A Conexão Entre Natureza e Arquitetura no Brasil
Nos últimos anos, o design biofílico tem transformado a maneira como projetamos espaços urbanos, especialmente em ambientes de varejo. Essa abordagem não só integra a natureza aos espaços construídos, mas também gera uma experiência emocional e sensorial única para os visitantes.
No Brasil, onde a abundância de recursos naturais oferece uma base rica para a aplicação desse conceito, vemos surgir projetos que impressionam pela complexidade e beleza, explorando materiais e elementos locais de forma sustentável e inovadora.
1. A Base Sustentável: O Valor dos Materiais Naturais e Locais
O design biofílico visa reduzir o impacto ambiental utilizando materiais naturais que conectam o usuário ao ambiente, como madeira de reflorestamento, pedras locais e fibras naturais. Isso não apenas minimiza a pegada ecológica da construção, mas também cria uma ponte entre o espaço e o contexto onde ele está inserido. Por exemplo, o uso de madeira de reflorestamento, como a teca e o eucalipto, combina estética e durabilidade, trazendo a sensação de acolhimento e aquecimento ao ambiente.
No Brasil, temos ainda pedras exuberantes, como o quartzito e a pedra São Tomé, conhecidas por sua resistência e por suas variações naturais de cor e textura. Essas pedras, quando aplicadas em espaços de varejo, criam uma estética sofisticada e atemporal, conferindo ao ambiente um toque de elegância e rusticidade que desperta o interesse e a surpresa dos visitantes.
2. Integração de Áreas Verdes em Espaços Comerciais: Conexão e Bem-estar
Um dos conceitos centrais do design biofílico é a integração de áreas verdes nos ambientes internos e externos. Isso pode ser feito por meio de jardins verticais, coberturas verdes ou até pequenos pátios internos que permitem a entrada de luz natural e promovem ventilação cruzada. Esses espaços não apenas criam um microclima agradável, mas também têm efeitos comprovados na melhoria do bem-estar dos visitantes, aumentando o tempo de permanência e a probabilidade de retorno ao espaço.
Projetos como o do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, exemplificam essa tendência ao integrar grandes áreas verdes em um ambiente urbano e sofisticado. Em vez de corredores fechados, o shopping utiliza vegetação para criar áreas de convivência que se assemelham a pequenos parques, onde o som da água e o aroma das plantas proporcionam um respiro do caos urbano.
3. Surpresas Naturais: Espelhos d'Água e Instalações de Água
Outro elemento de destaque no design biofílico é a presença de água, que evoca sensações de calma e relaxamento. Em espaços de varejo, espelhos d’água e fontes podem ser empregados para dividir ambientes, criando uma experiência visual única. No Brasil, a instalação de espelhos d’água com plantas aquáticas locais, como o aguapé e a vitória-régia, transforma um simples elemento decorativo em uma peça de valor estético e ambiental, promovendo o bioma local e atraindo a atenção dos visitantes.
O exemplo do Mercado Municipal de Curitiba é emblemático: com a renovação de seu design, a inclusão de espelhos d’água e de fontes com quedas suaves cria uma atmosfera de tranquilidade e beleza natural, envolta por texturas rústicas e tons naturais. Esse tipo de recurso, embora não seja uma novidade, ganha novos contornos ao ser usado em projetos biofílicos, tornando-se uma surpresa visual que intensifica a experiência de compra.
4. Luz Natural e a Arquitetura dos Elementos Biofílicos
A luz natural é um elemento fundamental no design biofílico e pode ser incorporada de maneiras criativas em espaços comerciais. Além de reduzir o consumo de energia, a entrada de luz natural realça as texturas dos materiais e cria um jogo de sombras e reflexos que dá vida ao ambiente. Elementos como claraboias, paredes de vidro e tetos retráteis podem transformar a experiência do cliente, tornando o espaço mais acolhedor e agradável.
Um exemplo é o projeto do Sesc 24 de Maio, em São Paulo, onde claraboias de grandes dimensões permitem que a luz solar penetre nas áreas de convivência, reforçando a relação entre o edifício e o meio externo. Esse uso inteligente de iluminação natural não só aumenta a eficiência energética, mas também enriquece a estética do espaço, destacando os materiais naturais e as texturas aplicadas no projeto.
Recomendados pelo LinkedIn
5. Complexidade e Beleza na Aplicação das Fibras Naturais
O uso de fibras naturais no design de interiores é uma tendência que traz o artesanato local para os espaços de varejo, promovendo a economia local e a valorização cultural. Materiais como o bambu, o cipó e a palha são versáteis e podem ser aplicados de maneira complexa, criando estruturas visuais impressionantes. Um exemplo surpreendente são as paredes e divisórias feitas de tramas de bambu, que não só conferem um toque artesanal e exclusivo ao ambiente, mas também geram um jogo de luz e sombra ao serem retroiluminadas.
A marca de moda Farm, no Rio de Janeiro, utiliza estruturas de bambu e palha trançada em suas lojas, compondo um ambiente que reflete a brasilidade e a sustentabilidade. As tramas dessas fibras se tornam verdadeiras obras de arte, criando um visual marcante que atrai os visitantes pela complexidade e beleza inesperada dos materiais naturais.
6. Plantas Nativas: Uma Homenagem ao Bioma Local
A escolha de plantas nativas também é um elemento chave no design biofílico, que busca conectar o usuário ao bioma local. No Brasil, o uso de espécies como o ipê, a bromélia e o pau-brasil promove uma estética autêntica e contribui para a conservação da flora nativa. Em espaços de varejo, essas plantas podem ser integradas em pequenos jardins internos, varandas ou áreas de descanso, criando uma estética brasileira genuína que encanta os clientes.
Exemplo disso é a loja da Natura, na Avenida Paulista, onde a vegetação nativa foi inserida em todo o ambiente, desde o teto até as paredes. As plantas foram cuidadosamente escolhidas para se adaptarem ao ambiente interno, formando um verdadeiro oásis urbano e proporcionando uma experiência sensorial que conecta o cliente à natureza e à biodiversidade brasileira.
7. Desafios e Oportunidades para o Futuro do Design Biofílico no Brasil
Embora o design biofílico traga inúmeros benefícios, ele ainda enfrenta desafios, especialmente em relação ao custo e à manutenção dos materiais naturais. No entanto, com o avanço da tecnologia e o aumento da conscientização ambiental, novas soluções estão surgindo para tornar essa prática mais acessível e durável.
À medida que mais marcas e empresas investem em design biofílico, observamos um movimento que valoriza a sustentabilidade, a economia local e o bem-estar. Esses projetos não apenas surpreendem pela beleza e complexidade, mas também inspiram uma nova relação entre as pessoas e o espaço construído, criando experiências de compra verdadeiramente memoráveis.
O design biofílico no varejo brasileiro se destaca por sua capacidade de surpreender e envolver os visitantes de maneira única.
Com o uso de materiais naturais e locais, integração de áreas verdes e elementos aquáticos, e o aproveitamento da luz natural, esses projetos criam uma conexão genuína entre o espaço e o ambiente natural ao seu redor.
É uma tendência que não só valoriza a estética e a funcionalidade, mas também promove uma nova forma de interação e respeito pela natureza em um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira.
Tenha a Soul Retail Arquitetura e Estratégia como sua parceira estratégica em projetos sustentáveis. Do Conceito à Implantação.