As competências centrais na trajetória de um líder

São muitos os caminhos que levam à liderança. Ao longo de uma carreira – independentemente do grau hierárquico que ocupam em uma organização –, profissionais podem se destacar pelo seu conhecimento técnico ou por um conjunto de habilidades sociais pelas quais são capazes de engajar e motivar colegas para a conquista dos objetivos conjuntos de uma empresa. No melhor dos mundos, têm sucesso em combinar essas duas vertentes dentro de um contexto de mercado em que, como veremos, companhias procuram, cada vez mais, por uma soma de competências múltiplas em seu grupo de talentos.

Já reforço que ser líder – sobretudo dentro do ambiente econômico plural e dinâmico dos dias atuais – não está necessariamente ligado a uma escalada vertical em uma corporação de grande porte. Do mesmo modo, já destaco que a liderança pode se construir a partir de diferentes vias.

Nesse sentido, há líderes conduzindo pequenos e grandes negócios, guiando projetos de impacto social, ganhando voz no debate público ou alcançando a plenitude de suas carreiras em postos de projetos voluntários. Nesse contexto, o importante é que cada um encontre objetivos profissionais motivadores, sempre pautados por um compromisso ético e de respeito às pessoas.

Feita essa observação, para aqueles que sonham em trilhar uma carreira de liderança, o primeiro passo, na minha visão, é buscar entender, justamente, a dinâmica socioeconômica atual e quais as demandas de competência mais requisitadas dentro das corporações que, como sabemos, são bastante competitivas e representam desafios de formação a todos.  

Construindo uma jornada de conquistas

Em minha própria trajetória, sempre tive em mente a importância de combinar direcionamento com ações para fomentar o autodesenvolvimento de pessoas – tanto em uma perspectiva mais ampla, de mudanças culturais nas organizações, quanto no acompanhamento pessoal da evolução de colaboradores. Eu me dedico à formação do meu time, de novos líderes e os estimulo a gerenciar suas próprias carreiras.

Por isso, acredito que o foco, combinado a resiliência, capacidade de automotivação e a abertura para novos aprendizados de forma contínua são alguns dos atributos principais para quem deseja atingir suas metas de carreira de curto, médio e longo prazo. Isso, novamente, vale tanto para atuais e futuros executivos, como para empreendedores e lideranças que, não necessariamente, atuam no mercado corporativo.  

Naturalmente, em paralelo às habilidades psicossociais, há também todo um conjunto de habilidades técnicas que vamos desenvolvendo e aprimorando ao longo da carreira e por meio de novas formações (acadêmicas, de educação corporativa ou do próprio impulso autodidata para constantemente ampliarmos nosso escopo de saberes). 

Soft x Hard Skills: as competências mais buscadas no mercado contemporâneo

Quando olhamos para algumas pesquisas de mercado, é interessante observar que essa perspectiva técnica e comportamental, de fato, se combina nos processos de busca por profissionais. 

Sobre esse ponto, no ótimo estudo 2021 Global Career Impact Survey da Emeritus, é possível chegar a três conclusões importantes:

● As habilidades digitais, dentro de um ambiente econômico que vive uma verdadeira corrida tecnológica, estão entre os skills mais buscados nas organizações e envolvem desde questões como o entendimento de processos de inteligência artificial até a própria liderança em projetos de transformação digital;

● Habilidades técnicas, relacionadas à gestão, continuam sendo um pilar fundamental, incluindo pontos como visão estratégica, habilidade gerenciais, desenvolvimento de produto e análise de insights do ambiente de consumo;

● Finalmente, o conjunto de competências sociais e comportamentais (soft skills) são a bola da vez do mercado. Questões como a capacidade de liderança, pensamento crítico e resolução de problemas, aliás, chegam a ser ainda mais desejadas em determinados contextos, cumprindo a máxima do executivo, palestrante e empreendedor alemão Peter Schutz: "contrate o caráter, treine as habilidades".  

Ainda sobre os soft skills, uma pesquisa divulgada esse ano pela ZipRecruiter listou também as capacidades de comunicação, gestão de tempo, independência, flexibilidade e pensamento analítico como os motores para o sucesso que despertam o interesse nas organizações por novos talentos.  

O papel da área de Gestão de Pessoas no desenvolvimento autodirigido de colaboradores 

É importante ainda termos em mente que, tanto no plano da formação de novas lideranças como no próprio desenvolvimento de colaboradores, as companhias exercem um papel decisivo por meio dos seus núcleos de Gestão de Pessoas. Esse desafio se impõe em virtude, principalmente, das transformações disruptivas que não cessam no mercado e que exigem um trabalho contínuo de expansão/reforço/adaptação de competências.

Entendo, por fim, que esse processo se dá por duas vias centrais: através da criação estruturada e investimentos em educação corporativa que, em ato contínuo, irá apoiar as empresas a formar equipes mais eficientes e prontas a lidar com os desafios do presente e do futuro; mas também por meio do estímulo ao aprendizado autodirigido dos colaboradores que, afinal de contas, são os principais interessados no desenvolvimento e no sucesso de suas carreiras.

E essa perspectiva traz frutos, inclusive, para fidelização de colaboradores – um paradigma complexo do mercado atual em tempos da Grande Renúncia – conforme já atestou uma pesquisa do LinkedIn que constatou, dentre outros dados, que 94% dos colaboradores tem interesse em permanecer em empresas que investem no seu desenvolvimento.  

E esse raciocínio parece claro, afinal de contas, seja qual for nossa jornada de liderança, quem de nós não sonha em trilhar uma carreira bem-sucedida e, sobretudo, em plena consonância com nossos ideais e valores?