Conhecimento, uma estratégia prática para promover a Igualdade de Gênero
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Lembra do meu texto, sobre o que considero boas práticas?
Quando se trata de igualdade de gênero, acredito que é necessário um trabalho profundo de gestão de cultura. Melhor maneira para mobilizar as pessoas em direção à uma mentalidade emocional e cognitiva que considera mulheres e homens como seres humanos com os mesmos direitos e deveres.
Por esta razão considero que boas práticas para realizar este trabalho passam pela,
realização de um diagnóstico de contexto e representatividade numérica, entre outros,
disponibilização de letramento,
e, promoção do autoconhecimento.
Eu, particularmente, gosto de iniciar este processo com uma pesquisa quantitativa para avaliar os comportamentos das pessoas colaboradoras. Nada contra um início com uma pesquisa para avaliar o panorama da representatividade numérica seguido de letramento. Muito pelo contrário, é uma boa maneira de despertar o entendimento sobre a necessidade de aprofundar o tema.
Fiquei bem feliz de ser uma das especialistas em relações de gênero convidada pela SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) para fazer parte do projeto Mulheres na Oncologia.
É importante saber que, de acordo com o censo conduzido pelo Instituto Datafolha em 2023, a especialidade alcançou a paridade de gênero, com as mulheres representando 50% das pessoas profissionais nesta área.
O projeto Mulheres na Oncologia foi lançado oficialmente no XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica. Em 2023 mapearam a representatividade das mulheres e a percepção de mercado com uma pesquisa utilizando o questionário de referência internacional criado pela European Society for Medical Oncology (ESMO). Os resultados foram apresentados no Esmo Summit Latin America 2024, em março na cidade de São Paulo.
Apurou-se nesta pesquisa que 1 em cada 2 mulheres tem a percepção de ter tido menos oportunidades profissionais. Entre os homens, essa proporção cai para 1 em cada 10 entrevistados. No que diz respeito aos cargos de gerência ou liderança, 38% dos homens entrevistados disseram ocupar estes cargos, contra 19% das mulheres. Em relação à remuneração, 40% das mulheres afirmam que seu gênero teve alguma influência na definição de seus salários, no que diz respeito aos homens, essa percepção cai para 5%.
Estes resultados suscitaram a vontade de trazer conhecimento sobre o tema para membras e membros da SBOC. Quatro temas foram identificados para a organização de conversas no formato live. Nestas os temas abordados são Assédio, Maternidade, Diferença Salarial e Síndrome da impostora.
Conhecimento cria oportunidade
Na live com o tema da Diferença Salarial tive a oportunidade de ser acolhida pela Dra. Angélica Nogueira, diretora eleita do SBOC, e pude trazer as raízes deste contexto. É muito importante conhecer as causas para desenhar soluções. A legislação é insuficiente para que alcancemos o mesmo reconhecimento, tanto na questão salarial quanto para assumir posições de liderança.
Dentre os temas que abordamos, enfatizei a necessidade de valorizarmos os atributos do feminino e aprender que eles pertencem tanto ao homem quanto à mulher. Apesar dos atributos serem características que desenvolvemos, nossa educação binária, perpetua a crença de que os atributos se dividem entre masculino e feminino. Os masculinos sendo associados aos homens são considerados superiores aos atributos femininos, cuja crença popular diz pertencerem às mulheres.
Os atributos masculinos relacionadas com racionalidade e capacidade de direcionar, como assertividade, firmeza, ambição, dominação, independência, ousadia, autoconfiança, competitividade e individualismo são fortemente valorizados nos cargos de liderança. Enquanto os comportamentos voltados para o tratamento humano, que se caracterizam pela cooperação, receptividade, emocionalidade, sensibilidade e empatia, ainda são pouco valorizados no mercado de trabalho. Por isto, as mulheres são discriminadas. As pessoas ainda constroem os estereótipos da alta liderança de qualidade fazendo a associação dessas características do masculino a estes cargos. Estas crenças inconscientes constroem vieses que privilegiam a visualização dos homens em cargos de liderança e nas profissões que exigem maior racionalidade. As mulheres são consideradas afetuosas, carinhosas, prestativas, gentis, simpáticas, bondosas, afáveis, delicadas e moderadas na fala, características pouco associadas à liderança eficaz.
