CONSELHO CONSULTIVO DE ALTO IMPACTO.
Em artigo publicado anteriormente (FINANÇAS PARA CONSELHOS – INTRODUÇÃO AO QUE É BÁSICO (OU DEVERIA SER), abordei a questão do mundo em constante mudança (VUCA/BANI). Finalizei o artigo dizendo que - Perguntar sobre como os resultados aconteceram já não é suficiente. Perguntar sobre como os resultados futuros acontecerão em um mundo BANI, contribuindo na forma de pensar diferente é o papel de gerador de resultados esperado dos conselhos.
Nesse artigo, volto a abordar o tema para destacar como um conselho que quer ser estratégico e de alto impacto, pode iniciar sua trajetória para agir em cenários incertos.
Segundo a Korn Ferry um conselho que se torna um ativo estratégico é aquele que trabalha em equipe, está aberto a desafios, cria ambiente de alta confiança, trabalha com percepções de classe mundial, tem conhecimento profundo sobre as melhores práticas, tem foco implacável no amanhã, é franco nas necessidades de desenvolvimento pessoal e de equipe, acredita na diversidade de pontos de vista e vive os valores da organização.
Além disso, é necessário um mindset adaptado a solução de problemas complexos.
Em 2020, em uma publicação intitulada “Six problem-solving mindsetes for very uncertain times, a Mckinsey & Company afirmou que mesmo os problemas mais inescrutáveis têm soluções ou resultados melhores do que os alcançados até então. Os líderes, e também os conselheiros, que aprendem a adotar uma mentalidade aberta e curiosa e que aderem a um processo sistemático para resolver problemas, estão melhor preparados para atuar em ambientes incertos.
Para isso o autor do artigo da Mckinsey identificou seis abordagens que se reforçam mutuamente:
1. Estar sempre curioso sobre cada elemento de um problema.
Ao se deparar com uma incerteza acentuada, deve-se agir como uma criança curiosa e perguntar a si mesmo: Por que isso acontece? Não se trata de lutar contra a incerteza, mas adotar uma postura de “abraçá-la”.
2. Ter aversão ao perfeccionismo – ter alta tolerância à ambiguidade.
A maioria das boas soluções de problemas envolve muitas tentativas e erros. Uma das chaves para enfrentar situações incertas é ter a humildade para reconhecer que o conhecimento é sempre provisório e incompleto, podendo exigir revisões sempre que novas evidências surgirem.
3. Ter uma visão do mundo “olho de libélula” para ver através de múltiplas lentes.
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O objetivo é ver além dos padrões do que nos é familiar. Ao ampliar a “lente” para uma visão 360 graus, pode-se identificar ameaças e oportunidades para além da visão periférica. O segredo para desenvolver a visão da libélula é “ancorar-se no exterior e não no interior.
4. Experimentar incansavelmente.
Problemas complexos não revelam seus segredos facilmente. Explorar hipóteses e testá-las abraçando o risco é o caminho utilizado pelos solucionadores de problemas.
5. Explorar a inteligência coletiva.
Extremamente necessário aceitar que podem existir conhecimentos e experiências diferentes e mais uteis que os seus, para a solução de problemas específicos. Quanto mais ampla for a base de informações, maior será a probabilidade de conseguir soluções inovadoras e criativas.
6. Praticar a narrativa como gerador de ação.
Mostrar e contar é como se conecta pessoas ao problema a ser solucionado. Após isso, usa-se combinações de lógica e persuasão para obter ação. A estratégia de mostrar e contar visa trazer os tomadores de decisão para um domínio de resolução de problemas que foi criado.
Essas seis abordagens relacionadas acima, compõem o mindset necessário para gerir uma empresa em cenário de extrema incerteza. Também são indispensáveis para um conselho consultivo se tornar um ativo estratégico.
Um mindset flexível, adaptável, explorador, humilde e resiliente é a chave para encarar os desafios do mundo VUCA/BANI.