Como a sua empresa pode apoiar a saúde mental dos grupos de diversidade

Como a sua empresa pode apoiar a saúde mental dos grupos de diversidade

Começamos a nossa série de artigos falando sobre como a saúde mental e o bem-estar fazem parte das estratégias e ações diversidade e inclusão das empresas. E que pessoas que fazem parte dos grupos sub-representados no ambiente corporativo (pessoas negras, LGBTQIAP+, mulheres e PcD 's) são as que possuem maiores riscos para desenvolverem transtornos mentais. E esse risco, pode aumentar as chances de saída de um emprego. Por exemplo, ao analisarmos as questões relacionadas à saúde da população negra, o efeito do racismo e das agressões raciais diárias não podem ser ignorados. E o ambiente de trabalho às vezes é o disparador desses traumas. Por isso, é importante pensar em ações e benefícios customizados para os grupos de diversidade.

Mas na prática, quais ações podem ser realizadas por parte das empresas para que esses grupos sintam-se apoiados dentro do ambiente de trabalho?

Representatividade em larga escala:

Iniciativas que apoiam a diversidade e a inclusão colocam em prática a sensação de pertencimento dentro do ambiente de trabalho. O que também apoia a saúde mental. Ser o único ou a única pessoa negra em uma empresa ou área específica reforça a ideia de solidão. E a solidão adoece. Diversidade e inclusão é sobre representatividade em larga escala, em diferentes níveis, principalmente nas lideranças. Se eu me sinto representado no lugar em que eu trabalho, sinto que pertenço àquele lugar. O sentimento de pertencimento retorna em forma de produtividade e ganhos para a própria empresa.

Capacite as lideranças:

Os líderes e coordenadores podem ser os “primeiros socorristas” para abordar a saúde mental em tempos de crise. A saúde mental inclusiva como estratégia de liderança contribui para um melhor suporte aos grupos de diversidade. As lideranças podem estar na melhor posição para trabalhar com essas questões delicadas individualmente, ajudando a responder perguntas, abordando sobre preocupações e direcionando as pessoas para os melhores recursos disponíveis. E o mais importante: não invalidando os sentimentos das pessoas.

Melhorando o acesso a profissionais qualificados:

Existem grandes disparidades no acesso a cuidados de saúde mental. Nos EUA, os asiáticos são 51% menos propensos a usar serviços de saúde mental do que os brancos, os latinos são 25% menos propensos e os negros são 21% menos propensos. Uma série de fatores contribui para essas lacunas, incluindo estigma, discriminação, falta de cobertura e escassez de profissionais diversos

Psicólogos negros, latinos e asiáticos – combinados – representam menos de 20% do número total de psicólogos nos EUA. Aqui no Brasil, não possuímos um número exato de quantos psicólogos negros existem no país. Na rede da AfroSaúde por exemplo, essa área é responsável por mais de 70% dos profissionais cadastrados. 

A diversidade nos cuidados em saúde pode proporcionar um melhor cuidado para os grupos de diversidade, reduz as iniquidades em saúde, melhora a comunicação entre profissionais e saúde e aumenta a confiança do paciente no cuidado que está sendo prestado.

Exemplo prático: um estudo da Universidade de Stanford descobriu que pacientes negros do sexo masculino que foram tratados por médicos negros eram mais propensos a procurar serviços preventivos do que aqueles que foram tratados por médicos não negros.

Investir em D&I é também investir em saúde mental e bem-estar. 

Texto escrito por:

Arthur Lima, CEO da AfroSaúde, Cirurgião-dentista (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública), Especialista em Saúde da Família (FESF-FioCruz) e Mestre em Saúde, Ambiente e Trabalho (Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia).


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