Como vai a concorrência?

Na atribulada vida contemporânea, um ingrediente obrigatório no cardápio diário de todo gestor é estar atento ao desempenho da concorrência. E é comum partir de uma pergunta básica: Quem é meu concorrente direto? Olha-se então por cima dos próprios muros em busca dos diferenciais do vizinho. Onde estão seus méritos? O que o faz ser mais atrativo? Qual marketing milagroso o faz operar com tanto sucesso?

            Olhar para a concorrência faz parte da cultura capitalista. No entanto, um olhar atento para dentro da própria instituição é muito mais importante e certamente poderá trazer retornos mais positivos. A reflexão sobre o próprio desempenho, a auto-avaliação, a autocrítica construtiva deve ser uma constante na tomada de novas decisões. A condução do meu negócio deve sempre estar pautada na clareza, no diálogo, na gentileza, na simplicidade e, acima de tudo, na ética. Esta me permitirá ser percebido com transparência e retidão. Junto a isso, soma-se a tradicional “espiadinha” aos concorrentes e ao mercado. É preciso estar atento à concorrência, sim, mas não fazer disso uma obsessão, não colocar este olhar vigilante em primeiro plano.

            E a concorrência obviamente fica mais acirrada em tempos bicudos, tempos de crise, quando todos os desembolsos e investimentos são criteriosamente avaliados, seja no varejo ou no atacado, seja na indústria, no comércio ou nos serviços. O tema “crise” perpassa por todos os segmentos, é discutido e comentado por todos os setores da sociedade. Alguns possuem seus próprios argumentos e inclusive apontam caminhos para sair da crítica situação. A grande maioria, no entanto, acompanha o bloco da opinião de massa, difundida pela mídia e, não raramente, por alguns oportunistas. Para o pessimista, a crise é momento de quase paralisia, de ficar à espreita, de apenas observar o movimento do mercado. O otimista, por sua vez, prefere tirar da gaveta o já conhecido jargão “Na crise, crie.”, ou algo do gênero. O otimista não fica apenas de olho na concorrência. Ele vai além, vai em busca de oportunidades. O otimista realiza insights e faz as adequações que o momento exige. Outras vezes, sequer precisa modificar seu produto ou seu negócio. Basta, simplesmente, torná-lo mais atrativo, eficiente, moderno, arrojado. É preciso acompanhar o perfil do cliente, que em tempos de rápidas mudanças – tempos líquidos, segundo o famoso sociólogo polonês Zigmunt Baum – modifica rapidamente seus gostos, suas preferências e seu jeito de consumo.

            Portanto, quando o assunto é concorrência, e sempre estamos inseridos nela, fiquemos não apenas atentos em descobrir possíveis estratégias alheias, mas coloquemos nossa ferramenta em ação: a criatividade. Sejamos audaciosos por arriscar, sejamos curiosos pelas novas descobertas e possibilidades. Nossa coragem pode ser o antídoto certeiro contra a crise.

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