Esta visão de mundo nos faz acreditar que, tanto as mulheres, quanto os trabalhos relacionados ao cuidado valem menos. Afinal, na revolução industrial se definiu o trabalho remunerado como aquele exercido pelo homem provedor nas organizações. O trabalho doméstico e o cuidado com a família, sem remuneração, foi atribuído à mulher.
Há séculos isto é passado de geração em geração. De forma inconsciente se tornou uma crença que limita o desenvolvimento das mulheres e o olhar que temos para aquelas que conseguem furar a bolha.
Precisamos mudar esta hierarquia entre os atributos. As características ditas do feminino precisam ser tão valorizadas quanto as do masculino. Além disto, ambos fazem parte das características que mulheres e homens podem desenvolver. Afinal, isto é comportamento, não é DNA biológico.
Estes atributos são comportamentos aprendidos e são o resultado da interação do indivíduo com o meio. Esta interação cria experiências que se registram na memória e contribuem para o aperfeiçoamento dos desempenhos subsequentes.
Não vou me alongar mais, as lives deste projeto financiado pela SBOC, com o acordo das especialistas contratadas, estão disponíveis no youtube. Convido você para passar uma hora com a gente, vendo, ouvindo e compartilhando suas impressões e experiências.
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Letramento inspira e cria demanda
Quando trazemos conhecimento de forma inspiradora podemos despertar nas pessoas a vontade de se aprofundar para expandir a consciência e tomar decisões conscientes. Decisões que dizem respeito à participação, ou não, na manutenção do sexismo no mercado de trabalho. Ou melhor, sair da apatia e se tornar uma pessoa que atua em prol da igualdade de gênero.
Senti-me realizada com a fala final da Dra. Daniela Rosa e Dra. Angelica Nogueira reconhecendo a mentoria para mulheres como um próximo passo importante a ser adotado.
No meu artigo “Os desafios sistêmicos dos vieses de gênero” publicado na edição de maio de 2024 da revista GVExecutivo trago em minhas conclusões:
“As mulheres consultadas nesta pesquisa, em certo grau, aceitam o ônus, validando a crença de que tudo é questão de mérito e de superação individual, em vez de um problema que demanda uma solução coletiva para se promover um novo contexto social. Fica evidente que, além de trabalhar com todas as pessoas colaboradoras em uma organização para capacitá-las sobre os vieses implícitos, rodas de conversas, exclusivamente entre mulheres, são necessárias para que elas possam adquirir conhecimento sobre os estereótipos, percebendo que não se trata de um problema individual. Assim, elas podem tomar consciência da necessidade de se unirem, em vez de se dividirem e agirem individualmente.”
Há mais de 5 anos trabalho com mulheres em mentoria individual e com o programa Viva sua Voz concebido para ressignificar as crenças do “machismo”, criando espaço para as mulheres ampliarem sua visão de mundo, construir sua trilha e desenvolver estratégias para vivê-la. Este programa também foi a inspiração para o meu livro “Vamos voar juntas?”.
É fundamental que os homens se associem a nós mulheres neste trabalho de evolução cultural. E, acredito que as mulheres são peça fundamental, por isto é essencial que adquiram conhecimento sobre o machismo estrutural para desenvolverem sororidade e criarem estratégias mais eficazes para realizarem seus sonhos e contribuírem com novos comportamentos em seu entorno.
👉 Espero que este texto seja motivador e inspire você a se conectar com a nossa live.
Ficarei bem feliz em contribuir com você! Vamos conversar? ❤️
Até breve!
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Sou Vera Regina Meinhard, amo conectar pessoas para promover a consciência sobre a importância da inclusão da diversidade no alcance do sucesso sustentável, em especial a igualdade de gênero. Mestra em Sustentabilidade & Governança, sou criativa, inovadora, realizadora de sonhos e mãe da Saskia.
Meu propósito é contribuir com o desenvolvimento das pessoas. Após 25 anos como executiva do Groupe Renault France, desde 2013, por meio de diferentes abordagens, coloco-me integralmente à disposição deste propósito atuando na sociedade como escritora e empreendedora para trazer soluções em desenvolvimento humano: Consultoria em Gestão de Cultura Organizacional voltada para ESG e Inclusão da Diversidade, Facilitação de workshops, Mentoria Individual e Coletiva, Palestras, Treinamentos e Coaching.
Livro: Vamos voar juntas?
Artigos acadêmicos:
Representatividade das mulheres na hierarquia de empresas: estudo de caso com base no women’s empowerment principles (2020)
Gerente de projetos | Inovação em saúde
5 mFoi ótimo contar com você, Vera!!