Como um CEO pode aproveitar os feedbacks recebidos para transformar em ação?

Como um CEO pode aproveitar os feedbacks recebidos para transformar em ação?


Fank, CEO de uma conhecida organização, obteve feedback sincero sobre os pontos que está indo bem e o que ele está "atrapalhando" o negócio, em uma avaliação 360 graus que incluiriam conselheiros, clientes, e até pessoas próximas e alguns familiares.

Como podemos ajudar Frank, nome criado para esse storytelling, obter o melhor desses valiosos insights?

Saber sobre o que não está bom não garante que isso será transformado em ações práticas de desenvolvimento, que levem a mudanças de comportamento que se sustentem no futuro.

A pergunta de 1 milhão de dólares é: Como fazer então?

1) Priorize e compartilhe

O objetivo de um feedback não é...

"desintegrar uma pessoa e construir outra pessoa completamente nova".

O exagero da frase é proposital, para fins didáticos. O ponto aqui é escolher uns poucos aspectos que se pretende trabalhar, 3 a 4, suficientes para serem facilmente lembrados. Uma forma de verificar se são relevantes é conectar cada ponto de melhoria, por exemplo, "desenvolver a escuta ativa" a um ou mais objetivos de negócio. Por exemplo algo ligado a metas de inovação ou melhoria de foco no cliente.

Compartilhar esses pontos exige postura de vulnerabilidade. Frank terá de admitir que não é perfeito e que sempre tem aspectos a melhorar. Nessa hora Frank e vários outros CEOs ficam com receio de parecerem fracos, o que é natural. Entretanto a prática tem revelado justamente o contrário: revelar os aspectos que prioriza melhorar será visto como ato de coragem e exemplo de postura das pessoas. É claro, o CEO não precisa revelar 100% do feedback recebido, nem faria sentido, e sim focar naquilo que é relevante para apoiar os objetivos do negócio e, ao mesmo tempo, deseja trabalhar para o próprio desenvolvimento.


2) Combine como as pessoas podem ajudar

Fazer o compartilhamento junto a equipe do que pretende se aprimorar, é um primeiro importante passo.

Mas isso não garante que as pessoas saibam como ajudar.

Lembrando que o apoio social pode ser um forte fator para evitar que valiosos insights de possibilidades de melhoria não sejam colocados na gaveta, o CEO pode então se comprometer com a melhoria nos aspectos que deseja e combinar a forma como quer receber novos feedbacks sobre como esta indo. Por exemplo, pode falar para a equipe "se eu não estiver escutando ativamente nas conversas individuais com vocês, me mostrem imediatamente. Se for nas reuniões de equipe, eu prefiro que me chamem de lado depois da reunião e pontuem, funciono melhor assim." É preciso ser bem específico para que as pessoas efetivamente se sintam seguras para ajudar.


3) Agradeça

Agradecer os feedbacks recebidos com sinceridade é uma forma de nutrir que contiunuem vindo. Quem oferece um feedback, ainda mais a um CEO, pode estar ponderando o quanto vale a pena, o quanto será bem recebido, ou o quanto pode prejudicar a própria imagem do tipo...

"não quero ser eu a contar que o rei está nu."

E claramente isso não ajuda. Alguns CEOs inclusive podem restringir o número de pessoas a quem pediram esse feedback das 3-4 competências e respectivos comportamentos que pretende melhorar, de modo a selecionar as que tem um grau de confiança e segurança psicológica mais alta, uma alternativa que pode também ser útil dependendo da cultura da empresa.

Em suma, é importante não deixar uma valorosa iniciativa de desenvolvimento "morrer de inanição", e sim nutri-la com o apoio social.

Termino com uma "call to action".

E você, mesmo que não seja um CEO mas esteja em posições de liderança, como pode utilizar o apoio social para sustentar e reforçar seu desenvolvimento?


Sou Dante Mantovani, apaixonado por transformar lideranças que desejam se aprimorar e por meio delas, as organizações.

Esse artigo foi inspirado pela publicação do MIT Sloan Review "O CEO também precisa de feedback. Mas do jeito certo"



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