Conheça um pouco mais sobre as Quinolinas e as irmãs Quinina, Cloroquina e Hidroxicloroquina
As quinolinas são, na verdade, uma família de compostos orgânicos heterocíclicos aromáticos, caracterizada por uma estrutura de anel duplo composta por um benzeno e um anel de piridina fundidos em dois átomos de carbono adjacentes. O membro mais simples da família é a quinoleína. A quinoleína é usada principalmente para a fabricação de ácido nicotínico, produto básico para alguns fármacos. Originalmente, este composto se encontra no alcatrão obtido a partir do carvão – na também chamada química do carvão ou, mais popularmente, chamado por carboquímica. Devido ao uso extraordinário das quinolinas, elas passaram a ser não mais separadas, mas sintetizadas a partir de compostos derivados do petróleo. É destacada a sua importância na farmacêutica.
Na Carboquímica, a Quinoleína é um reagente usado para caracterizar o piche, o mais importante derivado do alcatrão e precursor de materiais nobres, tais como a fibra de carbono, o carbono grafítico e o grafeno. São produtos da 4ª. Onda, materiais leves, resistentes, flexíveis e com propriedades químicas de interesse para o futuro da Humanidade.
Na farmacêutica, alguns compostos orgânicos alcalinos produzidos em plantas, também chamados por alcalóides, são produtos pertencentes à família das Quinolinas. Dentre outras, são elas: a quinina, o quinino, o cloridrato de dibucaína, a cloroquina e a hidroxicloroquina. A partir destes alcalóides, obteve-se também a estricnina e a cianina, esta última conhecida como um dos principais corantes desta linha de produtos.
A descoberta da quinina pelo Ocidente data do final do século XVI e início do século XVII, durante a conquista do Império Inca pelos espanhóis na região do Peru e foi revolucionária. Nessa época, os invasores espanhóis tomaram conhecimento de uma árvore usada pelos índios para curar febre. Uma lenda espanhola diz que um soldado, sofrendo de um acesso de malária no meio da selva, bebeu a água amarronzada de uma pequena lagoa onde cascas de árvores de chinchona haviam caído. Ele então foi dormir, e quando acordou sua febre havia desaparecido. O soldado concluiu que a água foi responsável pela cura e que ela era um tipo de "chá" feito do tronco e casca das árvores embebidos na água. Maravilhado, ele espalhou a notícia. Outra lenda conta que os índios observavam que animais doentes bebiam água nas lagoas onde árvores de quinina se encontravam. A estrutura da quinina encontra-se abaixo.
Dos produtos mais conhecidos, dentre os derivados da quinina, é o quinino. Trata-se de um alcalóide de propriedades medicinais. Quimicamente, trata-se do sulfato de quinina. O produto, desde a sua descoberta, criou demandas por uso. Afinal, a malária era uma doença que atingia boa parte da população mundial, tendo sido responsável pelas mortes, dentre muitos outros, de São Malaquias e Dante Alighieri. Entretanto, o produto natural era monopólio da coroa espanhola – o que incentivou pesquisadores ao desenvolvimento da produção sintetizada – o que até hoje é um mistério a ser desvendado.
Como não se conseguia a produção da quinina sintetizada, sendo possível somente a sua separação, passou-se a estudar outros produtos. Dentre estas, encontra-se a Cloroquina, cuja estrutura química está mostrada ao lado. Esta foi sintetizada em 1934 pelo químico Hans Andersag da Bayer Chemicals. A sua descoberta foi comemorada, porém a avaliação inicial da droga levou à classificação como tóxica demais para uso humano. Mais tarde, isso foi reconsiderado e seu uso foi muito importante nas campanhas de batalhas da Segunda Guerra Mundial.
Um primo próximo da Cloroquina é a hidroxicloroquina, sintetizada na década de 50, contendo um OH extra no final da cadeia. Ambos os produtos são muito tóxicos, capazes de reações extremas ao ser humano, desde a depressão até a morte, passando por efeitos negativos aos olhos e aos rins. E, por esta razão, os procedimentos para uso destes compostos devem ser cuidadosos e os pacientes precisam ser monitorados.
As informações da linha de frente do atendimento à pandemia global do coronavirus informam sobre o sucesso do uso destas drogas para controlar os efeitos do virus – mas ainda tudo é motivo de estudo. A grande dúvida é saber se a quinina ou outro derivado com a toxicidade menor possam inserir algum benefício para o tratamento da doença. É uma linha de pesquisa bastante interessante e que deve estar sendo desenvolvida por agora.
Neste momento que toda a humanidade retoma o uso de um medicamento do século passado, esperemos que os avanços da ciência levem à descoberta de um produto menos tóxico e mais eficiente no tratamento deste COVID que mudou as nossas vidas e tem sido o terror de profissionais da saúde, gestores públicos e população em geral.
Fusing Academic Rigor with Sustainable Solutions
4 aMuito bom, prof. Sendim!
Especialista em vendas Especiais na Companhia Siderúrgica do Pecém - CSP
4 aCaro Sendim Parabéns pelos esclarecimentos Verdadeira aula de quem conhece Forte abraço
Engenheiro Metalurgico
4 aSendim , excelente! Parabéns pelo texto!
VP Global Operational Excellence at R. STAHL Group - Actual Interim Plant MD at R. Stahl Scandinavia - Oslo - Norway
4 aObrigado por compartilhar Professor Sendim.
Supervisor de manutenção Industrial - E2G
4 aProfessor Sendim, como sempre, excelente texto.