Se eles podem, nós também podemos!
Antes de mais nada, eu gostaria de pedir desculpas se houver algum erro de português. Afinal, minhas paixões são números, tecnologia e business.
Hoje vim falar um pouco sobre algo que está no meu DNA e na minha pele. E que só gritou mais forte depois de um evento que participei no último sábado, dia 10. Esse evento se chama Conferência Juntos.
A Conferência Juntos foi um evento realizada pela McKinsey&Company e apoiada por empresas como Bloomberg, Facebook, Itaú, J. P. Morgan, Ambev, Bristol, C&A, Goldman Sachs, Google, Mattos Filho, Aegea, Talento Total, Empondera e Empregueafro.
A ideia era juntar diversas pessoas, referências em suas áreas e, também, com 400 jovens talentos negros para falar sobre esse tema, que para alguns é polêmico e, para outros, não simplesmente é um dever. Somos 54% da população brasileira, mas que ocupa menos de 5% no quadro de executivos das maiores empresas do Brasil.
Falta representatividade.
E quando logo no primeiro quadro, eu vi nomes como José Berenger, Denis Caldeira, Claudia Politanski, Vijay Gosula, falando sobre a mudança de mentalidade sobre diversidade racial nas empresas, me fez ver que realmente esse olhar não é apenas de, nós negros e, sim, de pessoas também consideradas não negras que, do topo, enxergam que muitas vezes nós não conseguimos chegar. E, não por capacidade, mas sim por vieses inconscientes ou conscientes, que acabam nos cortando de oportunidades que, muitas vezes, pelas capacidades nós podemos exercer e acabamos não exercendo.
No segundo quadro falaram Rachel Maia, Maurício Rodrigues, Roberta Anchieta, Samantha Almeida, Patrícia Santos e Thiago Vinhal. Como foi especial ver Rachel falando, até porque muitas pessoas esperavam pela presença dessa mulher que eu só tinha ouvido entrevistas e a trajetória dela me encanta. Conhecer o triatleta Thiago Vinhal que roubou a cena com a sua irreverência e com uma frase falando que a vida é AGORA. Mas o que me marcou foi Roberta Anchieta, pois ela falou que “não importam as oportunidades você vai ter as mesmas dores se você for negro”. Ela contou um episódio que eu tive que lidar isso como irmão mais velho: quando ela tinha vergonha do seu cabelo, pelo o que as crianças diziam para ela, e eu passei recentemente, agora em 2018, porque minha irmã de seis anos queria mudar o cabelo e eu perguntando o porquê, e ela, com seis anos, me falar que as amigas delas dizem que o cabelo é duro, Bombril e é feio. Mas enfim, vamos continuar com o evento.
Sessões de tópicos especiais foram divididas em três salas com opções como: empreendedorismo; dicas para um desempenho de sucesso nos processos seletivos; empoderamento de grupos negros dentro da empresa. E, mesmo eu gostando muito de empreendedorismo, precisando de dicas de desempenho, optei pelo empoderamento.
E que painel, cara! André Nunes, Fábio de Oliveira, Natalia Souza, Mellanie Moura, Gilberto Costa e Thomaz Galvão contando como foi a criação de cada grupo voltando à diversidade negra, não deixando de lado os outros grupos, mostrando o trabalho e o quanto cada um faz desse tema uma luta diária. E, claro, contando histórias de como chegaram até esses grupos e, muitas vezes, idealizados por pessoas não negras.
Na sequência veio outro painel com Frederico Tinoco, Theo van der Loo, Sil Bahia, Vicente Assis e Gem McCreary. Ver um norte-americano lutando pela diversidade aqui no Brasil e na América Latina foi sensacional, pois, muitas vezes, nós negros daqui não temos força. Mas o que mais me marcou foi o Theo falando de um texto que publicou aqui mesmo no LinkedIn, falando sobre alguém que disse que não entrevistava negros, e ele achou isso um absurdo. Ele poderia não estar aqui no Brasil lutando por tantas coisas, mas está.
No último quadro veio a Glória Maria, com todo o carisma que eu só tinha visto na TV e pessoalmente foi sensacional, trouxe algo que ela viveu depois de viajar todo o mundo. Ela disse que “ o pré-conceito no Brasil é o pior”. Mas mesmo assim ela lutou, continuou e contrariou as estatísticas. Isso só me deu mais força para contrariar o que os outros acham e continuar fazendo o que estou fazendo: lutar, buscar conhecimento e ir atrás dos meus objetivos.
Desculpe se esqueci de algo, afinal são as coisas que mais me marcaram. Se mais alguém que estava no evento quiser adicionar algum comentário abaixo fique à vontade.
Vou terminar com duas frases uma de uma música “E agora?” do rapper Emicida e outra do Mario Sergio Cortella que, depois de conversar e ver tanta gente buscando o seu lugar na mesa me fez lembrar:
“Cansei de só os ternos serem pretos nos lugares chiques” – Emicida.
“Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!” – Mario Sergio Cortella.
C-Level Executive Assistant| Secretary | Women Leadership | Business Management | D&I | Events Management |
4 aEu lendo o teu texto fiquei muito impactada. Imagino como dever ter sido presencialmente. Parabéns!!!
AI & New Technologies Expert | Black Woman in Tech | Speaker | Mentor | Consumer Insights | Strategy & Operations | Digital Transformation
6 aFoi realmente uma experiência incrível!
Sócia e fundadora na youD agência | Marketing B2B
6 aQue texto! Que experiência incrível! Eu não faço a mínima ideia do quão difícil é para você, tu sabe. Sou branca. Não passei por preconceito. Não fui rotulada na sociedade e não fui excluída. E toda desigualdade que existe em torno disso é por puro preconceito e me incomoda. Convenhamos, não deveria ser a cor da pele que definiria até onde se pode chegar... E o mundo consegue ser um lugar terrível para quem já se sentiu excluído por ele. No entanto ver de você esse posicionamento e que existe essa força que impulsiona você a sempre ir mais longe, sabendo da pessoa incrível e do profissional exemplar que você é, me prova que tudo vai mudar... E o que hoje fazemos vai refletir na vida de nossos netos, bisnetos. Você será lembrado assim como tantos que você mencionou, por ir de encontro e provar que não é por preconceito e ignorância que você não vai viver teus sonhos!
SR Accounting Analyst
6 aParabéns pelo relato e posicionamento, você vai ter sucesso Felipe, abs!
Talent Acquisition | Diversity and Inclusion (DEI) | HR | Speaker | Mentor
6 aFicamos muito felizes em saber que você gostou do evento e que foi marcante para você, Felipe! Esperamos continuar contribuindo para que cada vez mais pessoas como nós tenham espaço no mercado de trabalho. Muito obrigada pela presença e pelo feedback.