Compaixão

          Continuando a falarmos sobre um tema tão importante quanto a paixão; abordaremos o estado emocional que se compadece pelo outro, geralmente, associado ao desejo de aliviar ou amenizar o sofrimento de outro individuo. COMPAIXÃO.

          Como o tempo passa, há exatamente 5 anos estou mobilizada por uma situação sofrida por uma pessoa muito querida entretanto ainda não conseguimos estar próxima o suficiente para poder fazer a diferença. É um homem jovem, que iniciou sua saga ainda no parto, assim como muitos ainda no Brasil, com hipóxia periparto que prejudicou seu desenvolvimento cognitivo aquém de seu potencial. A educação formal para ele era desinteressante então buscou o reconhecimento social pelo comportamento transgressor. Isso agravou ainda mais sua aceitação pela família e comunidade. No final da adolescência foi encaminhado a sua primeira internação psiquiátrica e desde então foram sucessivas reinternações curtas que acredito (e isso é uma crença) que tiveram o papel de mantê-lo vivo, contudo sem modificar o contexto em que estava inserido.

          Apresenta um discurso institucionalizado, recursos internos de sobrevivência mínimos, dócil, carismático. É uma pessoa tão complexa que mobiliza em quem a conhece vários sentimentos e reações: da compaixão a raiva. Ela não nos permite sermos indiferentes e acredito que é esse o seu diferencial.

           Estamos diante de uma pessoa que não ficou isolada da sociedade por anos consecutivos em manicômio, mas que, infelizmente, foi institucionalizada pelo sistema. Lutar pela mudança desse paradigma da desinstitucionalização requer atitude dos componentes deste sistema que o acolhe no momento: NÓS, TODA A SOCIEDADE.

          Ele é capaz de denunciar a sociedade contemporânea toda, nos provocar a recriar NOSSA REFORMA PSIQUIÁTRICA.

Como cuidar dele?

Como lidar com as emoções que ele mobiliza?

Como propiciar um espaço que ele sinta pertencer e ser responsável?

Não temos respostas; precisamos precipitar esse debate.

Enquanto isso: Pode ser que estar ao lado e disponível sejam algo relevante o suficiente para o momento.

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