Comprar uma ação no pico e vender no vale?
Todos nós sabemos que o mercado de capitais é volátil e imprevisível. Ninguém sabe se um ativo vai subir ou descer. E se acontece, os motivos são muitas vezes aleatórios e reativos. Investidores tomam suas decisões de comprar ou vender ao sabor dos boatos e fatos. Há uma grande contradição entre a análise funndamentalista e a análise técnica ou gráfica.
Sou partidário da análise chamada tecno-fundamentalista, que mescla a análise dos fundamentos da empresa com o timing de entrada que nos dá a análise gráfica. Acredito que um investidor responsável deve antes de entrar num negócio, qualquer que seja ele, verificar os fundamentos econômico-financeiros que farão com que ele tome a decisão de investimento adequada.
Somos bombardeados todos dias, em sites de noticias, bancos e corretoras com as já lugar comum recomendações de ações para "compre agora", "carteira para esta semana" ou "ações com alta projeção de crescimento" e por ai vai. Entretanto, empresas, como governos e pessoas físicas, passam por dificuldades momentâneas e suas decisões racionais permitem um vislumbre de contornar ou sair daquela crise em que se meteram.
A maioria das recomendações de analistas leva em conta os fundamentos das empresas. Porém, quando recomendam compra, o ativo já está no topo, muito caro. Já ouvi muitos amigos me questionarem porque o papel caiu após eles aceitarem as recomendações.
Quando os papéis estão no vale, altamente depreciados, ninguém se arisca a comprar, pois a empresa encontra-se com problemas e os analistas não recomendam compra. Muitas vezes problemas criados pelos os mesmos que recomendaram o ativo.
Ai eu me questiono: quando realmente devo comprar este papel? Se está barato, não devo comprar porque a empresa está com problemas. Quando está a topo vapor, ficou cara demais. O quê fazer?
Me volto as qualidades do meu guru Warret Buffet. Quem investe em valor, analisa o histórico da empresa e sua capacidade de se reinventar em vários momentos do seu segmento de negócios. É um investidor de longo prazo. Se o Brasil está em crise, e esta não é a primeira e nem será a última, quais empresas tem seu histórico de passar pelas crises sem se abalar? Acompanho preços de ativos desabarem ao longo do ano só porque alguns "iluminados" estão prevendo que os lucros da empresa "a" ou "b" vão cair ao longo do ano fiscal. E ai?
Não é um grande negócio a longo prazo? Como pode o Itaú apresentar o maior lucro trimestral da história dos bancos e suas ações cairem porque a inadimplência aumentou. É claro que a inadimplência iria aumentar, estamos em crise e a empresa já mostrou várias vezes que o tempo cura tudo. É um organização muito bem administrada. Não caia nos movimentos de fluxo, o já conhecido sobe e desce da bolsa.
Quando você for comprar uma ação, compre somente no vale, depois que ela tenha caído bastante. Analise se a empresa tem condições de sair desta situação, verifique os fundamentos e então decida: compre. Lá na frente, quando todos estiverem falando que agora vale a pena comprar aquele ativo, você estará surfando na valorização de uma carteira formada bem antes e poderá realizar no topo.