5 minutos.
Treine algumas respostas, cronometrando o tempo e ajustando o conteúdo para caber nesse espaço de tempo. Dessa forma, o seu cérebro irá aprender que tipo e volume de informação deve transmitir em processos de entrevista, e vai começar a replicar esse modelo mesmo em perguntas que você não treinou! 😉
Ah, a partilha de dados numéricos continua sendo importante para ajudar a dimensionar a complexidade da situação que está sendo partilhada. Adicionalmente, no caso das entrevistas, o “como” (abordagem utilizada, processo de tomada de decisão, técnicas/ferramentas empregadas) deve ser explorado, para que o entrevistador compreenda a sua forma de trabalhar e de superar desafios.
Já o “porque” deve ser abordado com cuidado, na medida em que muitas vezes é justamente o canal através do qual os detalhes, explicações e justificações aparecem para roubar o precioso tempo!
· Ofereça contexto e narrativa
A entrevista costuma ser um momento carregado de emoções e de nervosismo. Com isso, é normal as respostas às vezes saírem diretas e curtas, como se a pessoa estivesse pensando em voz alta, sem elaborar o conteúdo de forma a incorporar uma introdução e uma conclusão que permita ao entrevistador ter uma visão geral da experiência que está sendo compartilhada.
· Formatação Treino é ouro!
O treino está para a entrevista como a formatação e a edição do texto estão para o CV: é o momento em que o conteúdo é lapidado e organizado, até que ele saia da boca de forma fluída e natural.
Note que não estou falando em decorar nada. Se o treino for bem feito, a cada etapa vai ter uma palavra a menos, um detalhe diferente, até que você sinta que o conteúdo está perfeito! Com essa abordagem o seu cérebro está criando familiaridade com o conteúdo e aprendendo. E inúmeras conexões cerebrais são criadas com esse tipo de treino ( = aprendizagem mais profunda!).
O processo de decorar tem mais a ver com repetição pura, sem reflexão. O processo neurológico é outro, menos rico, e muitas vezes tem o stress como subproduto (que tende a inibir a capacidade analítica e a consolidação da memória) !
Coloque essas dicas em prática e garanto que você irá mais longe!
OBS: Quero ajudar ativamente pessoas que estejam em busca da realização profissional, seja no primeiro emprego, recolocação profissional ou via transição de carreira. Se você está nessa busca, siga o meu perfil e entre no grupo de telegram para trocas mais ativas: https://t.me/saiadabolha. Se conhece outras pessoas que estão nessa busca, por favor, compartilhe esse material e o meu perfil.
Consultora em Desenvolvimento Organizacional; Facilitadora em programas de desenvolvimento de equipes e times; Mentora de líderes/gestores; Conselheira Consultiva em Formação.
4 aCara Ligia, amei o teu material. Este destaca orientações ricas para os profissionais que estão em busca de aperfeiçoamento ou início de carreira profissional. Super recomendo o teu trabalho que é sério e aprofundado com a constante busca de conhecimentos.
EXECUTIVE COACH (+10 years)| LEADERSHIP TRAINER |TRAINING DESIGNER of LEARNING EXPERIENCES
4 aLigia Lunardi Recchia apoias nesse processo? O artigo é super!! Obrigada :)